
A Revista Veja publicou ontem, dia 19, um texto em que fala de Marcela Temer, esposa do vice-presidente Michel Temer. Até aí, tudo certo, mais uma matéria sobre política e alguns participantes do cenário atual. Só que não! A matéria, meus caros, mostra uma mulher perfeita, digna de aplausos e o exemplo para todas nós, reles mortais, seguirmos.
E foi nesse ponto que a revista errou. E errou feio, hein!? Não me entendam mal, por favor, o problema não é Marcela, linda, jovem, alta e loira, ser ‘bela, recatada e do lar’. Pelo contrário, ela pode ser o que quiser, da forma que achar mais conveniente. O erro foi a revista, assim como grande parte da sociedade, pregar (mesmo que de forma sutil) um padrão de beleza, de escolhas e, claro, de comportamento.
Bato nessa tecla mais uma vez – e quantas forem necessárias – para dizer que esse é uma questão impregnada na nossa cultura: o problema não é ser quem Marcela (ou Joana, Alice, Carla, Bárbara) é, mas sim vender Marcela como padrão a ser seguido por todas as mulheres. Não há problema algum em Marcela ter encontrado sua felicidade exercendo essas ações e tendo atitudes mais discretas. O que precisa ser desmistificado é esse padrão de perfeição e de mulher que a ‘família tradicional brasileira’ aceita receber em sua casa através da televisão ou manchetes de revistas.
Afinal, esse título dado pela Veja é carregado de muitos significados. A bela, que agrada aos olhos masculinos, tem boa aparência e é completamente encantadora. A recatada, aquela que não chama a atenção e é discreta ou, se preferir, aquela que os homens consideram ‘de respeito’. E, por fim, o ‘do lar’ que se não fosse precedido do ‘recatada’, não teria problema algum. No entanto, essa ‘característica’ se refere a não se expor, ser uma boa esposa e ocupar aquele espaço feito exclusivamente para ela. Tsc tsc, pessoal. Lugar de mulher é onde ela quiser!
Independente se for ‘bela, recatada e do lar’ ou ‘bela, respeitada e do bar’, o que vale é a livre escolha. Seja cuidando da casa, seja trabalhando fora, seja bebendo com os amigos em um bar ou comendo pipoca com a família no sofá de casa ou, ainda, usando vestido até o joelho ou uma saia mais curta, o que interessa mesmo (!) é que a mulher possa escolher livremente, LIVREMENTE, o que a realiza e o que a deixa feliz.
Mas, acima de tudo, que fique claro: não queremos nos encaixar em nenhum padrão, ainda mais quando ele é imposto. Seja no lar ou no bar, queremos respeito para, assim, sermos quem realmente somos.
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