
A Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Linha Travessa, teme pelo seu futuro. A preocupação é que a migração de alunos para escolas ‘mais atrativas’, que contam com pré-escola e atendimento em turno integral, desencadeie o seu fechamento, a exemplo do que ocorreu com outras duas escolas estaduais da localidade nos últimos anos, a Nossa Senhora Aparecida e a São José.
“Nós temos medo de que nós sejamos a próxima.”
A diretora Liege Machry Regert explica que a escola atende do 2º ano ao 9º ano. O 1º ano deixou de ser ofertado neste ano em função da gradativa diminuição das matrículas. Segundo ela, a ausência de pré-escola faz com que os pais tenham que matricular os filhos em outras instituições de ensino, onde eles seguem os estudos mesmo após esse nível.
Apesar da preocupação, afirma que não existe nenhuma ameaça oficial de fechamento. “Nossa preocupação é no sentido de a comunidade despertar para essa questão. Nós precisamos ficar atentos e não podemos esperar as coisas acontecerem.” A questão é que a ausência de turma de 1º ano em 2016 tende a resultar na ausência de 2º ano em 2017 e assim por diante, situação que se soma ao não ingresso de novos alunos.
Para mudar tal realidade, a Escola Perpétuo – pede – Socorro. Na visão da comunidade escolar, a saída seria passar a contar com a pré-escola e disponibilizar o turno integral, para que a instituição de ensino se torne ‘atrativa’ aos olhos dos pais e haja a matrícula de novos alunos, que não precisariam mais migrar para outras escolas, sobretudo, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) São Judas Tadeu, do bairro Grão-Pará, e a Emef Santo Antônio de Pádua, de Mato Leitão.
Para tratar do tema, a direção da escola tem reunião com o coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Eudcação (CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, na tarde da próxima segunda-feira, 25, quando também será entregue abaixo-assinado com as reivindicações. Liege sabe que a situação financeira do Estado é complicada, mas sonha que a Escola Perpétuo Socorro possa ser a primeira instituição de ensino estadual do interior a contar com turno integral, pois a maioria dos pais trabalham na lavoura e também necessitam dessa nova possibilidade.
Na visão da diretora seria uma pena se a escola viesse a ser fechada, uma vez que dispõe de um amplo espaço de 800 m² com várias salas de aulas climatizadas, refeitório, biblioteca, laboratório de informática, auditório, sala de recursos multifuncionais, pátio aberto, praça de recreação, saguão e, ao lado, ginásio de esportes (parceria com a Associação de Moradores).
Atualmente, a Escola Perpétuo Socorro conta com nove funcionários e atende a 55 alunos. No ano passado, eram 67.
>>>
Tema será levado para esferas de Poder

Diante do temor que a escola tenha atividades encerradas, a vereadora Cleiva Heck (PDT) disse que irá trabalhar para que a escola Perpétuo Socorro se torne um “exemplo de remodelação do ensino para o Estado”. Ela acredita que através de um esforço do Estado e do Município será possível utilizar melhor a estrutura que a escola oferece. “Estamos pensando a longo prazo, sabemos que esse é um lugar que está crescendo muito depois que Linha Travessa passou a fazer parte do perímetro urbano de Venâncio Aires.”
Para isso, Cleiva trabalha em uma indicação, ao município, para realização de um estudo de viabilidade do transporte escolar. A parlamentar defende que estudantes da educação infantil, que superlotam espaços na área urbana, poderiam frequentar a Escola Perpétuo Socorro caso o município ofertasse a modalidade de ensino na escola.
A medida, segundo ela, também atenderia os estudantes de 4 a 5 anos de Linha Travessa que, hoje, utilizam o transporte escolar para frequentarem as escolas citadas anteriormente. O secretário de Educação, Emerson Eloi Henrique, salienta que diferente de outros lugares do interior, que o município solicitou a cedência de espaço nas escolas estaduais para criação de turmas de educação infantil, Linha Travessa não apresentou demanda suficiente e, por isso, os estudantes são levados para outras escolas. Segundo ele, no momento que houver necessidade uma turma poderá ser criada.
Turno integralCleiva também vai buscar uma agenda com o secretário estadual de Educação, Vieira da Cunha, para discutir a possibilidade de inserir o turno integral na escola.
A trabalhista destaca que, com a aplicação das duas medidas – educação infantil e ensino em tempo integral –, garantiria um número maior de alunos matriculados e poderia barrar o temor de uma futura possibilidade de desativação dos trabalhos da escola. “Claro que estou ciente de todas as limitações financeiras que existem tanto para o Estado e, também, ao município. Mas é importante trabalhar ferramentas que garantam condições dos moradores desses locais terem acesso a educação de qualidade.”
Para o coordenador da 6ª CRE, por enquanto, nenhuma escola corre o risco de ser cessada. Ele não descarta a possibilidade de implantação de turno integral na escola. De acordo com ele, existindo os itens necessários – estrutura física , humana, transporte e número de alunos – e, principalmente, o desejo da comunidade escolar em ter a modalidade de ensino, é possível estudar a possibilidade. Mas, ele salienta a necessidade de formalizar, junto a CRE, a intenção de implantar o turno integral.