Orlando Schonarth, 47 anos, mora há mais de duas décadas no Loteamento Eisermann e já participou de várias mobilizações pela canalização da Sanga da Areia. O córrego fica em frente à casa dele e ao lado da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alfredo Scherer.
“Já fizemos abaixo-assinado e pedimos muitas vezes. A sanga está aumentando cada vez mais e, com isso, também aumenta o perigo”, comenta, ao citar que muitas crianças trafegam pelo local e podem acessar a água com facilidade. “Além disso, em dias de chuva, as crianças precisam passar pela rua, porque não tem calçada.”
A canalização da sanga e a construção de uma calçada no local foram solicitadas ao Município, durante a Caravana Pé na Estrada, realizada em 1º de setembro. De lá para cá, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp) já instalou dois canos de concreto, para possibilitar a obra do passeio público. De acordo com secretário Renato Gollmann, o serviço deve ser realizado em breve e melhorar as condições para os pedestres.
Apesar disso, outros dois problemas devem continuar fazendo parte do dia a dia dos moradores das proximidades e estudantes: o cheiro do esgoto e os mosquitos. “Especialmente no verão, quando a temperatura eleva e reduz a água, cheiro é muito ruim. Como as salas de aula estão daquele lado da escola, as crianças reclamavam do cheiro, no verão passado”, afirma a diretora Ionara Bencke. “Acreditamos que algum esgoto esteja sendo despejado na sanga, porque, além do cheiro, às vezes, a água também está turva”, observa.
Presidente do Conselho Escolar da Emef Alfredo Scherer, Schonarth também se preocupa com a quantidade de mosquitos no bairro, por conta da sanga. “Não dá para se sentar na rua, durante o verão, de tantos mosquitos”, lamenta.
Estudo
De acordo com o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Renato Gollmann, a instalação de canos ao longo de toda a quadra, para fechamento da sanga, solicitada pelos moradores, esbarra em questões ambientais. “Não é algo simples, pois depende de autorização ambiental.”
O engenheiro da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Fernando Cardoso, explica que, para que seja canalizada uma sanga, é necessário um estudo técnico e a elaboração de uma legislação específica que inclua isso no planejamento urbano.
“Quando se canaliza uma sanga, perde-se o acesso natural da água em dias de chuva. Por isso, é preciso um estudo qualificado para que se coloque uma tubulação adequada, que não seja menor do que a necessária e que não apresente problemas em 20 ou 30 anos”, cita. “Hoje, o entendimento que se tem a partir da experiência de outros municípios, como Porto Alegre, e com consultorias, é de que não se recomenda a canalização total.”