Aos 32 anos, Luciana Guerreiro Lima, deu início a um novo ciclo na sua vida: ela colocou um aparelho ortodôntico fixo. A necessidade surgiu, em parte, por estética. Mas também, porque os caninos proeminentes estavam causando uma série de problemas. “Além de cortar os lábios, o problema estava interferindo na mastigação e me causava dores de cabeça. Com o tempo, a piora do quadro causaria uma deformação ao rosto”, explica.
Por tudo isso, em 2009, começou o tratamento. Luciana lembra que um tempo antes disso já havia pesquisado sobre o assunto, mas resolveu esperar para tomar a decisão. “Em Venâncio Aires não havia tantos especialistas em ortodontia como há hoje”, lembra. Mas depois dos 30 anos, ela percebeu que seus dentes estavam se movimentando com maior intensidade, o que fez com que buscasse novamente a opinião de um profissional.
Ela conta que não teve problemas com a adaptação ao aparelho. Depois da primeira semana, já incorporou a nova realidade como algo comum. “Apenas a higienização ficou mais difícil. Era necessário tirar um tempo maior para fazê-la”, conta.
Em junho do ano passado, Luciana finalizou o tratamento com o aparelho fixo. Agora, usa uma versão móvel. “Precisarei usar por dois anos, para que os dentes não regridam ao estágio inicial”, diz. No entanto, ela reconhece que com essa versão é mais difícil de manter a disciplina. “é preciso caprichar com o móvel. às vezes, sou um pouco relapsa com o uso”, confessa.
Mas diferente do que ocorreu com Luciana, que utilizou o aparelho somente após os 30 anos, seus filhos devem ter acesso ao tratamento muito antes disso. Mãe de Ana Luísa e João Pedro, ela já levou os pequenos para fazerem uma avaliação. “No caso deles, a dentista recomendou que esperássemos até que tenham todos os dentes permanentes, o que deve ocorrer por volta dos 12 anos”.
Ao ver seus filhos programados para usarem aparelho ortodôntico no início da adolescência, Luciana compara com sua própria trajetória. “Antigamente isso era uma coisa rara, não havia essa preocupação. A primeira vez vi uma criança com aparelho foi em Porto Alegre, quando fui visitar minha avó. O menino usava um enorme. Aquilo chamou muito a minha atenção”, recorda.
REALIDADE
Colocar aparelho ortodôntico após os 30 anos está cada vez mais presente para uma geração que não tinha acesso a isso na infância e adolescência. O especialista em ortodontia, Carlos Regert, afirma que, de fato, há uma procura grande por parte desse público. “Já atendi uma senhora de 65 anos que veio ao meu consultório motivada pela estética”, lembra.
O profissional afirma que o tratamento ortodôntico nessa faixa etária é semelhante ao realizado em crianças e adolescentes.
No entanto, quanto mais idade a pessoa tiver, menos porosidade terá seu tecido ósseo. “Isso faz com que o processo seja mais lento”, define. Regert ressalta que na sua maioria, pessoas com mais de 30 anos procuram um odontólogo em função da estética. “Eles querem se renovar”, comenta.