Alguém mais aí viu a cena de ontem (07/08) da novela Babilônia?
Não acompanho rigorosamente a novela, mas ontem foi no mínimo interessante. A cena do término do namoro entre Paula (Sheron Menezzes) e Pedro (André Bakoff) foi icônica!
O romance entre eles até estava indo bem, até que a máscara dele caiu: um preconceituoso disfarçado. O ápice da cena foi quando ele destratou os ex-namorados da advogada e disse:
Mudou de namorado. Passou do favelado pro surfista e agora tá comigo, engenheiro, olhão azul.
óbvio que não foi algo bom da parte dele e Paula não se calou! Questionou se ele se achava melhor do que os outros por ter olhos azuis. E o autor da novela ainda apimenta o momento com a fala do personagem:
Nem tô falando disso, gata, tô falando mais de condição social, nível cultural, entende?
E ele ainda chamou ela de moreninha! Isso não é nada, nada bom!Assim encerrou-se mais um namoro das telinhas. Paula mandou ele pastar na hora! Chamou de racista, preconceituoso e etc, etc…
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Mas trouxe este exemplo porque isso é algo mais do que real! Eu mesma já usei esta frase: não me chame de moreninha!
Sou negra. Minha pele é cheia de melanina, meus cabelos encrespam sempre e que bom! Esta sou eu.
Entre amigas, mais na adolescência, lembro-me de volta e meia alguém nos chamar de ‘moreninhas’, nem era em tom de preconceito, mas parecia mais um medo, como se parecessem preconceituosos nos chamando de negras.
Mas ser negra e alguém se referir a mim como negra não faz da pessoa racista. O preconceito está na maneira de falar, no tom, no olhar, no sarcasmo impregnado num discurso medíocre – de alguns!
Estes dias, dentro do ônibus, uma senhora começou a falar algo sobre uma vizinha, algo ruim, e citou: “aquela, a negra”. Com minha visão periférica percebi que a mulher que estava falando com ela acenou com a cabeça, como que diz: “fica quieta que tem uma negra do te lado”.
Então a senhorinha continuou, “a morena, mas nada a ver com cor, por que gente sabe que isso não tem nada a ver”.
Ri por dentro. Por fora, continuei centrada com meus fones de ouvido, assistindo meu seriado da hora, Dexter, como quem não ouviu nada.
Não é o medo de levar um processo por injuria racial que acaba com o racismo, mas o respeito múto.
Mais do que nunca, respeitar é preciso. Mas ele não pode estar mascarado.