Projeção é de menos R$ 45 milhões na economia em 2016

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Foto: Kethlin Meurer / Folha do MateAs compras dos supermercados ficam por conta de ângelo e há cerca de um ano, para economizar, ele abriu mão de comprar doces
As compras dos supermercados ficam por conta de ângelo e há cerca de um ano, para economizar, ele abriu mão de comprar doces

A crise econômica e política que se instalou no país e não dá indícios de quando será amenizada terá fortes reflexos em Venâncio Aires em 2016. Segundo a projeção da IPC Marketing Editora, empresa paulista que faz todos os anos o mapeamento do poder de consumo dos municípios brasileiros, até o dia 31 de dezembro os venâncio-airenses farão circular no mercado R$ 1.410.635.643, um montante 3,1% menor do que os R$ 1.456.311.200 que movimentaram a economia em 2015. Conforme os números, serão R$ 45.675.557 a menos circulando na Capital do Chimarrão em comparação com o ano anterior.

A queda do poder de consumo está relacionada diretamente à população urbana, que em 2015 levou R$ 1.056.205.849 ao mercado, valor que será rebaixado para R$ 1.007.334.545 este ano – são R$ 48.871.304,00 a menos. O baque só não será mais intenso porque, segundo a estimativa, moradores da área rural terão um leve crescimento no seu poder de compra, pulando de R$ 400.105.351 em 2015 para R$ 403.301.098 este ano. O cenário apresentado pela IPC Marketing coloca a Capital do Chimarrão em 34º e 392º lugares nos rankings gaúcho e nacional, respectivamente, do potencial de compra. Em 2015 os postos de Venâncio Aires nas classificações eram 32º e 366º, de acordo com o levantamento.

A análise dos dados permite a constatação de que a classe média será a mais atingida pela crise. Em 2015, os venâncio-airenses das classes sociais B e C injetaram no mercado local, respectivamente, R$ 535.705.676 e R$ 391.107.404. Para este ano, a projeção é de que os valores investidos sejam de R$ 458.883.622 e 354.464.549. Juntos, os integrantes das duas categorias perderão R$ 113.464.909 do seu potencial de consumo. Em contrapartida, as classes A e D/E, aponta a pesquisa, registrarão crescimento do poder de compra. Cidadãos da categoria A, que fizeram circular R$ 74.935.933 no mercado em 2015, gastarão R$ 114.583.064 até o final deste ano. Os mais humildes (D/E) também serão responsáveis por maiores investimentos: a projeção é de R$ 79.403.310 em 2016, contra R$ 54.456.837 no ano anterior.

URBANO X RURAL – Residentes da área urbana terão consumo per capita médio de R$ 23.741,09. é o mesmo que dizer que contarão com R$ 1.978,42, em média, disponíveis mensalmente. Em 2015 os mesmos valores eram de R$ 24.985,94 e R$ 2.082,16. Já para quem mora na área rural o poder de compra médio, de acordo com a projeção da IPC Marketing Editora, será de R$ 14.529,18 neste ano – ou R$ 1.210,76 por mês. Muito pouco acima dos R$ 14.497,62 do ano anterior, quando tiveram R$ 1.208,13 a cada mês, em média, para gastar.

 

Dinheiro ‘mais curto’ faz consumidores terem cautela

Foto: Kethlin Meurer / Folha do MateSirlene e a filha Milena, 9 anos, há dois meses têm um maior controle na compra de alimentos perecíveis
Sirlene e a filha Milena, 9 anos, há dois meses têm um maior controle na compra de alimentos perecíveis

Se antes algumas pessoas voltavam dos supermercados com muitas sacolas de compras nas mãos, agora, há quem busque adquirir apenas o necessário. é o caso da comerciante Sirlene Roessler, de 44 anos. Segundo ela, como alguns produtos ficaram mais caros, a solução encontrada foi economizar e reduzir o consumo do que não é primordial à alimentação.

Há cerca de dois meses, Sirlene optou por trocar algumas marcas de produtos para reduzir os gastos. Além disso, se antes ela e a família faziam as refeições fora de casa, agora é diferente. Sirlene prefere comprar os produtos no supermercado e cozinhar, porque acredita ser mais barato. Verduras e frutas, por exemplo, ela comprava muito, mas agora, apenas fica com o suficiente, para não colocar nada fora. “Não compro nada em excesso”, comenta.

A comerciante também buscou evitar o consumo de doces, principalmente chocolate. “Eu comprava quatro barrinhas de chocolate, mas agora compro apenas duas”, ressalta. Com as trocas de marcas e redução de consumo, ela e a família chegaram a reduzir 15% dos gastos mensais.

CAUTELA – A situação do industriário ângelo Reck, de 52 anos, não é diferente. As compras nos supermercados são por conta dele mesmo e, há cerca de um ano, Reck está mais cauteloso na hora de colocar as mercadorias no carrinho. “Estou cuidando mais o que compro em função do custo, porque noto que os produtos estão ficando cada vez mais caros”, comenta.

Doces, como bolachas e sorvetes, são deixados de lado por Reck na hora das compras, isso porque ele optou por abrir mão das coisas consideradas supérfluas. O carrinho de supermercado, que antes ficava lotado, agora, segundo ele, tem apenas o necessário.

 

Migração social negativa explica a queda

O diretor da IPC Marketing Editora, Marcos Pazzini, confirma que a queda do potencial de consumo em Venâncio Aires é reflexo da crise econômica atual. De acordo com ele, a explicação para o baque é o fenômeno de migração social negativa, ou seja, o deslocamento de domicílios das classes mais altas para as mais baixas, reflexo da eventual perda de emprego e redução do rendimento domiciliar.

Ele salienta que o estudo classifica também como área rural as zonas extremamente periféricas (não necessariamente de vocação rural), pois concentram a população de baixa renda. Por isso, esclarece, não é possível relacionar o leve aumento do poder de compra dos moradores do campo à produção de tabaco ou mesmo a uma eventual diversificação nas propriedades.

Pazzini explica ainda que a perda de posições nos rankings estadual e nacional mostra que Venâncio Aires sentiu mais os efeitos da crise do que outros municípios. “Em termos nacionais, o potencial de consumo foi estimado, para 2016, com uma redução de 3,3% em relação a 2015. Esse resultado negativo de 2016, aliado à queda de 4% em 2015, coloca os valores de potencial de consumo deste ano nos mesmos níveis de 2010. Ou seja, são seis anos perdidos em relação ao que já havia sido conquistado”, analisa

 

Vale Verde e Mato Leitão com mais dinheiro circulando

Ao contrário do diagnóstico de Venâncio Aires, dois municípios da região terão mais dinheiro circulando em 2016. De acordo com o levantamento da IPC Marketing Editora, os moradores de Vale Verde injetarão R$ 1.047.817 a mais na economia, este ano, em relação a 2015. Até o fim de dezembro, serão R$ 47.501.981 no mercado, contra R$ 46.454.164 do ano anterior. Todas as classes sociais terão leve aumento do poder de compra, impulsionado pela também pequena elevação do consumo per capita.

Mato Leitão é outra cidade que pode comemorar o fato da estabilidade do poder de compra de sua população. Serão R$ 770.238 a mais na economia em 2016. A injeção alcançará os R$ 82.966.665, ante R$ 82.196.427 do ano anterior. Os moradores da área urbana, que em 2015 tiveram, em média, R$ 25.162,24 para gastar durante o ano (R$ 2.096,85 por mês), neste ano terão à sua disposição R$ 25.204,07 (R$ 2.100,33 a cada 30 dias). Já quem mora no interior sentirá uma leve queda do poder de consumo. Em 2015 eram R$ 15.943,94 disponíveis (R$ 1.328,66 por mês), enquanto que neste ano o valor cairá para R$ 15.901,86 (R$ 1.325,15 mensalmente).

PASSO DO SOBRADO – Já em Passo do Sobrado a situação não é favorável. Em 2016, serão R$ 197.063 a menos no mercado em relação a 2015. Neste ano, a injeção chegará a R$ 111.827.988, contra R$ 112.025.051 registrados no ano anterior. Tanto quem mora na cidade, quanto os que residem no interior notarão leve baixa no valor disponível para gastar. Apenas os integrantes da classe A apresentarão mais investimentos, em 2016, na comparação com 2015.

RANKINGS – Vale Verde, Mato Leitão e Passo do Sobrado perderam posições nos rankings estadual e nacional do poder de compra de um ano para o outro. Vale Verde, que em 2015 ocupava a 423ª colocação no Rio Grande do Sul e 4.936º posto no Brasil, em 2016 aparece em 425º lugar no estado e 4.961ª posição no país. Mato Leitão tinha o 303º posto estadual e 3.895ª colocação no país, e agora ostenta os 305º e 3.977º lugares, respectivamente. Passo do Sobrado aparecia, em 2015, nas posições 239 e 3.264. Em 2016, figura nos postos 246 e 3.363.

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