
Vestidos de menina, vestidos de mulher. Tecidos e cores? De chita, tecidos nobres, vermelho, cor da paixão, vestido bege com verde… esperança. Todos longos e rodados. Com bordados, fitas de cetim, rendas e flores. Quantos? Os vestidos vão debutar neste ano. Cada um foi testemunha desta história de amor, companheirismo e tradição.
O de cor branca ainda não chegou, mas Micaela Rodrigues Fagundes, 30 anos, não sente falta, porém o pedido de casamento já foi realizado. Pois todas as cores, como a saia laranja com blusa branca que, atualmente, somam-se às demais peças de sua indumentária, contrastam com a pilcha do seu peão, Everton Rafael Ernesto Lopes,30 anos.
Se na pista de danças tradicionais eles se separam para o equilíbrio do grupo, fora dela e no dia a dia a vida os une cada vez mais, com muita parceria, respeito e companheirismo há 15 anos.
Geminianos, ela aniversariante do dia 21 de maio, ele neste domingo, 14, completará 31 anos. Entre a calma de Micaela e o ‘elétrico’ Everton, o casal exibe o par de alianças na mão direita. Eles acreditam no amor e uma linda parceria os une, independe da mão que esta aliança está colocada.

Enquanto conversamos, os olhares do peão e da prenda se cruzam com muita ternura. O sorriso manso de Micaela se completa com o sorriso largo de Everton. é como se o tempo tivesse parado, naquele instante. As mãos se unem, naturalmente, quando lhes peço para registrá-las. Afinal, o dourado das alianças reluz como o brilho de seus olhares. Imagino! A mesma intensidade da primeira troca de olhares.
E, não é que foi mesmo! Nem preciso insistir na pergunta. Everton toma a iniciativa e afirma que foi amor à primeira vista. Recatada, Micaela reafirma. “E foi por este motivo que comecei a dançar.”
A luz do candeeiro, daquela Semana Farroupilha do ano 2000 – em Santa do Livramento – resultou em uma linda centelha, que se mantém acesa na vida de Everton e Micaela. Pois, o sentimento que uniu aqueles dois jovens, de 15 e 16 anos, se fortaleceu na fronteira, se consolidou no meio tradicionalista, e fortalece a cada dia.
Há dez anos, por testemunha, eles têm a Capital do Chimarrão. Para onde Everton veio à procura de emprego. Não tardou e sua prenda, com os pais érico Castro Fagundes e Cirlei Macedo Rodrigues, também veio provar do nosso chimarrão. Aqui a família se estabeleceu, mas, além de novas perspectivas de vida – os corações do peão e da prenda estavam enlaçados.
Everton conta que nasceu no tradicionalismo. O filho de Antônio Carlos Telles e Zeli Silveira Ernesto tem como origem o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Crioulos da Fronteira, de Santa do Livramento (18ª Região Tradicionalista). Aos 7 anos ingressou na invernada artística mirim e só parou, aos 18, durante o período que esteve no exército. Na mesma entidade, Micaela, deu os primeiros passos ao lado do namorado.

Em Venâncio Aires, inicialmente, os jovens ingressaram no Centro de Pesquisas Folclóricas (CPF) Terra de Um Povo. Desde 2011, o casal integra a invernada artística Adulta do CTG Chaleira Preta, da qual Everton é coordenador. Além disso, ele é instrutor da invernada Xirú e Micaela é a coordenadora. No movimento, os dois seguem lado a lado, praticamente todas as noites, após as atividades profissionais.
O ‘sofá’, às quartas-feiras é trocado pelos ensaios de danças de salão, para os concorrentes da entidade que vão participar de concursos na Região. Aos sábados, à tarde, o destino é o CTG Antônio José Severo, em Alto Paredão (5ª RT). Lá o casal sededica à invernada mirim.
Para completar a agenda tradicionalista, ‘ bem juntinhos’, eles serão os instrutores de um curso de danças de salão que a entidade promoverá, a partir do dia 21, sempre aos domingos, com formatura para o dia 5 de setembro.
Neste dia dos Namorados, eles recebem a homenagem da coluna Cultura Gaúcha da Folha do Mate. Em seus nomes, nosso abraço a todos os namorados e eternos enamorados.