Encomendada por R$ 20 mil, a vida do bancário Júlio Assmann Marder acabou rendendo apenas R$ 1.600 ao executor do plano. A revelação foi feita ontem pelo delegado Felipe Staub Cano, que coordenou as investigações do crime, que culminaram na prisão de quatro pessoas. Além da companheira da vítima na época, Salete Azevedo, 44 anos, foram presos o matador, um mecânico de 52 nos; uma amiga de Salete, de 44 anos; e o namorado dela, de 28 anos. Segundo o delegado, o casal contratou o assassino, a pedido de Salete. Todos seguem na cadeia.

Marder foi morto com golpes de faca, no fim da noite de 26 de outubro de 2017, ou nos primeiros minutos do dia 27 de outubro, e desde a morte do bancário a Polícia Civil trabalhava com a hipótese de que mais de uma pessoa estava envolvida. Salete foi presa temporariamente e deu mais de um depoimento.
No primeiro, negou qualquer envolvimento. No segundo, relembrou Cano, disse que abriu a porta da casa onde vivia com Marder há cerca de dois anos, para que um desconhecido entrasse e lhe desse um ‘susto’.
Esta versão se confirmou no depoimento prestado pelo mecânico, que segue tendo o nome mantido em sigilo. Ele declarou que foi procurado pelo casal de namorados, que lhe ofereceram R$ 20 mil para matar o bancário. “Mas acabou recebendo apenas uma parcela de R$ 700 e outra de R$ 900”, mencionou o delegado.
Na noite do dia 26, após Marder sair de casa para ir a uma janta, o mecânico foi levado de carro até a casa da vítima. O veículo, dirigido pela amiga de Salete, entrou na garagem, para que os vizinhos não vissem o homem.
No depoimento, o mecânico disse que Salete abriu a porta e mostrou onde ele deveria ficar escondido. No depoimento, o homem disse que perguntou se ela realmente queria levar aquilo adiante, e ela disse que “sim”, revelou o delegado.
CARRO LIGADOA versão apresentada por testemunhas, que viram o bancário chegar, discutir com Salete e momentos depois voltar ao carro, que ficou ligado, na rua, foi esclarecida a partir do depoimento do mecânico. No seu relato, ele menciona que o bancário ficou desconfiado que poderia haver outra pessoa na casa – já que Salete se negou a abrir o portão para ele – e entrou no local, pela porta dos fundos, armado com uma faca.Houve uma briga e o bancário acabou atingido mortalmente e caiu quase junto à porta do quarto onde Salete estava com a filha – que é de outro relacionamento. O mecânico disse que ela abriu a porta e ouviu ele dizer que estava tudo acabado. “Então ela mandou ele pegar o carro e ir embora. Por isso as pessoas disseram que o bancário havia voltado ao carro e saído, quando, na verdade, quem saiu com a caminhonete dele foi o mecânico”, explicou o delegado.
Na sequência dos fatos, o mecânico ligou para o namorado da amiga de Salete ir buscá-lo em Linha Coronel Brito, onde a Captiva da vítima foi abandonada. Cano ressalta que o mecânico tinha a intenção de queimar a caminhonete, mas não o fez a pedido de Salete, “pois ela disse que a caminhonete custava muito dinheiro.”
De acordo com o delegado, os quatro envolvidos respondem por homicídio qualificado. O mecânico ainda responderá por furto, pois com ele foi encontrado um relógio de bolso, pertencente ao bancário. Salete está recolhida no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, enquanto que a sua amiga foi levada à ala feminina do Presídio Estadual de Lajeado. O mecânico e o namorado da amiga de Salete estão em alas separadas, na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva).