
Nos últimos meses, muito se escuta falar em inflação. Ela está nos alimentos, no transporte, na educação e tantas outras áreas. é difícil ir um dia ao supermercado e não escutar alguém falar: “Como tudo está caro.” Por sua vez, poucos sabem o que de fato é a inflação e o porquê de ela estar tão presente no dia a dia das famílias brasileiras.
De acordo com o economista Silvio Arend, o índice de inflação é um acompanhamento do custo de um conjunto de produtos que as famílias consomem. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ou outros institutos de pesquisa, fazem um levantamento dos hábitos de consumo que envolvem gastos com a alimentação, transporte, vestuário, moradia, educação, lazer, enfim, um conjunto amplo de setores. O que faz as pessoas sentirem mais no bolso a inflação, depende do quanto cada produto é consumido nas famílias. “Fósforos e sal, por exemplo, pesam pouco no orçamento. Se dobrar o preço do sal ou triplicar o valor da caixinha de fósforo, isso não fará efeito no orçamento final, porque o preço é baixo”, comenta. No entanto, segundo o profissional, quando sobem os preços do arroz ou das carnes, produtos muito consumidos no dia a dia, o prejuízo para o bolso é maior. “Alguns produtos não se pode deixar de consumir, pois não tem como substituir. Arroz, quando aumenta de preço, tem que pagar o aumento, por que não tem como trocar por outro produto”, observa o profissional. No caso da energia elétrica, por exemplo, que aumentou no ano anterior, o que dá para fazer é reduzir o consumo.
Por que ocorre?De acordo com o economista, a inflação ocorre devido a uma série de fatores. Entre eles, o fato de alguns produtos ficarem mais caros, o que acaba por afetar os preços de outros. Outro motivo para ela ocorrer, está relacionado ao aumento do preço da taxa de câmbio. Deste modo, produtos que são importados ficam mais caros, porque a moeda real se desvalorizou perante o dólar.
Outro motivo, é a falta de produtos no mercado. Devido a isso, quando há menos produtos e a demanda continua igual, o preço destes sobe. “Agora, por exemplo, tem um redução da oferta de milho no mercado. Então, para dar conta da alimentação dos frangos, o preço do milho aumentou até que entre nova safra. Como consequência, aumenta o custo de produção do frango e a tendência é ser repassado para o consumidor”, explica.
Como se mede?A inflação é medida através de um levantamento dos produtos mais consumidos pela população. Através disso, os institutos de pesquisa conseguem saber a média de consumo de cada família. Em seguida, Arend explica que os pesquisadores vão até os supermercados e anotam os preços dos principais produtos consumidos. A partir disso, é calculada a variação final da inflação. “A inflação é medida através de um levantamento de preços que, geralmente, são pagos pelos consumidores e empresas”, conta.
De acordo com o profissional, todos os preços da economia sobem e descem, e trata-se de um movimento normal. “Alguns preços mais sobem do que descem, e a gente tem tendência a não lembrar dos que diminuíram”, acrescenta.
Comportamento da safraPara Arend, as reclamações perante a alta dos preços sempre irão ocorrer, ainda mais no setor da alimentação que interfere muito na vida do consumidor. Por sua vez, deve ser levado em conta que os valores da maioria dos alimentos dependem muito do comportamento da safra. Se ela for boa, um determinado produto se mantém com um preço estável. Se for ruim, este tende a ficar mais caro. “Não tem o que fazer”, complementa.
Segundo ele, as pessoas precisam se adaptar e otimizar orçamentos do dia a dia. Alguns itens podem ser cortados, mas, outros, devem absorver o aumento. Além disso, para quem deseja evitar dívidas, torna-se importante comprar apenas o essencial. “Cada família sabe onde aperta mais e o que dá para cortar”, conta.