‘Praga’ das cidades grandes chega a Venâncio

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Considerada uma “praga” em cidades grandes, em especial nas localizadas na Região Metropolitana de Porto Alegre, a pichação já pode ser notada em municípios menores, do interior do estado, como é o caso de Venâncio Aires. O vandalismo é registrado com uma frequência nunca antes verificada na Capital do Chimarrão e, além de tirar a paciência de proprietários de imóveis prejudicados, eleva a preocupação das autoridades. A Brigada Militar, por exemplo, é alvo de várias das manifestações delituosas.

Em rápida ronda na região central de Venâncio Aires é possível flagrar dezenas de muros pichados. Aqueles pintados com tons mais claros e de extensão considerável, que favorecem a percepção dos “recados” deixados, são os preferidos dos pichadores. Como o da casa do aposentado José Antônio Marmitt, na esquina das ruas General Osório e Emílio Selbach. Em menos de um ano, é a segunda vez que ele desembolsará um valor significativo – entre R$ 300 e R$ 400 – para recuperar seu patrimônio.

Marmitt não esconde a indignação com o ocorrido e lamenta principalmente o fato de a comunidade ficar impotente diante deste tipo de delito. “Não há uma

Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateDelegado Vinícius Lourenço Assunção, titular da DPPA
Delegado Vinícius Lourenço Assunção, titular da DPPA

maneira eficiente de evitar estas pichações. São feitas à noite, quando o cidadão de bem está dormindo e os desocupados andando pelas ruas. E o pior é que, pelo jeito, é um grupo pequeno que está por trás disso. Minha sugestão é para que estes pichadores procurem estudo, tanto para se educarem quanto para corrigirem os erros de português”, desabafa.

Milton Luiz Fischer, o popular Fichinha, também foi vítima dos pichadores recentemente. Segundo ele, que também é aposentado, “não dá para entender os motivos pelos quais essas pessoas tomam este tipo de atitude, já que tudo o que as pichações geram são destaques anônimos”. Fichinha ainda lamenta o prejuízo financeiro causado aos proprietários de residências e prédios que viram alvo dos vândalos. “Infelizmente é mais um problema que o cidadão precisa enfrentar. Em tempos de crise, em que toda a economia que fizermos é bem-vinda, temos que gastar com o que não era previsto”, argumenta.

Folha do Mate – Estamos acompanhando um aumento dos casos de pichação em Venâncio Aires. Como este delito é tipificado?

Delegado Vinícius – é crime ambiental e pode resultar em pena de detenção que varia de três meses a um ano, conforme artigo 65 da Lei 9.605 de 1998. Em caso de ataque a monumento ou bem tombado, a pena aumenta para seis meses a um ano de detenção, além de pagamento de multa.

Folha do Mate – Os autores podem ir para a cadeia?

Delegado Vinícius – Em razão de a pena infracional prevista ser menor do que dois anos, quando uma pessoa é detida em flagrante por crime de pichação e apresentada na Delegacia, o que ocorrer é a lavratura de um Termo Circunstanciado. Através dele, a pessoa se compromete em comparecer a todos os atos processuais decorrentes daquela transgressão. Ou seja, não ficarão presos, mas responderão por crime ambiental.

Folha do Mate – Por se tratar de um crime de menor potencial ofensivo, as pessoas deixam de fazer o registro? Qual é a orientação da Polícia?

Delegado Vinícius – Não é um delito grave, mas o registro deve ser feito. é lógico que a Polícia Civil e também a Brigada Militar têm outros casos mais graves como prioridade, mas se os prejudicados fizerem a ocorrência, vai haver investigação. Podemos, dessa forma, identificar os autores e, mais tarde a Justiça pode obrigá-los à reparação dos danos, inclusive com o reembolso financeiro relativo à compra de material para a limpeza e pintura.

BRIGADA

O comandante da Brigada Militar de Venâncio Aires, capitão Rafael Tiarajú, reconhece que as pichações começaram a aparecer com mais frequência nos últimos meses, e garante que, caso um vândalo seja flagrado durante policiamento ostensivo de integrantes da corporação, será conduzido à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) para a tomada de medidas previstas em lei. Ele lembra que, recentemente, nenhum caso de detenção foi registrado, e também que não são comuns as reclamações acerca do assunto. “é a primeira vez que temos algo mais efetivo em relação a pichações. Vamos ficar atentos”, garante o comandante.

Foto: Carlos Dickow / Folha do MateA pichação no muro da casa do aposentado José Antônio Marmitt é semelhante a outras verificadas na região central. Com spray de tinta preta, os vândalos se intitulam como “loucos” e afirmam que há “hipocrisia na farda”, em clara manifestação contra as autoridades policiais. Também chama a atenção, nesse caso, uma espécie de símbolo, que parece ter sido escolhido como “assinatura” do grupo autor do delito. é, pelo menos à primeira vista, um círculo com um número 4 no seu interior.
A pichação no muro da casa do aposentado José Antônio Marmitt é semelhante a outras verificadas na região central. Com spray de tinta preta, os vândalos se intitulam como “loucos” e afirmam que há “hipocrisia na farda”, em clara manifestação contra as autoridades policiais. Também chama a atenção, nesse caso, uma espécie de símbolo, que parece ter sido escolhido como “assinatura” do grupo autor do delito. é, pelo menos à primeira vista, um círculo com um número 4 no seu interior.
Foto: Carlos Dickow / Folha do MateNo muro de uma residência localizada na esquina das ruas Barão do Triunfo e 1º de Março pode-se verificar o mesmo símbolo pichado ao lado de manifestação que defende a legalização da maconha. Bem perto dali, outro muro foi atacado e apareceu com a inscrição “fé no pai”. Neste caso, não há a certeza se a manifestação tem realmente cunho religioso ou se não passa de um deboche descabido.
No muro de uma residência localizada na esquina das ruas Barão do Triunfo e 1º de Março pode-se verificar o mesmo símbolo pichado ao lado de manifestação que defende a legalização da maconha. Bem perto dali, outro muro foi atacado e apareceu com a inscrição “fé no pai”. Neste caso, não há a certeza se a manifestação tem realmente cunho religioso ou se não passa de um deboche descabido.
Foto: Carlos Dickow / Folha do MateAinda na Rua 1º de Março, outras duas edificações serviram de “tela” para os pichadores. Em um muro branco, manifestações que transmitem uma certa infantilidade podem ser notadas. Já em uma entrada de garagem foi pichada a inscrição “Jesus está de volta”. Essas pichações, no entanto, não têm o símbolo verificado em outros pontos atacados.
Ainda na Rua 1º de Março, outras duas edificações serviram de “tela” para os pichadores. Em um muro branco, manifestações que transmitem uma certa infantilidade podem ser notadas. Já em uma entrada de garagem foi pichada a inscrição “Jesus está de volta”. Essas pichações, no entanto, não têm o símbolo verificado em outros pontos atacados.
Foto: Carlos Dickow / Folha do MateNa esquina das ruas Visconde do Rio Branco e 13 de Maio, nem mesmo uma placa de sinalização de trânsito foi poupada. Uma pequena inscrição, que não remete a um entendimento lógico, foi feita com tinta preta. Bem próximo, um ataque direto à Brigada Militar: os pichadores desenharam, entre outras coisas, uma mão com o dedo do meio em riste, além de inscrições ofensivas à corporação. A imagem não está sendo publicada em respeito à BM. Na mesma região, a parte de concreto de um muro residencial foi completamente atingida. Inscrições como “acorda Venâncio”, “legaliza aki” e “fidelidade” podem ser facilmente percebidas.
Na esquina das ruas Visconde do Rio Branco e 13 de Maio, nem mesmo uma placa de sinalização de trânsito foi poupada. Uma pequena inscrição, que não remete a um entendimento lógico, foi feita com tinta preta. Bem próximo, um ataque direto à Brigada Militar: os pichadores desenharam, entre outras coisas, uma mão com o dedo do meio em riste, além de inscrições ofensivas à corporação. A imagem não está sendo publicada em respeito à BM. Na mesma região, a parte de concreto de um muro residencial foi completamente atingida. Inscrições como “acorda Venâncio”, “legaliza aki” e “fidelidade” podem ser facilmente percebidas.
Foto: Carlos Dickow / Folha do Mate Quem passa pela Rua Visconde do Rio Branco, nos fundos da Escola Monte das Tabocas, também depara com o vandalismo. Este foi o único ponto encontrado pela reportagem da Folha do Mate em que os pichadores atuaram também com tinta vermelha. Ali é possível perceber inscrições como “ofereço a outra costela”, “o R$ não irá salvá-los” e “liberte sua mente”.
Quem passa pela Rua Visconde do Rio Branco, nos fundos da Escola Monte das Tabocas, também depara com o vandalismo. Este foi o único ponto encontrado pela reportagem da Folha do Mate em que os pichadores atuaram também com tinta vermelha. Ali é possível perceber inscrições como “ofereço a outra costela”, “o R$ não irá salvá-los” e “liberte sua mente”.

 



Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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