“Economizar hoje para ser feliz amanhã.” Essa era a promessa da Campanha de Economia Juvenil realizada por agências bancárias gaúchas entre as décadas de 50 e 60. Muitos foram os pais que criaram cadernetas de poupança em nome dos filhos com a intenção de que estes pudessem ter um futuro financeiramente estável.
Contudo, algumas instituições bancárias em que os depósitos eram efetuados faliram, o que impossibilitou o resgate dos montantes até então acumulados na conta. Com a quebra dos bancos, fragmentou-se também a ilusão infantil de um futuro melhor. Hoje, cerca de 50 anos depois, a Justiça reúne pedaços de sonhos ao possibilitar aos correntistas o resgate das economias.
Assim aconteceu com o agricultor Valberto Seidel. O morador de Linha Isabel – interior de Venâncio Aires – recebeu em torno de R$ 5 mil dois anos após dar entrada com um processo judicial para reaver a quantia depositada quando criança. “Eu achei que nem valia mais, porque o banco já tinha fechado”, comemora o aposentado.
A busca pelos valores então dados como perdidos começou há mais de três anos. Na época, Valberto ouviu em um programa de rádio apresentado por Moacir Eisermann que aqueles que possuíssem cadernetas de poupança da Campanha de Economia Juvenil poderiam buscar direitos. Assim como o agricultor, mais de 60 pessoas buscaram por informações para reaver os depósitos. “Que bom que eu pude ajudá-las”, destaca Moacir.
Direito garantido
Histórias como a de Valberto vêm se tornando realidade em todo o Rio Grande do Sul. Hoje, em Venâncio Aires, o escritório Fanck, Keller & Metzdorf move uma ação coletiva em nome dos então correntistas com contas no Banco Comercial e Industrial do Sul, Banco Agrícola Mercantil (Agrimer) e na Caixa Rural União Popular. “Os tribunais estão reconhecendo o direito dessas pessoas que depositaram suas economias e perderam tudo na época”, explica a advogada Fabiana Keller, relatando que há casos de venâncio-airenses que, assim como Valberto, já resgataram o dinheiro.
Como reaver os depósitos
Para mover uma ação e resgatar o investimento, é imprescindível possuir a caderneta. Após, um cálculo definirá a quantia a ser reclamada. “Cada caso é um caso. Portanto, o cálculo será feito com base no valor depositado, que será recalculado de acordo com a correção monetária”, ensina Fabiana. No entanto, mesmo que já existam sentenças ganhas e que os processos em andamento estejam sendo bem-sucedidos, a advogada explica que é longo o tempo de espera para ter o dinheiro em mãos. “Mas vale a pena lutar, pois o direito está garantido”, resume.
Com colaboração de Pamella Tucunduva da Silva