
O conceito e a prática cooperativista crescem a cada ano entre entidades, instituições e mesmo dentro da casa das pessoas. Essa afirmação é palpável a partir de números estabelecidos no Rio Grande do Sul, onde são 2,8 milhões de associados distribuídos em 426 cooperativas. Os dados foram apresentados nesta semana, em Porto Alegre, no relatório “Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2018”. O resultado confirma a posição de destaque do movimento, lembrado hoje, 7, no Dia Internacional do Cooperativismo.
Atualmente, a única cooperativa de Venâncio Aires vinculada à Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs) é a Cooperativa de Profissionais em Educação de Venâncio Aires (Coopeva). Desde 2003, quando foi criada, ela é a mantenedora do Colégio Professor José de Oliveira Castilhos. Segundo o presidente da Coopeva, Engelberto José Henn, o principal objetivo da cooperativa sempre foi manter uma educação diferente e com qualidade. “O principal foco é o colégio, mas também há parceria para cedência de espaço a entidades e o apoio a diversos esportes, como futsal, judô e balé.”
Integrante do Conselho Consultivo do Ramo Educacional da Ocergs, Henn diz que o núcleo é importante dentro da organização, principalmente por priorizar a educação. “Será feita uma pesquisa em todas as 426 cooperativas para ver de que forma a educação é trabalhada. Porque muito do crescimento do cooperativismo é pelo ramo educacional e é preciso deixar isso para a posteridade e formar novos agentes cooperativistas.”
Atualmente, a Coopeva conta com 33 professores associados e três funcionários. A cooperativa realiza reuniões mensais com os profissionais do Oliveira onde são debatidas especialmente questões de ordem pedagógica e coletiva.
Em sala de aulaParte do plano de estudo da Colégio Oliveira é implantar uma disciplina de cooperativismo na grade curricular. Mas enquanto isso não é efetivado, o tema já é trabalho há muito tempo e forma diluída entre as disciplinas. Conforme o diretor Jair Freitag, o projeto político-pedagógico da escola tem três eixos: construir o conhecimento, desenvolver as potencialidades do aluno e viver a socialização e a cooperação. “O processo educacional é cooperativista e a metodologia da escola é assim, para que professor e aluno troquem informação. Que todo trabalho e aprendizado seja algo coletivo e mútuo.”
Além de proporcionar situações em sala de aula, Coopeva e Colégio Oliveira também desenvolvem ações práticas com os alunos. Entre elas, campanhas para arredação de alimentos e leite, os quais são repassados para o Banco de Alimentos e a Liga Feminina de Combate ao Câncer de Venâncio Aires, e gincanas entre as turmas. “Nas gincanas a pretensão não é competir, mas sim que todos realizem as atividades juntos, valorizando o cunho cooperativista”, destaca Freitag.

NO DNA DO GAÚCHO
Presidente da Ocergs destaca crescimento na participação das cooperativas
Durante o Tá na Mesa, da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul), realizado na última quarta-feira, 4, alguns números chamaram atenção. De acordo com o relatório “Expressão do Cooperativismo Gaúcho”, houve um faturamento recorde de R$ 43 bilhões das cooperativas do estado em 2017. O presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius, destacou o crescimento do setor, que contabiliza hoje 2,8 milhões de associados em 426 cooperativas. “Isso está no DNA do gaúcho, que se associa a participações coletivas e está envolvido em diversos ramos, como de crédito, agricultura, infraestrutura, eletricidade, saúde, transporte, trabalho e habitação, por exemplo.”
Ainda conforme Perius, os níveis de participação e crescimento remetem diretamente à economia gaúcha. “Esse faturamento de R$ 43 bilhões dá cerca de 10% do nosso PIB. Hoje o cooperativismo, no ranking de balanço consolidado, é o maior grupo do Rio Grande do Sul.”
Além disso, mesmo em tempos de crise econômica, as cooperativas aumentaram os postos de trabalho no estado. De acordo com a Ocergs, foram três mil empregos diretos a mais em comparação com 2017, somando hoje 61,8 mil postos, concentrados principalmente nos ramos agropecuário, de saúde e de crédito.
“A EDUCAÇÃO É BASE”Embora um dos principais destaques do cooperativismo seja relacionado à economia, o presidente da Ocergs ressaltou a importância da educação junto às cooperativas. Segundo Vergilio Perius, o cooperativismo só será forte se houver uma base educacional. “A educação é a base. E as cooperativas educacionais, como é o caso da Coopeva de Venâncio Aires, influenciam muito para o maior tema de nossa concentração cooperativa. Quanto mais ensino, mais fácil serão os processos. E sozinhos não conseguiremos resolver os problemas, então vamos nos unir, em grupo, de forma coletiva, que será mais fácil.”
Com o cooperativismo cada vez mais inserido nas instituições de ensino e já trabalhado em muita sala de aula, o sistema também integra o nível superior. Em todo o Rio Grande do Sul, são mais de 520 alunos cursando a pós-graduação em Gestão de Cooperativas, oferecida pela Ocergs.