“Para iniciar a atividade na piscicultura, a primeira coisa a fazer é preparar o açude. E, para isso, é preciso corrigir o Ph da água utilizando calcário de lavoura. Mas antes de utilizar calcário, faça uma análise simples do Ph para ver quanto é necessário”. A orientação é do técnico agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Luis Antônio Marmitt, ao falar da necessidade da qualidade da água para o produtor ter sucesso na piscicultura. Quando o açude for antigo e estiver vazio, ou seja seco, Marmitt reforça a necessidade de se fazer uma desinfecção com cal virgem utilizando em torno de 200 gramas por metro quadrado e posteriormente adubação orgânica. “Lembre-se de que a cal queima, por isso utilize equipamentos de segurança como botas, luvas, óculos entre outros apetrechos para evitar acidentes. Outra forma é deixar o fundo do açude tomar sol por aproximadamente 10 dias”.
A qualidade da água é muito importante, por isso, Marmitt frisa que água boa para criar peixes deve ser esverdeada e apresentar uma transparência média de 30 centímetros de profundidade. Uma maneira prática de ver se ela está boa é utilizar o disco de secke, que é bem simples de construir, ou, colocar o braço até o cotovelo dentro do açude e espalmar a mão. “Se você conseguir ver os dedos da mão próximo a 30 centímetros é porque o açude está com boa fertilidade”, orienta.
Para se fazer uma adubação orgânica, pode-se utilizar como base no fundo do açude em torno de 300 gramas por metro quadrado de esterco de aves ou esterco de suínos na base de 500 gramas por metro quadrado. Também é possível utilizar esterco de bovinos na base de um quilo por metro quadrado. “Porém, deve-se utilizar apenas um destes estercos no fundo do açude para evitar adubação em excesso. Lembre-se também que o esterco utilizado deve estar bem fermentado”, aconselha Marmitt. Ele acrescenta que a adubação de manutenção deve ser realizada de acordo com a necessidade, ou seja, sempre tomando o cuidado de observar a transparência da água.
Quanto às espécies de peixes recomendadas para a criação em açudes, o técnico acentua que o recomendado é o policultivo com carpas capim, prateada, cabeça grande e húngara utilizando-se em torno de um peixe para cada quatro metros quadrados de lâmina de água. “O oxigênio é um dos aspectos mais importantes na criação. Excesso de peixes no açude provoca a morte dos mesmos por falta de oxigênio”, salienta. Para ocorrer um desenvolvimento satisfatório dos peixes, Marmitt explica que é recomendado utilizar rações complementares com alimentos disponíveis como raízes, pastos, grãos. Porém, sempre como o cuidado de evitar desperdícios ou mesmo alimentação em excesso, que pode até prejudicar a qualidade da água do açude. “Para a alimentação ser eficiente e com controle, monitore o desenvolvimento dos peixes periodicamente para acompanhar o seu crescimento”.