Venâncio Aires, há tempos não é mais aquela cidadezinha pequena do interior. Ela cresceu e hoje é a 30ª cidade mais populosa do Rio Grande do Sul. Segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Venâncio Aires tem 70.179 habitantes. A estimativa do ano de 2016 foi publicada no Diário Oficial da União.
Um aumento populacional, para a maioria das pessoas, é tido como algo positivo. Contudo, também existem outros aspectos que devem ser levados em conta.
Em um tempo que se tem cada vez menos filhos, é questionável o fato de como a cidade consegue crescer no que se refere à população. De acordo com a economista da Univates e doutoranda em Desenvolvimento Regional, Cíntia Agostini, uma cidade atrai mais pessoas devido à qualidade de vida que oferece e quando, também, dispõe de fatores como empregabilidade, possibilidades, boas características das empresas e agricultura familiar.
Segundo a profissional, o que ocorre é que Venâncio e outras cidades próximas atraíram mais pessoas de outras regiões do estado e país: “Claramente, nas últimas décadas, está acontecendo uma migração da população da parte oeste do estado para a nossa região”.
DUAS FACESO aumento populacional também está relacionado à imigração, que é menos significativa se comparada à migração. “Tanto o setor público quanto privado atraiu imigrantes de outros países para cá, que saíram de seus lugares, porque precisavam de novas oportunidades”, comenta.
Para ela, o crescimento populacional é importante, pois dá um impulso de disponibilidade de mão de obra pelo fato de aumentar o número de empresas e plantas produtivas, por exemplo. “Tudo isso é importante economicamente e é necessário para o município, porque muitos não conseguem encontrar mão de obra”, observa.

Na opinião de Cíntia, é positivo o fato de Venâncio ter ‘ganhado’ mais pessoas, pois muitas cidades enfrentam o contrário, uma perda da população, ocasionada pelo desemprego e carência de oportunidades.
Além disso, a profissional explica que se existem pessoas que fazem a migração ou imigração, estas necessitam de políticas públicas para atender a saúde e educação pública. Deste modo, os municípios precisam se preparar para receber mais pessoas. “Se não elas chegam e não conseguem ser atendidas, porque não há vagas em escolinhas e não existem postos de saúde suficientes”, acrescenta. Quando a cidade não está preparada para esse crescimento, isso contribui para a geração de um índice maior de pobreza.
Cíntia ainda ressalta que a migração ocorre, porque as pessoas buscam melhor qualidade de vida. Em meio a essa procura por um espaço melhor, elas carecem de um atendimento mais próximo, principalmente quando se trata de políticas públicas.
Com um aumento populacional, também é preciso pensar na urbanidade e mobilidade. “Por exemplo, eu vou ir morar em Venâncio, mas não tem lugar para eu viver. O que fazer? Isso tudo tem coisas positivas, mas também existem aspectos que devem ser muito bem avaliados enquanto gestão do município”, esclarece.