Um comboio formado por agentes da Polícia Civil de Venâncio Aires e da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), de Santa Cruz do Sul, levou a Porto Alegre os quase 500 quilos de drogas e insumos apreendidos na semana passada, no interior de Candelária. A droga foi entregue no Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), que providenciará sua incineração. Ela acontece em data a ser agendada, em uma siderúrgida da Capital.
A apreensão dos 156,6 quilos de cocaína, 130,1 quilos de crack, 2,5 quilos de oxi, 912 gramas de maconha e 147,2 quilos de insumos – produtos usados para fabricar o crack e o oxi e ‘engordarÂ’ a cocaína – é a maior já feita na história da polícia gaúcha. No sítio, na localidade de Linha Curitiba, foi descoberto um laboratório que era responsável por fabricar o crack e o oxi consumido na região, além do ‘batizmo’ da cocaína.
Para a polícia, o sítio era o centro de distribuição regional destas drogas sintétitas, além de cocaína e maconha. Tanto que diversos ‘tijolos’ de cocaína com alto grau de pureza – alguns do tipo ‘escama de peixe’ e com inscrições de um distribuidor da Bolívia -, e até pasta-base de cocaína foram encontrados. “Tudo era feito aqui”, resumiu o delegado Luciano Menezes, da Defrec, que participou da denominada Operação Predadores.
Já o dinheiro apreendido está em uma conta bancária, à disposição da Justiça. Os mais de R$ 148 mil – R$ 146.474 só no sítio – ficam com o Poder Judiciário até a conclusão do processo. Comprovada a procedência ilícita, o dinheiro é perdido em favor da União e enviado à Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad). A intenção do delegado Paulo César Schirrmann é de que este valor seja revertido em melhorias à PC de Venâncio Aires e à Defrec, de Santa Cruz.Tanto que os dois delegados encaminharão um pedido ao Poder Judiciário neste sentido. “Se parte vier para nós, vamos comprar uma camioneta, que vai nos auxiliar muito no nosso trabalho, principalmente no interior do Município”, revelou Schirrmann.
APREENSõES
No sítio de Linha Curitiba – era administrado por um casal que foi preso em flagrante – a polícia também apreendeu mais de meio quilo de peças de ouro. São jóias roubadas de uma relojoaria, em Venâncio Aires. Como as pulseiras e correntinhas de ouro 18 foram parar lá é outra questão que a polícia quer esclarecer. O carro usado pelo casal, uma moto e diversos outros eletrodomésticos e utensílios usados na confecção dos entorpecentes também foram recolhidos.
Na mesma ação, a polícia cumpriu mandados em Venâncio Aires, onde prendeu o jovem responsável pelo tráfico no Município e cidades vizinhas. Com ele, além de 4,2 gramas de crack, 165,1 gramas de cocaína, 135,5 gramas de maconha, R$ 2.252 em dinheiro e um cheque de R$ 100, foi apreendido um automóvel. “Esse Gol ele usava para transportar a droga”, explicou Schirrmann.
MAIS BUSCAS
Quarta-feira à tarde, o delegado Schirrmann, acompanhado pelos agentes do Setor de Investigações, o delegado Menezes e agentes da Defrec, voltaram ao sítio. Fizeram buscas em toda a área, na casa, no galpão e nas três estufas de fumo. Suspeitavam que existiam mais dinheiro e drogas escondidos.
Para auxiliar nas escavações, usaram uma retroescavadeira, a exemplo do que foi feito no último dia 6. Porém, desta vez nada foi localizado. Sobre o sítio, o delegado Schirrmann disse que também está à disposição do Poder Judiciário. Conforme a polícia, a área de 4,3 hectares, dotado de açude e diversas árvores frutíferas, pertence ao venâncio-airense apontado como chefe da quadrilha. Mas não está em seu nome.
Sobre o venâncio-airense, a polícia tem informações de que está foragido. “Fomos informados de que no mesmo dia em que o laboratório foi estourado, ele fugiu, havendo rumores de que está fora do País”, revelou Schirrmann. Uma das possibilidades investigadas pela polícia é de que esteja na Bolívia, de onde provinha parte da cocaína apreendida e onde ele tem ligações.
De acordo com a polícia, o casal preso no sítio de Linha Curitiba, Nildo, 52 anos e Selges Jung, 54 anos, e Lucas Júnior de Oliveira, preso em Venâncio Aires e que ontem completou 25 anos, seguem na cadeia.