A pressão da cadeia produtiva do tabaco surtiu efeito ontem. Em três reuniões realizadas com os ministros do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas; da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho; e, com o vice-presidente da República, Michel Temer, mais de 30 representantes da região Sul relataram os impactos negativos da resolução nº 4.107 do Banco Central que limita o crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para produção de tabaco.
A comitiva, composta por parlamentares gaúchos e catarinenses, prefeitos, vereadores, sindicatos de produtores e da indústria fumageira, foram unânimes ao condenar a medida, que classificam como trágica para o setor.
“Foi altamente positiva a nossa mobilização, pois conseguimos mostrar aos ministros e ao vice-presidente da República a importância que tem a fumicultura para os municípios das regiões dos Vales dos Rios Pardo e Taquari e Centro Serra e também, para o Estado”, afirma o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) e prefeito de Boqueirão do Leão, João Davi Goergen, ao avaliar as audiências. Goergen acrescenta que foi colocado aos ministros e ao vice-presidente que, se a resolução do Banco Central for mantida, vai inviabilizar a agricultura na região, sem contar que o Governo Federal ainda não tem definida uma política de incentivo à diversificação e muito menos, recursos destinados para isso.
Goergen coloca também que o ministro Mendes Ribeiro Filho, se comprometeu a solicitar a reversão da resolução e que a comitiva se surpreendeu com a receptividade e posição de Michel Temer, que mostrou ter conhecimento da importância da fumicultura pois, durante a campanha de 2010, visitou Santa Cruz do Sul. Além de Goergen, integraram a comitiva os prefeitos de Venâncio Aires, Airton Artus; de Taquari e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) Ivo Lautert; de Sinimbu, Mário Rabuske; de Gramado Xavier, Reni Giovanaz; e de Sobradinho e presidente da Associação dos Municípios da Região Centro-Serra (AMC-Serra) Júlio Miguel Vieira. No total, as três associações representam 63 municípios.
O deputado Alceu Moreira (PMDB/RS), que está à frente do debate no Congresso, reiterou que a perseguição aos fumicultores é ideológica, pois demonstra total desconhecimento dos dados de produção. “Não há relação entre produção e consumo. O principal consumidor em percentual é o Japão, que não produz nem sequer um pé de tabaco. Sem contar que 80% do fumo brasileiro é exportado”, argumentou o deputado.
O presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, complementou que, pelas peculiaridades da produção a atividade é toda baseada na agricultura familiar.
Acompanhado de uma comitiva de vereadores locais, formada por Telmo Kist, Wilson da Silva Puthin, Nilson Lehmen e Celso Krämer, o prefeito Airton Artus volta para a Capital do Chimarrão otimista com o resultado dos encontros. Conforme Artus, as audiências foram extremamente positivas e deixaram a comitiva venâncio-airense com a esperança de reversão da resolução do Banco Central. O prefeito confirma que os dois ministros e o vice-presidente da República comprometeram-se a acompanhar de perto a posição do Brasil durante a 5ª Conferencia das Partes (COP 5), que ocorre no mês de novembro, na Coreia do Sul.
O vereador Nilson Lehmen (PMDB) confirma as palavras dos prefeitos e acrescenta que o ministro Pepe Vargas adiantou que o objetivo do governo não é reduzir o plantio de tabaco, pois é sabedor da importância da cultura, e sim, reduzir o consumo e o número de fumantes.
As audiências foram agendadas pelo deputado federal Sérgio Moraes (PTB/RS) e contaram ainda coma presença dos deputados federais Luis Carlos Heinze (PP/RS) e Alceu Moreira (PMDB/RS) e deputados estaduais Marcelo Moraes (PTB) e Heitor Schuch (PSB).
