
Existem algumas coisas que estão se perdendo hoje em dia. No ônibus, ao conversar com uma professora de Ensino Fundamental, ela me disse que, embora gostasse muito de lecionar, chega um momento na vida em que a profissão cansa, ainda mais quando se percebe que a maioria das crianças não sonha mais com tanta intensidade como anos atrás.
Gesticulando com as mãos, ela me contou que alguns de seus alunos não se preocupam com a carreira profissional, apenas estão na escola, porque dizem ser obrigados a estudar. Parecem não ter um propósito para o futuro.
A partir disto, pensei em algumas coisas. De fato muita coisa mudou de anos atrás para cá, o que é natural. As pessoas parecem viver mais de aparências. Algumas levam uma vida de mau humor. Não sorriem para o mundo, para as outras pessoas. Perdeu-se um pouco a vontade de lutar pelo difícil, porque tudo o que é um pouco mais difícil, muitas pessoas desistem.
Embora muitas coisas tenham mudado, existem outras que permanecem iguais, e acredito que será difícil mudarem. Por exemplo, quando se frequenta uma universidade, muitas pessoas têm a ideia de que encontrarão apenas pessoas preocupadas com o futuro, porque afinal, muitas pagam para estudar. Pensam que encontrarão pessoas bem maduras, responsáveis, que não chegam atrasadas todos os dias e não interrompem as aulas dos professores. Por sua vez, ainda existirão pessoas que serão parecidas com os colegas de ensino médio ou até mesmo do fundamental.
Sempre haverá aquele aluno que chega atrasado em quase todas as aulas; aquele que vai na carona; que menos faz, mas é o que mais reclama. Sempre haverá aquele aluno brincalhão e o outro cheio de sonhos, ou aquele que é os dois ao mesmo tempo. Haverá aquele que adora ser o preferido do professor; o tímido; o que adora ler, o de ideias geniais, mas que não tem atitude. Sempre haverá aquele aluno que adora uma mordomia, curte uma farra e deixa de lado os estudos. Enfim, sempre existirão essas pessoas.
No mercado de trabalho, não é muito diferente. Sempre existirá aquele profissional escalado, que tenta deixar o serviço para o outro para ter menos o que fazer. Sempre existirá aquele profissional que não faz quase nada, mas ganha o mesmo salário que o seu, mesmo que você faça muito mais. Há aquele que sempre se dá bem e quer sair ‘por cima’. Mas também existe aquela pessoa que tem uma competência enorme e, por isso, é a que mais serviço tem para fazer. Sempre existirá aquele profissional que faz pouco, mas é o primeiro a criticar e a mandar no próximo. Aquele que muito fala, mas pouco faz.
Na época em que o meu pai frequentava a escola, ele já conhecia esses diferentes seres humanos. Hoje, embora os tempos sejam outros, como diz o ditado, essas pessoas ainda fazem parte do nosso dia a dia. Talvez até nós sejamos uma delas e não sabemos.
A verdade é que não podemos mudar o nosso próximo. Quem somos nós para dizermos a ele: “deixe de ser assim”? Não precisamos amar todas as pessoas, mas devemos respeitá-las. Respeitar essas diferenças talvez seja um dos maiores desafios do homem.
Bom, onde eu quero chegar com tudo isso? Existem coisas que necessitaram mudar para que fossem melhores. O que não podemos deixar que se perca de fato, é o sorriso diário, os sonhos das crianças de serem grandes profissionais no futuro. Não se pode perder o respeito, a honestidade, o caráter, a ética, a dedicação, pois é isto que nos define como alunos e profissionais!
Que façamos a nossa parte mesmo que o outro faça pouco e seja pouco. Quem de fato ganha conhecimento e aprendizado somos nós que colocamos a ‘mão na massa’. E o outro? Ah, tadinho do outro, perde a oportunidade de aprender, que é um dos maiores presentes e propósitos da vida.