De Brasília, Selvino Heck, assessor do gabinete da Presidente Dilma, revela o termômetro político e as preocupações.“Por aqui, em termos de governo, a preocupação central não são as eleições. Primeiro, porque não cabe ao governo federal, enquanto governo, misturar-se ao processo eleitoral. Segundo, porque as alianças são amplas e diferentes em todos os lugares. Fica difícil ao governo ou seus integrantes, mesmo que quisessem, tomar posições, pelo menos no primeiro turno. A presidenta Dilma deverá ter pouca participação nas eleições. No segundo turno, dependendo do quadro em cada município, tudo poderá mudar. Porque aí começa a se jogar 2014, que, segundo todos os cenários atuais, deverá dar de novo Dilma e Temer.Há turbulências envolvendo o PSB, especialmente, mas nada que abale a atual aliança. Por isso também, no segundo turno, a presidenta deverá se envolver, apoiando diretamente candidatos de sua base de apoio.A marca maior destas eleições, a meu juízo, numa avaliação ainda bastante preliminar, é que a salada de frutas de composições e alianças eleitorais aumentou muito, especialmente com o quase fim do DEM e o surgimento do PSD. O que não é bom para o fortalecimento dos partidos e para se ter eleições com programas mais definidos e claros por parte dos candidatos.A preocupação central continua sendo a economia. Hoje o Banco Central deve baixar mais uma vez os juros, porque há sinais muito, muito preocupantes de que o quadro econômico europeu, também o americano e chinês, mas especialmente o europeu, poderá piorar muito para 2013. E inevitavelmente deverá afetar o Brasil, em maior ou menor grau. Esta a razão porque as greves de funcionários públicos se alastram e o governo federal, até agora, não atendeu suas reivindicações. O problema não é o imediato. O problema está no futuro, na capacidade de honrar eventuais reajustes. Nós mesmos, que estamos em cargos de confiança, os chamados DAS, não temos reajuste, sequer da inflação, desde 2007, início do segundo ano do governo Lula. Há muita gente, inclusive, chiando e ameaçando ir embora, porque ganha ou ganharia muito mais na iniciativa privada. A defasagem dos DAS, só em termo de reposição da inflação, está em torno de 50%. Enquanto que o conjunto do funcionalismo público federal teve reajustes e reposições razoáveis nos dois governos Lula. Mas imagina reajustar cargos de confiança agora, em meio às greves dos funcionários do quadro!!!?Não vai ser um resto de ano fácil.Ao mesmo tempo, o governo está preparando tudo para ter um crescimento econômico de 4% ou mais em 2013. Este ano, dificilmente, se chegará a 3%. Todo mundo ficará feliz se se repetirem os 2,7% de 2011”.