Analisar o local, para ver se oferece segurança, virou costume de muitas pessoas, mesmo que tenham se passado três anos da tragédia ocorrida na Boate Kiss, em

Santa Maria, em 27 de janeiro de 2013. Na ocasião, 242 pessoas morreram com o incêndio causado por um sinalizador aceso dentro da casa noturna.
Com a tragédia, veio mais fiscalização, rigor no cumprimento das normas contra incêndios e conscientização dos proprietários de quaisquer lugares públicos e dos frequentadores, que a partir de então, estão mais vigilantes quanto a segurança oferecida nos estabelecimentos. “O maior legado da tragédia é a mudança na consciência da população,que procura por lugares que oferecem segurança, principalmente em casas noturnas. E antes não havia essa preocupação, eram os Bombeiros que eram responsáveis e não havia um conhecimento por parte da população. Hoje, 80% das pessoas se preocupam com as normas básicas, como saídas de emergência, ou seja, chegam nos locais e já procuram saber onde estão as portas de emergência. Hoje há uma cobrança dos frequentadores aos próprios proprietários sobre a segurança, tem pais que não deixam os filhos irem a locais onde não há o PPCI”, salienta o Comandante do Sub grupamento de Combate a Incêndio, Major Eduardo Gener.
Mais rigorA Lei Kiss, que estabelece uma série de novas regras de prevenção e proteção contra incêndio, ainda está apenas no papel a nível nacional, pois segue na Câmara dos Deputados, onde tramita em três comissões. Ainda não há previsão de votação em plenário. Enquanto isso, no estado, a lei foi sancionada em setembro de 2014, pelo então governador Tarso Genro.
O major acompanhou de perto a fiscalização e vistorias realizadas ao longo dos três anos a todos os locais públicos de Venâncio. “Quase todas estavam com problemas, falta de equipamentos, então foi exigido o PPCI e recomendado as adequações que podem ser feitas até 27 de dezembro de 2019, quando todos os itens deverão estar em dia”, ressalta Gener. Ele ainda destaca que a fiscalização nos locais ocorre através dos prazos dos alvarás. “Se venceu o alvará e o proprietário não veio regular, qualquer eventualidade que acontecer é de responsabilidade dele.” Atualmente, devido a falta de efetivo, o Corpo de Bombeiros local consegue encaminhar uma vistoria por dia. Assim, o alvará leva em torno de 60 dias para ser expedido.
“Casas noturnas de Venâncio são seguras”
A afirmação é do Major Gener, que acrescenta ainda: “e poderão ficar ainda mais seguras, com o fim do prazo de 2019, quando deverão ter instalado todos os

equipamentos exigidos pela Lei, como hidrantes chuveiros automáticos, que tem um custo mais alto. Mas hoje, os itens mínimos todas já tem, como extintores, iluminação e sinalização nas portas de emergência, e as próprias saídas de emergência com as barras de pânico.”
Felipe Bogorny, um dos sócios da Life Musci Hall, conta que quando surgiu a ideia de fazer a casa de festas, desde a concepção do projeto, todos os itens de segurança já estavam sendo contemplados. “O prédio já existia, mas para abrir iríamos fazer uma série de mudanças, então, sentamos com os Bombeiros para fazer o projeto de acordo com as novas normas.” Ele conta que hoje a casa oferece total segurança aos frequentadores. “Temos saídas nas duas extremidades, sem afunilar num canto só, tem mais uma porta no ambiente de cima, que fica no mesmo plano do mezanino, assim o pessoal não precisa descer escada. Nossas saídas comportam a evacuação de 1,1 mil, sendo que nossa capacidade de público de cerca de 850 pessoas. Também o pessoal de segurança, todos tem curso básico de brigadista.”
Bogorny, que também organiza eventos no clube Sociedade de Leituras, ainda conta que para toda festa realizada no local ele providencia um novo laudo sempre de acordo com o tamanho projetado do evento. “A capacidade que liberam no salão é 1,8 mil pessoas, mas a estrutura física, somando espaço do Piazito, antigo bolão, chega a ser para três mil pessoas. Então, é oferecido ao público, toda uma estrutura extra.”
O sócio-proprietário da Infinit Club, Lucas Rosolen, teve que desembolsar um alto valor para deixar o local adequado as novas regras de prevenção e proteção contra incêndio, já que antes o espaço era uma casa de festas mas não tinha as condições de segurança exigidas. “Reabrimos pouco tempo depois do fato de Santa Maria. E tivemos que fazer bastante coisa. Foi investido bastante, da forma correta, para oferecer total segurança aos clientes, que estão indo para se divertir, sem dar preocupação para a família e para ela mesma. Infelizmente em Santa Maria foi uma fatalidade que veio para ensinar. Não acredito que possa acontecer novamente, justamente pelo cuidado que está se tendo em todos os locais.”
A casa, com capacidade para 500 pessoas, segundo Rosolen, está com todas as normas em dia. “Trocamos as portas, colocamos portas de ferro com anti pânico, foi feito uma porta lateral, que sai na rua ao lado da Infinit, iluminação e sinalização nas saídas de emergência, revisão e colocação de extintores, colocado anti derrapante nas escadas, o guarda-corpo no camarote foi reforçado com barras de ferro, foi aumentado o número de seguranças. Nunca tivemos problemas elétricos, princípio de incêndios.”
