



A história do jovem Samuel Luiz Timm de 21 anos com os cavalos começou cedo, pois ele ia aos rodeios com seu pai, Luiz Timm com 4 anos, onde teve contato frequente com os animais. Quando estava com 5 anos sua família se mudou de Santa Cruz do Sul para Passo do Sobrado, onde seus laços com os equinos se aprofundaram ainda mais.Então ele começou a cavalgar e laçar nos rodeios, onde com seis anos, no dia do seu aniversário, acertou sua primeira armada, fato que ficou marcado em sua memória. Como seu pai é criador de gado, o menino auxiliava nos trabalhos campeiros, e passou a montar numa égua da família, que na época tinha 11 anos e hoje está com 25. Explicou que este animal tinha um temperamento nervoso, e então, seu pai, aos poucos foi colocando-o a cavalgar nela, pois as crianças acalmam os cavalos, afirmou Samuel Timm. “Então eu decidi que iria tirar os defeitos da égua, já que tenho muita paciência e adoro a interação com os cavalos. Depois de um tempo todos começaram a perceber que a égua que atende por “Pombinha”, estava totalmente diferente, ao ponto de chamá-la de a professora das éguas”. Sendo assim, o jovem teve a certeza que tinha uma aptidão especial com os animais, e decidiu domar sozinho, uma potranca que ganhou de presente do seu pai. Enquanto amansava o animal, acabou comprando mais dois cavalos, que também precisavam ser domados e treinados para a lida do campo. Então começou a pesquisar, estudar e fazer cursos com quem ensina a doma índia e a chamada doma racional.Destacou que teve um curso com Oscar Scarpati, que é argentino, e considerado o segundo melhor domador do mundo, o qual aprendeu a doma com um índio. “No treinamento aprendi a conhecer os sinais dos cavalos, bem como eles se comportam, e quais são seus medos. Depois disso, fiz outro curso de morfologia, amanunciação e iniciação de potros na doma índia com Luiz dos Santos”, destacou Timm. Com a idade de 17 anos Samuel começou a domar profissionalmente, pois já havia adquirido conhecimento e experiência suficiente para amansar qualquer animal, por mais desafiador que fosse. Seu primeiro trabalho foi com uma égua que já havia sido domada, mas que não correspondia às expectativas, pois ela tinha um trauma de apanhar.“Toda vez que eu levantava o braço, ela se boleava para me derrubar, pois adquiriu esse medo durante a doma. Então tive que transmitir com muita paciência para a égua, que o fato de levantar o braço, não significaria bater nela. Isso levou um tempo, mas consegui tirar o trauma e torná-la em um animal pronto para a lida”, contou ele.Disse que fazer o cavalo sentir medo e traumas, diminui sua capacidade intelectual, e por isso, a importância da doma sem agressões. “Vou além da doma, pois ensino meus animais a deitar, oferecer a pata como um gesto de cumprimento, deito no chão e durmo com minha cabeça sobre a do animal, e ainda posso ficar de pé sobre o cavalo, bem como cavalgar sem nada, totalmente em pelo”.O cavalo aprende muito, e depois que tem a confiança do seu dono, pode continuar evoluindo nos ensinamentos durante toda a vida, sendo que o máximo que podem durar é entre 25 e 30 anos. A doma acontece por volta dos dois anos, quando ele já está com sua estrutura formada. “Tenho verdadeira paixão pelos cavalos, principalmente os crioulos, tanto é que meu sonho é ter uma cabanha, a qual já tem até nome: índio Campeiro”, enfatizou o jovem domador.Samuel Timm é um dos exemplos de que a melhor maneira de amansar, domar e treinar um animal é com respeito, confiança e carinho. Bater, judiar e causar traumas, além de desumano, é algo que deve ser abolido de uma vez por todas. O jovem lembra que o primeiro passo para conseguir o que se quer de qualquer tipo de animal, é conhecer seus sinais, como pensa, age e quais são seus medos. Demonstrar esse conhecimento aliado a uma atitude amistosa é o caminho aberto para ganhar a confiança e a parceria de cavalos, cachorros e demais animais.Doma índia – A doma índia consiste na confiança e na comunicação com o cavalo, onde homem e animal conseguem ser um só, estabelecendo uma conexão, que resulta em uma relação harmoniosa entre dois seres totalmente diferentes. Conforme explicou Samuel Timm o processo de doma inicia com a aproximação do potro, onde o mesmo está em uma redoma e o homem vai tentar o primeiro contato. Inicialmente o animal vai ter medo, porque enxerga o homem como um predador. Mas daí o domador deve mostrar através de gestos e sinais, que ele não oferece ameaça, e que quer apenas sua amizade. Não manter o olhar fixo no olho é uma das estratégias para o primeiro contato, e repetir gestos dos outros cavalos também é importante.“Os cavalos são muito sensíveis, a ponto de sentir uma mosca em seu corpo, e portanto, qualquer tipo de agressão o deixará amedrontado. O primeiro contato físico acontece no meio dos olhos, onde ele tem um ponto cego. Porém o domador deve chegar abaixado, para ficar inferior à sua altura, e não representar uma ameaça”, destacou o jovem. A partir daí o contato amistoso pode ir aumentando ao ponto de ganhar a confiança e poder montar nele. Doma tradicional – Neste tipo de método o animal é amansado e domado com aplicação de dor, onde o quadrúpede passa a obedecer por medo. Uma das ações para que ele respeite as rédeas é o chamado quebra-queixo, onde sua cabeça é puxada para junto do corpo obstruindo sua respiração por algum tempo, o que causa um trauma no cavalo, e por isso, qualquer puxada nas rédeas o fará obedecer, pois ele vai sempre se lembrar que se puxar mais, ele ficará sem ar. Usar esporas e relhos enquanto o cavalo é domado também faz parte da doma tradicional. Porém essa realidade tem mudado bastante através dos anos, sendo que a maioria dos domadores, já entendeu que o melhor jeito e menos doloroso é a doma racional ou a índia. índios – Os domares contam que os índios aprenderam a técnica de tanto observar os cavalos. Como eles tinham muito tempo livre, passavam horas junto deles, só observando os sinais e os movimentos. Foi assim que iniciaram uma aproximação e acabaram interagindo de forma muito positiva. O resultado foi uma interação entre homem e animal que deve se perpetuar com cada vez mais harmonia.