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“Viajar é trocar a roupa da alma”. Esta frase de Mario Quintana traduz com maestria o sentimento que permeia minhas andanças pela Europa. E foi assim alimentando a alma e expandindo horizontes que eu e minha irmã Sandra Silberschlag embarcamos em mais um roteiro inesquecível na última semana. Ela vindo do Brasil e eu, na Bielorrússia. A cada década realizamos uma viagem só das manas, sem família, marido ou filhos. Quando tínhamos vinte e poucos anos percorremos o leste europeu de ônibus; aos 30, viajamos de trem pela Itália até Paris e agora aos 40, fomos conhecer os países bálticos no norte da Europa.
Saimos de carro de Minsk, capital da Bielorrússia e onde atualmente resido, para atravessar a Lituânia, Letônia e Estônia. Estes três pequenos países na costa do mar Báltico são ainda pouco conhecidos do turismo de massa. Na verdade, antes da mudança para Minsk eu pouco tinha ouvido falar neles! São três nações guerreiras com história de quase mil anos e que remonta aos tempos pagãos e medievais. Durante os séculos XVIII e XIX viviam sob o domínio do império Russo e até 1991 faziam parte da União Soviética. Exemplos das fachadas arquitetônicas do regime comunista ainda podem ser avistados nos conjuntos habitacionais de cidades do interior e subúrbios das três capitais. Nos centros antigos das cidades, no entanto, a riqueza histórica de outros tempos é muito bem preservada em museus, castelos, monumentos e magníficos palacetes. Cada território mantem sua identidade através de tradições folclóricas, eventos culturais e gastronômicos.
Nos próximos posts vou relatar um pouco de cada país, começando hoje pela Lituânia, nossa primeira parada a qual já falei aqui outras vezes, em especial a capital Vilnius que eu adoro e conheço muito bem. Passear em Vilnius é pura descontração! Com pouco mais de 500 mil habitantes, a capital da Lituânia é plena de charme com uma população simpática e acolhedora. Perdi a conta de quantas vezes já visitei esta capital com cara de cidade do interior, mas a cada visita aprendo um pouco mais deste tesouro precioso. E passear com minha irmã percorrendo as ruelas estreitas do centro histórico é muito especial, é pura magia! Pois viajar com minha mana significa mais do que conhecer lugares ou descobrir novas culturas. Significa viver as lembranças da infância num novo contexto, de maturidade, longe da rotina. Significa rasgar no ar gargalhadas histéricas perambulando sem rumo as calçadas do velho mundo, sem medo de ser assaltada e sendo apenas sequestrada pelas lembranças saudosas dos tempos de juventude. Significa divagação profunda na tentativa de encapsular as lacunas deixadas nos últimos 20 anos morando longe uma da outra, em países diferentes. E assim a viagem das manas se torna uma viagem de autoconhecimento ao mesmo tempo que contemplamos a esplêndida paisagem de outono lá fora. A começar por Vilnius, uma capital compacta de arquitetura barroca exuberante e que nesta época do ano reluz o brilho outonal das árvores e folhagens revestidas de folhas em tons avermelhados e alaranjados.
Esta capital provinciana de história fascinante que atravessa a fronteira de duas civilizações antigas – Latina e Bizantina era, na verdade,um reino pagão fundado no século XIII pelo rei Mindaugas do Grão-Ducado da Lituânia e que mais tarde se tornou cristão. A devoção católica do país é facilmente percebida pelas igrejas e templos espalhados pela capital. Pequenas ou grandiosas, elas estão presentes em cada quarteirão enfeitando praças e enriquecendo o visual arquitetônico. Neste labirinto de ruelas emolduradas por casarios antigos vamos contemplando cada detalhe estampado nas portas, janelas e telhados dos palacetes coloridos.
A impressão é de estarmos sendo abraçadas pelo passado, guiadas apenas pela diversidade de formas e suavidade de cores. Vilnius é assim, cativante, retratando em cada esquina um pedacinho de história! Depois de dois dias na capital lituana passeando e degustando pratos típicos seguimos nosso roteiro atravessando o norte do país em direção à Letônia. Nossa próxima parada é em Riga, mas isso fica para o próximo post.
Hospedagem – nós ficamos no hotel Novotel (hotel padrão da rede Accorl, quatro estrelas com café da manhã fantástico) localizado na rua comercial de Vilnius (Gedimino, 16) com dois estacionamentos próximos o que foi o fator principal para gente, pois estávamos de carro. Quarto para duas pessoas, por noite varia entre 90 e 130 euros.