Consumo de orgânicos aumenta entre os gaúchos

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Foto: Ana Carolina Becker / Folha do MateAgricultora Teresinha Weber destaca a qualidade dos produtos orgânicos
Agricultora Teresinha Weber destaca a qualidade dos produtos orgânicos

Os alimentos orgânicos estão conquistando espaço na mesa do consumidor. Somente no último ano, em torno de 40% dos gaúchos mudaram seus hábitos de consumo e buscaram incluir produtos livres de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos em suas compras. O dado, assim como a informação de que os supermercados e as feiras são os principais locais de compra, estão entre os resultados obtidos pela pesquisa ‘Barômetro dos orgânicos’.

Coordenado pelos professores Marlon Dalmoro, do Programa de Pós-graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis da Univates, e Wagner Junior Ladeira, do Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o projeto mapeou o perfil de consumo e a impressão dos consumidores do estado sobre os alimentos orgânicos, em 2016. 

O estudo contou com a participação de 2.732 pessoas de 80 municípios, entre eles, Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul e Passo do Sobrado.

Foi o primeiro levantamento deste tipo realizado no Rio Grande do Sul. Até então só existiam estudos pontuais, geralmente abordando consumidores da região metropolitana. A intenção é repetirmos o estudo de tempos em tempos, buscando identificar variações no consumo.” Marlon Dalmoro, coordenador do projeto.

De acordo com a pesquisa, 75% dos participantes se consideram consumidores frequentes de alimentos orgânicos. São pessoas assim como dona Maria Souza, 54 anos. Semanalmente, a safreira vai até a Feira de Produtos Orgânicos, no bairro Gressler, onde encontra produtos com “mais sabor” e “que sabe de onde vem”. Na manhã de quarta-feira, 29, quando conversou com a reportagem, ela adquiriu tempero verde. Entretanto, afirma que costuma comprar de tudo que é oferecido pelos produtores.

Foto: Ana Carolina Becker / Folha do MateMaria, à esquerda, está entre as consumidoras da feira de orgânicos no bairro Gressler
Maria, à esquerda, está entre as consumidoras da feira de orgânicos no bairro Gressler

Feira orgânica

Uma das feirantes de orgânicos, a agricultora Teresinha Weber, 63 anos, de Vila Santa Emília, também percebe que, nos últimos anos, tem aumentado a procura pelos alimentos sem agrotóxicos. “A própria divulgação nas redes sociais sobre o uso exagerado de veneno tem levado as pessoas a procurarem mais os orgânicos”, considera.

Segundo ela, por semana, em torno de 80 pessoas procuram a feira em frente à sede da Comunidade Santa Rita de Cássia. Nas manhãs de quarta-feira e de sábado, alimentos sem veneno, produzidos por cinco famílias do interior de Venâncio Aires, são oferecidos à população. “Cada família tem a certificação de produção orgânica pela Rede Ecovida. Também comercializamos produtos da agroindústria com o selo de orgânico”, comenta.

Além de hortaliças, frutas e legumes; chás, pipoca, gergelim, açúcar mascavo, melado e feijão estão entre os itens vendidos na feira. Para Teresinha, as principais características dos produtos orgânicos estão mais qualidade e sabor.

Nutricionalmente, eles têm um valor muito melhor. às vezes, visualmente, podem não ser tão bonitos, mas são mais saudáveis, pois não têm nenhum veneno.” Teresinha Weber, agricultora. 

Vegetais, hortaliças e frutas entre os mais consumidos

Na feira do bairro Gressler, hortaliças, temperos e bananas são os produtos mais vendidos. “Nessa época, a batata doce e o aipim também são muito procurados. Aproveitamos para apresentar alimentos como o quiabo, que muitas pessoas não conhecem, e ensinar como podem ser preparados”, conta a agricultora Teresinha Weber.

A exemplo do que ocorre na feira na Comunidade Santa Rita de Cássia, a pesquisa ‘Barômetro dos orgânicos’ apontou que vegetais e hortaliças (67,3%) e frutas (65,3%) são os orgânicos mais consumidos.

“Isso ocorre tanto nos supermercados, que começam a ter maior oferta de produtos orgânicos, como banana, cenoura, quanto nas feiras agroecológicas, nas quais produtores comercializam diretamente ao consumidor final sua produção de hortifrúti. São produtos denominados de cadeia curta, que chegam ao consumidor de forma mais rápida”, analisa o professor Marlon Dalmoro, da Univates.

Possibilidade de mercado

Em contrapartida, o pesquisador observa que itens industrializados possuem uma cadeia de distribuição mais ampla e exigem o envolvimento de mais empresas ou produtores para sua fabricação. “Isso torna-se um empecilho do ponto de vista da produção orgânica, visto que um produtor sozinho, que decida adotar este tipo de produção, não consegue fazer. Ele depende de uma estrutura de mercado existente para comercializar os seus produtos.”

Para Dalmoro, apesar desse cenário limitar a oferta de produtos aos consumidores, ele apresenta uma oportunidade de negócio. “Bebidas como suco e leite ou alimentos semiprocessados, como erva-mate, produzidos de forma orgânica, devem ocupar com maior intensidade as prateleiras dos supermercados em pouco tempo”, acredita.

A pesquisa

O projeto ‘Barômetro dos Orgânicos’ contou com a colaboração de pesquisadores de diferentes instituições de ensino do estado: Univates, Unisinos, Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Universidade de Cruz Alta (Unicruz) e Faculdade Anglicana de Tapejara. Além disso, contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Os municípios do Vale do Rio Pardo abrangidos pela pesquisa são Santa Cruz do Sul, Pântano Grande, Vera Cruz, Venâncio Aires, Rio Pardo, Arroio do Tigre e Passo do Sobrado. No Vale do Taquari foram ouvidos consumidores de Teutônia, Roca Sales, Taquari, Pouso Novo, Poço das Antas, Lajeado, Encantado e Bom Retiro do Sul.

Infográficos: Univates

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