>> Texto de Luís Renato Oliveira, que o compartilha à convite do T&T.
Cauã Reymond é um gentleman, quem o conhece e já trabalhou com ele sabe a educação e comprometimento que o ator possui com seu trabalho e com seu público. Todo mundo já deve estar sabendo pois foi assunto em todos os canais de mídia, que Cauã é estrela do clipe ‘Your Armies’ da cantora Barbara Ohana.
Nele Cauã é Clara, transexual que é agredida por até então seu flerte correspondido, como acontece o tempo todo por aqui e pouco é dito, noticiado ou denunciado – já tentou fazer uma ocorrência na delegacia, antro de preconceito e desinformação?
Depois disso acompanhamos a personagem num jogo de vingança poético, visceral e justiceiro. O clima é pesadíssimo, porém necessário. A estética é crua, bela; a narrativa esbarra numa amplitude de desmistificações e medos.
Ontem o Fantástico exibiu uma belíssima matéria sobre o quanto a homofobia mata no nosso país. E hoje já começaram as problematizações pelo fato de Cauã ter interpretado uma transexual.
Para os problematizadores de plantão, quando um ator como Cauã Reymond, que possui fama grandiosa e reconhecimento instantâneo, interpreta um personagem assim, ainda mais com um propósito tão válido, temos que aplaudi-lo e não problematizar do que já é um problema – e dos mais sérios. Ele está se comprometendo com a denúncia por trás do trabalho.
Com Cauã, o vídeo ganhou um alcance que jamais teria se fosse interpretado por uma transexual ou um ator desconhecido; Barbara Ohana não é um ‘nome’ no mainstream musical brasileiro.
Essa conversa poderia ser outra, caso um clipe de alguém como Luan Santana ou Paula Fernandes tivesse o mesmo propósito. Aqui, sim o papel de transexual teria mais valor e peso, se fosse interpretado por um ator ou uma atriz trans.
Claro que sabemos que um videoclipe, na verdade, é cartão de visita para divulgar o trabalho de um artista. Mas se conseguirem unir marketing e consciência, o promocional se torna arte e faz brotar a discussão. Aqui, nesse caso, o da transfobia.
O clipe é incrível. Cauã é incrível. Barbara também. Então vamos problematizar o que realmente deve ser problematizado?
Ainda não viu o clipe?
Assista aqui: