28 dias de internação já valem 26 anos sem álcool para o caminhoneiro Ênio Schweickardt

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O motorista autônomo Enio Schweickardt, de 56 anos, decidiu contar sua história de superação do vício da bebida, para com isso, poder incentivar outras pessoas a seguirem o mesmo caminho. Ele se criou em linha João Alvez, onde com aproximadamente 12 anos começou a trabalhar com seu pai, que era cortador de pedras de alicerce. Anos depois foi morar em Passo do Sobrado, onde continuou os estudos e começou a trabalhar como caminhoneiro, fazendo fretes diversos.

Quando tinha por volta de 23 anos disse ter aumentado o contato com a bebida. “Antes disso eu só tomava de vez em quando, em situações esporádicas, como nos jogos de futebol, mas aos poucos fui aumentando a frequência, principalmente, quando amigos me ofereceram caipira e samba no bar da antiga rodoviária. Gostei tanto, que ia todos os dias, as vezes antes do almoço e sempre no final da tarde”, conta Schweickardt.

Disse que aos 21 anos começou a namorar, e aos 22, casou-se com Glardes Maria, sua esposa, com quem tem um casal de filhos. Relatou que seus irmãos comentavam que tinham amigos e conhecidos que estavam dependentes da bebida, e que lamentavam por isso. “Então eu pensei, mas eu não corro esse risco, jamais vou me tornar um dependente do álcool, então posso continuar bebendo nesse ritmo”, enfatizou ele.

Contou que alguns anos depois chegou a parar de beber por um ano inteiro, quando trocou de caminhão e tinha que economizar tudo que fosse possível para pagar as prestações. Com 24 anos voltou a frequentar os bares da cidade para bater papo com os amigos e tomar uma caipira, um samba, ou tomar uma cervejada. “Nessa época minha esposa começou a dizer que eu estava virando um bêbado, e eu comecei a admitir. Nessas bebedeiras já teve vezes que voltei prá casa de caminhão sem lembrar como, nem onde havia estacionado. Por sorte nunca me envolvi em acidentes. Me lembro bem que vomitei e passei mal várias vezes, e por isso, o pior dia da semana era sempre a segunda-feira, porque eu simplesmente estava acabado por conta das bebedeiras mais intensas dos finais de semana”.

Nesta fase da vida, sua esposa chegou a lhe propor de pelo menos beber em casa, o que Enio não aceitou, pois dizia que não tinha graça. Lamentou que estava aumentando mais e mais o vício da bebida, e que já estava misturando de tudo, até cerveja com cachaça. “Daí comecei a dar umas paradas, porque percebi que estava perdendo meus amigos, vários, e prejudicando minha saúde, sendo que consegui ficar em alguns momentos, duas semanas e até um mês sem beber. Mas logo voltava ao vício novamente. Foi então que decidi me internar na Clínica Central em Lajeado”, explicou o motorista.

Quando contou para sua esposa e para a sogra, elas disseram que ele era capaz de parar de beber sem a internação. Mas ele reconheceu que precisava da ajuda de profissionais para tentar sair da situação que estava prejudicando sua vida. Então seu cunhado o levou até a clínica, isso no ano de 1992, onde teve que pegar dinheiro emprestado para pagar a internação.

A RECUPERAÇÃO Afirmou que várias pessoas lhe disseram que não iria adiantar de nada, e que muitos teriam voltado a beber assim que chegaram de volta em casa. Mas mesmo assim ele foi e ficou 28 dias. “Adorei o lugar e comecei a buscar minha recuperação. Lá encontrei vários dependentes que estavam perdendo seu patrimônio, família e amigos por conta do excesso de bebida. As conversas que tive com as psicólogas foram muito importantes e comecei a me sentir otimista e mais seguro”.

Contou que as profissionais lhe explicaram que assim que ele retornasse para casa, iria passar por um desafio, pois iria até mesmo sentir o cheiro do álcool por onde passasse. “Me disseram assim: Enio existem várias coisas que todos queremos, mas só podemos ter algumas, então porque você não abre mão deste desejo que só lhe traz sofrimento. Seja forte, diga não, e prove para você mesmo que a bebida não te escravizará mais”.

Lembrou que quando saiu da clínica numa quinta-feira, sentiu muita vontade de parar em um bar no caminho para casa. Ao chegar lembrou que tinha cerveja na geladeira, e foi direto abrir uma. “Daí antes de tomar o primeiro gole, joguei a garrafa e o copo porta a fora, e disse prá mim mesmo, sou homem ou um rato. E desde então, não bebo mais”, garantiu Schweickardt.

Destacou que depois de dez anos começou a tomar cerveja sem álcool, e que isso, não o instiga a tomar cerveja com álcool. “Admito que é um desafio ficar limpo, mas tenho comigo que não vou voltar a ingerir bebida alcoólica. Quero sim, ajudar quem se encontra nesta situação, pois sei o quanto é angustiante e triste depender de um vício. Hoje tenho uma vida estável, bem resolvida, e principalmente o amor e o respeito da minha esposa, dos meus filhos, parentes e amigos, o que me deixa muito feliz”, concluiu o alcoolista em recuperação.

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