O nome dele não aparece, mas ajudou a construir a história da maior escola da rede municipal de ensino de Venâncio Aires: a Dois Irmãos. Aos 91 anos e com uma memória intacta, Oly dos Santos Costa é um dos “dois irmãos” que batiza o colégio do bairro Aviação. Ao lado do irmão Alceu dos Santos Costa, já falecido, ele doou a área de terras que garantiu a edificação da escola.
Seu Oly conta que o pedido para doação do terreno para a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Dois Irmãos veio do ex-prefeito Almedo Dettenborn. “Era uma herança que meu pai passou para os filhos. Na época, eu morava em Linha Arroio Grande, e essa área de terra no bairro Aviação estava parada.” Além das “dez mil braças” repassadas por ele, o irmão, Alceu, cedeu parte de seu imóvel para a instituição de ensino.
Pai de Marli e Marlene e casado há 70 anos com Almida Costa, 89 anos, seu Oly reside ao lado da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Arco-íris – instituição para a qual também doou um terreno. “Isso foi no mandato do Glauco Scherer”, lembra.
O hábito de auxiliar a comunidade também deixou frutos em Linha Arroio Grande. No fim da década de 1960, seu Oly ajudou a construir a igreja católica da localidade, financiando o material de construção. Além disso, doou terreno para construção da Igreja Evangélica e contribuiu com fretes de tijolos para a obra do Salão Rio-grandense.
“é um prazer ajudar. O que dei, não fez falta. é a coisa mais bonita poder ver as crianças brincando na escola. Tudo o que dei está sendo bem utilizado”, Oly dos Santos Costa, morador do bairro Aviação.
Memória intacta
Mesmo que tenha estudado apenas até o 4º ano, quando precisava percorrer, a pé, em torno de seis quilômetros, até a sala de aula, seu Oly não abre mão de ler a Folha do Mate, todos os dias. “é meu passatempo. Pelo jornal a gente vê o movimento do município.”
Apesar da idade, seu Oly tem na ponta da língua datas de fatos importantes de sua vida. Entre as lembranças que mais felizes está o tempo em que ele e a esposa mantiveram a “Bodega do Oly Costa”, em Linha Arroio Grande. “Tinha de tudo: fazenda, roupas prontas, banha, linguiça e carne”, cita. Em dezembro de 1975, a família promoveu uma festa para comemorar o meio século de vida de seu Oly e os 27 anos do armazém. A comemoração, com direito a dança e música na “eletrola”, foi até notícia de jornal. “A festa começou de manhã e foi o dia inteiro. Dançamos dentro da bodega”, relembra o aposentado. Dona Almida ainda recorda o cardápio: “Teve peru assado.”
à época, além do estabelecimento comercial, os negócios dos Costa incluíam dois caminhões – um deles, um Ford Alemão, comprado em 1956 -, um automóvel Passat e uma Kombi, utilizada como “lotação” para os bailes.
O trabalho ocorria sempre em parceria com dona Almida. “Nunca tive sócio, só a esposa”, diverte-se o aposentado. Ela completa: “A gente trabalhava muito, mas se divertia bastante, também.” Embora não saiba dizer qual o segredo para manter um matrimônio de sete décadas, o casal garante que, em 70 anos de casamento, nunca brigou. “Nos conhecíamos desde pequenos, éramos vizinhos e brincávamos juntos, até que o negócio ficou sério”, afirma dona Almida.