China quer mais tabaco brasileiro


China quer mais tabaco brasileiro
China quer mais tabaco brasileiro

Quando do anúncio da instalação de empresa formada em sociedade pela estatal chinesa China Tabacos e Alliance One em Venâncio, escrevi que talvez ainda não nos tenha “caído a ficha” sobre a amplitude do negócio e a sua repercussão no futuro bem próximo para o município. Reproduzo abaixo matéria assinada por Chico Santos que saiu no jornal Valor Econômico tratando do assunto.

A China, que já se tornou a maior compradora de tabaco do Brasil (US$ 380 milhões em 2011), prepara o terreno para ampliar ainda mais a parceria com os fornecedores brasileiros. No começo deste mês, a China Tabaco Internacional do Brasil (CTIB), subsidiária da estatal China Tobacco International, assinou contrato com a Alliance One Brasil Exportadora de Tabaco, para criar uma nova empresa voltada exclusivamente para exportar fumo de qualidade superior para o mercado chinês.

 

 China coluna Sergio

Pelo acordo, a Alliance One Brasil, subsidiária da americana Alliance One, uma das maiores empresas mundiais do setor, transfere para a nova empresa seis mil contratos de compra de tabaco com produtores gaúchos de tabaco. A empresa terá 51% do capital controlado pelos chineses e 49% pela própria Alliance One. O valor da operação não foi revelado, e o nome da empresa também ainda não está oficialmente escolhido. Os contratos lhe permitirão exportar 25 mil toneladas de fumo Virgínia por ano para a China.

“Esse é apenas um ponto de partida”, disse ao Valor Alexandre Strohschoen, diretor regional da Alliance One para a América do Sul, ressaltando que a quantidade é quase nada na imensidão do mercado chinês. A China é o maior mercado de cigarros do mundo, com 40% do consumo total, e também o maior produtor de fumo, com 2,2 milhões de toneladas anuais (o Brasil produz cerca de 700 mil toneladas). No ano passado, os chineses importaram 110 mil toneladas do produto, sendo quase a metade (53 mil toneladas) do Brasil.

A intenção dos chineses, de acordo com Strohschoen, é assegurar tabaco de qualidade para atender a demanda da sua crescente e classe média. Daí porque eles vêm ampliando as importações de produto de qualidade superior e exportando seu excedente de fumo de menor qualidade. De acordo com o executivo, as restrições ao consumo de cigarros na China são mais brandas do que no Ocidente, e a marca consumida tem peso no simbolismo de ascensão social.

O mercado chinês de cigarros cresce a um ritmo de 3% a 4% ao ano. A China Tobacco é responsável pelas importações de fumo e sua subsidiária CTIB está presente no mercado brasileiro há cerca de 10 anos.

Segundo Strohschoen, a Alliance One é, ao mesmo tempo, a maior exportadora de fumo para o país asiático e a maior exportadora de fumo chinês para outros mercados. A filial brasileira, com sede em Vanâncio Aires, Rio Grande do Sul, exportou no ano passado US$ 427,4 milhões, equivalentes a 18% das exportações totais do país.

Strohschoen disse que os contratos que serão repassados à nova empresa representam 20% dos 30 mil contratos de fornecimento que a empresa tem no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Pelo contrato, a empresa assegura ao produtor a compra da produção além de fornecer assistência técnica, insumos (em parte dos casos), logística de suprimento e outras facilidades. A empresa criada em parceria com os chineses, de acordo com a Alliance One, deverá gerar inicialmente 250 empregos diretos e faturar R$ 200 milhões por ano.

Por enquanto, os chineses comprarão da nova empresa apenas fumo produzido no Rio Grande do Sul. é que o produto do Paraná e de Santa Catarina ainda não recebeu do governo da China a liberação da barreira sanitária referente a uma praga conhecida como mofo azul, embora, de acordo com Strohschoen, a praga seja considerada inexistente no Brasil.

Para que haja a liberação, técnicos chineses precisam atestar pessoalmente a ausência da praga. Espera-se que no prazo de um ou dois anos a barreira seja retirada dos dois Estados do Sul do país que ainda sofrem a restrição. Na visita da presidente Dilma Rousseff à China (abril do ano passado) as lavouras do Nordeste brasileiro receberam a liberação.

 



Sérgio Luiz Klafke

Sérgio Luiz Klafke

Diretor de Conteúdo e colunista da Folha do Mate

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