
Recente pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que o Brasil é o maior consumidor mundial de crack, uma droga considerada devastadora em relação à saúde das pessoas e que tem o poder de viciar rapidamente. Em Venâncio Aires, no Centro de Assistência Psicossocial álcool e Drogas (Caps AD), dos 1.943 pacientes cadastrados, 155 são usuários de crack, quase 8% do total. A maioria é do sexo masculino, com idade entre os 20 e 40 anos.

Segundo o titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Venâncio Aires, Vinícius Lourenço de Assunção, na Capital Nacional do Chimarrão são comuns as apreensões de crack, com maior incidência nas áreas de periferia. As regiões mais ‘problemáticas’ nesse sentido, de acordo com o delegado, são alguns pontos específicos localizados nos bairros Gressler, Battisti e Coronel Brito.
Ele afirma que as drogas, nos dias de hoje, são o principal fator de contribuição da criminalidade, principalmente quando se trata do crack, porque o usuário desse entorpecente torna-se traficante, por não conseguir manter um trabalho – é muito difícil alguém contratar um usuário – ou, então, começa a cometer crimes patrimoniais.
A maioria dos usuários do crack, conforme o delegado, é jovens de até 30 anos que vivem em situação de vulnerabilidade social, mas isso não significa que as pessoas que vendem a droga também sejam de classe menos favorecida. “Nós também percebemos que muitas pessoas acabam traficando para manterem o consumo”, reforça o policial.
Assunção explica que o crack tem alto poder destrutivo no organismo e que a pessoa que o consome acaba por “morrer socialmente”, ou seja, pelo fato de ter a autoestima bastante abalada, não se alimenta bem, não toma banho, não cuida da própria saúde e não consegue manter um emprego, além de apresentar outros problemas, o que gera um desgaste muito grande ao organismo. Segundo ele, o uso do crack está bastante relacionado à curiosidade das pessoas, porque informações sobre os malefícios não faltam.
Barato que sai caroUma pedra de crack custa, em média, R$ 5, e pesa menos de um grama. é comum o usuário de droga consumir em torno de 20 pedras por dia, o que gera um gasto mensal de R$ 3 mil. Diante disso, o delegado explica que diferente do que a maioria das pessoas pensa, o crack acaba por se tornar caro, não pelo preço unitário, mas pela quantidade de pedras que um usuário sente a necessidade de consumir por dia.Na opinião de Assunção, uma das formas de combater o tráfico de crack é ter uma medida legislativa que consiga aumentar a pena para este tipo de tráfico em relação às outras drogas, porque, até então, a punição é a mesma para todos os tipos. “Isso é preciso para o próprio traficante se dar conta de que se ele traficar crack, a pena vai ser mais elevada. Em estado de abstinência, por exemplo, a pessoa pode fazer coisas horríveis”, observa.
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Crack em números
Dados de 2016 repassados pela Delegacia de Polícia Civil de Venâncio Aires:
Junho: três autos de prisão em flagrante por crime de tráfico de entorpecentes com apreensão de crack: 28 invólucros de crack e 79 pedras de crack.
Julho: um auto de prisão em flagrante por crime de tráfico de entorpecentes com apreensão de crack: 40 pedras.
Agosto: três autos de prisão em flagrante por crime de tráfico de entorpecentes com apreensão de crack: 105 pedras e seis papelotes.
Setembro: três autos de prisão em flagrante por crime de tráfico de entorpecentes com apreensão de crack: 168 pedras.
Outubro, novembro e dezembro: não houve flagrante por tráfico de drogas com apreensão de crack, apenas de outras drogas.
Neste ano: Um auto de prisão em flagrante por crime de tráfico de entorpecentes com apreensão de crack: 50 pedras.
Brigada: Do segundo semestre do ano passado até este ano, a Brigada Militar apreendeu 4,5 gramas de crack, mas o crime foi tipificado como consumo, e não tráfico.