O desejo de aprender inglês foi o que levou a venâncio-airense Carolina Artus, 33 anos, a sair do Brasil. Agora, já são cerca de oito meses morando em Sydney, na Austrália, onde vive uma rotina rápida e sempre corrida de estudantes que também atuam no mercado de trabalho. “Trabalho durante o dia, às vezes em finais de semana também, já que aqui existem muitos trabalhos casuais de apenas um dia, e estudo à noite”, conta.
Aliás, os trabalhos casuais oferecem alguns benefícios, como a oportunidade de escolher quando e com quem se trabalha. Já a escola onde a venâncio-airense estuda inglês, idioma oficial do país, é bem rígida quando se trata da presença de estrangeiros. “Eles podem até reportar à imigração e o estudante corre o risco de ser deportado”, explica.

Em seu tempo livre, Carolina aproveita para explorar as belezas naturais e conhecer os pontos turísticos de Sydney, maior cidade da Austrália.
“Aqui, existem centenas de parques, praias e afins; este é um país que preza pela preservação da natureza”, ressalta ela.
>> SOBRE AS MULHERES NO PAíS
– Como é o acesso à educação para as mulheres?
O ensino tem um período obrigatório até os 15 anos. Aqui na Austrália, a educação é levada muito a sério, insiste-se no papel da escola como uma ‘Learning

Community’ (comunidade de aprendizagem), em que se dá uma colaboração comunitária entre pais, professores e alunos.
O ensino na Austrália é dividido em ensino primário, ensino secundário e ensino superior (universidade). No último ano do ensino médio (secundário), realizam-se exames que servirão como critério para a entrada no ensino superior e obtenção do Certificado do Ensino Médio. Não existe discriminação da mulher no ensino, todos possuem o mesmo direito de acesso à educação e estudam, pelo menos, até o segundo grau (período obrigatório). O acesso à universidade depende do desempenho escolar.
– Como é o mercado de trabalho para mulheres no país?
Os australianos respeitam a igualdade de valor, dignidade e liberdade do indivíduo, assim como a liberdade de expressão, religiosa, igualdade perante à lei, igualdade entre homens e mulheres e igualdade de oportunidades. Porém, o mercado de trabalho é competitivo. Todos os empregos e profissões estão abertos a homens e mulheres. Existem leis para proteger os trabalhadores contra tratamento injusto ou discriminação. As Leis de Igual Oportunidade de Emprego exigem para que os locais de trabalho garantam que as oportunidades de carreira, promoção e formação sejam baseadas no mérito, aptidões e experiências do trabalhador.
As mulheres podem trabalhar no que quiserem desde que sejam qualificadas para tal. Para mulheres que não são residentes ou que não validaram o diploma, aqui, os trabalhos mais comuns são em cafés, restaurantes, hotéis, em casas de família cuidando de crianças; nesse caso, tudo vai depender do nível de inglês, quanto melhor o inglês, mais fácil de encontrar trabalhos bem remunerados. Muitas meninas trabalham em cafés dois ou três dias da semana, em outros dois cuidam de crianças e, se sobrar tempo, ainda trabalham em eventos.

– Como as mulheres encaram o casamento no país?
As mulheres australianas casam-se por conta própria, geralmente novas, assim como no Brasil. Já as muçulmanas (existem muitas mulheres muçulmanas que nasceram aqui, mas seguem a religião) se casam, geralmente, de acordo com a religião. Aqui, exitem muitos imigrantes muçulmanos, indianos, asiáticos e todos vivem de acordo com a sua religião e costumes.
– Qual é o papel da mulher na família, nos afazeres de casa e criação dos filhos?
As mulheres australianas prezam muito a família e a criação dos filhos, geralmente possuem mais de um filho e, caso não possam trabalhar fora, o governo dá uma ajuda financeira para que elas possam ficar em casa e cuidar dos filhos (claro que essa possibilidade só é válida para pessoas que possuem nacionalidade australiana e que possam comprovar as informações exigidas pelo governo). A criação dos filhos aqui, ao meu ver, é um pouco mais ‘fria’ do que no Brasil; é comum ver uma criança fazendo ‘manha’ na rua e os pais agindo naturalmente como se nada estivesse acontecendo, até que a criança cansa e para. Não são superprotegidas e mimadas.
– Você considera que o país enxerga as mulheres com igualdade de oportunidades?
Apesar de morar aqui há pouco tempo, acredito que sim, aqui o que interessa é a qualificação e experiência.
– Como é a realidade das mulheres estrangeiras no país?
Aqui, os australianos já estão acostumados com estrangeiros, não sofremos preconceito, a diversidade cultural é muito grande. Porém, mulheres estrangeiras que não são cidadãs possuem salários menores que as australianas (isso é exigido pelo sindicato para preservar a mão de obra local) e o acesso à universidade, por exemplo, é bem caro, enquanto as australianas possuem ajuda do governo para cursar uma universidade (o que se torna barato); para as estrangeiras, o acesso à educação é mais difícil, pois não temos como trabalhar e estudar, pois as universidades são durante o dia e bem caras.
As brasileiras aqui se ajudam muito. Temos um grupo no Facebook só de mulheres (com 11.800 membros), chamado ‘Papo Calcinha em Sydney’, onde as meninas postam ofertas de emprego, curiosidades, dicas de beleza, enfim, se ajudam no que precisar. Nesse grupo, também podemos postar dúvidas sobre qualquer assunto e pode ter certeza que muitas meninas se prontificarão a te ajudar. Esse grupo é ótimo.