
Talvez só os mais velhos ou aficionados por Música Popular Brasileira (MPB) lembrem do Trio Ternura. Formado na década de 1960, o grupo teve participações na Jovem Guarda e nos tradicionais festivais da TV Record e da Rede Globo.
O trio musical já não existe mais, mas, no bairro São Francisco Xavier, em Venâncio Aires, um outro trio, diferente, se formou. Canta, encanta e é a ternura da Simone Carla Bencke, 32 anos. A auxiliar de veterinária tem em casa três calopsitas, suas aves “lindas e carinhosas”.
Para quem sempre teve animais como cães, gatos, coelho e até porquinho-da-índia, o interesse por aves é coisa recente. Depois do incentivo de uma colega de trabalho e o aval do marido Jorge – já que na casa eram três cães e quatro gatos – chegou o primogênito: Nenê, uma calopsita albina. “Fomos nos apegando de uma forma que queríamos ter mais, por isso encomendamos mais duas. São aves extremamente carinhosas e cheias de charme”, define Simone.
Ela conta que é a única a ser recepcionada, todos os dias, com uma gritaria para dizer ‘oi’. “Só eu tenho esse privilégio, só fazem isso comigo.” Além de Nenê, as outras calopsitas são a Mana e o Jack, o mais temperamental e que não gosta de fotos. O trio tem cerca de um ano e meio.
CUIDADOS
A alimentação das aves, explica Simone, é uma mistura de alpiste, painço, girassol e arroz com casca. Mas também recebem ovo cozido (que adoram!), além de couve e alface sempre fresquinhas. “Temos um cuidado enorme, talvez exagerado, mas cuidamos para não ficarem muito no calor e nem no frio, então à noite sempre ficam na sala com a gente. Nunca tive interesse por aves, mas agora não vivo mais sem elas.”
Um tucano em casa
No fim de fevereiro, Simone viveu uma situação inusitada: cuidar de um tucano. O animal chegou à clínica veterinária onde ela trabalha através da Secretaria de Meio Ambiente de Venâncio Aires. A suspeita era de fratura, depois de ter sido atacado por um cão. O veterinário constatou o problema, mas já era coisa antiga e isso limitava os movimentos da ave. “Como a secretaria não tinha lugar para levá-lo naquele momento, eu trouxe ele para minha casa até que arrumassem um lugar.”
Para o novo hóspede, Simone fez um cercado dentro do banheiro, onde o tucano, batizado de Fael, dormia e ficava a maior parte do tempo. Sua alimentação era à base de frutas, como banana e goiaba, mas o que gostava mesmo era mamão.
Todas as manhãs, meio-dia e fim de tarde, Simone higienizava o ‘cantinho’ e soltava o bichinho. Imediatamente, ele voava para o sofá, seu lugar preferido da casa. “Foi uma experiência incrível, acabei me apegando, mas sabia que um dia ele ia embora. Acho que também se apegou a mim, porque quando ficava sozinho começava a fazer o som típico da ave.”
O tempo de convívio durou cerca de três semanas. No dia do ‘tchau’, Simone conta que não ficou triste, porque sabia que iria para um lugar cheio de cuidados e carinho. Hoje, Fael está no Jardim Botânico de Cachoeira do Sul, onde só ficam animais que não têm condições de voltar a seu habitat natural.