O trabalho continua. Após o reconhecimento do projeto ‘O protagonismo feminino em histórias reais, narradas para crianças em um audiolivro’ com 3º lugar na categoria Internacional da XI Feira de Ciências e Tecnologia do Colégio Girasoles, em Encarnación, no Paraguai, agora é momento de um novo passo.
As estudantes Kellen Letícia Hoffmann e Kelli Maria Guterres e a professora Fernanda Saldanha começaram na segunda-feira, 10, a produção do audiolivro ‘Elas por elas 2’, que vai contar a história de quatro venâncio-airenses escolhidas pela comunidade: professora Maria Philomena Miranda, agricultora Rosa Riedel da Silva, doceira Locrécia Francisca da Cruz e professora e co-fundadora da Paresp, Sara da Rosa.
Os moldes da obra serão os mesmos do primeiro que incluiu histórias com a da pintora mexicana Frida Kahlo, da ativista paquistanesa Malala e da brasileira Carolina Maria de Jesus – catadora de papel que teve um livro publicado.
Segundo a professora orientadora do projeto, Fernanda Saldanha, a escolha das mulheres foi feita por meio de indicações de pessoas da comunidade. “Recebemos 14 indicações e destas foram escolhidas cinco histórias para serem abordadas no audiolivro”, comenta. A seleção foi feita pela equipe do projeto e direção da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alfredo Scherer – educandário onde o projeto começou a ser realizado, em 2017.
Ao contatar com a família de três das indicadas, que já são falecidas, receberam a aprovação para o projeto. São elas a professora Maria Philomena Miranda, agricultora Rosa Riedel da Silva e doceira Locrécia Francisca da Cruz. Uma das indicadas ainda vivas agradeceu o reconhecimento mas não quis que sua história fosse abordada no trabalho. Já a outra indicada, a professora Sara da Rosa, aceitou e vai participar da publicação.
EXPERIÊNCIA Para Kelli Maria Guterres, 16 anos, uma das estudantes envolvidas no trabalho, a importância do projeto se dá por poder registrar histórias importantes que seriam esquecidas com o passar do tempo. “O audiolivro serve para apresentar essas histórias à comunidade e principalmente para as crianças”, considera.
Kellen Letícia Hoffmann, 15 anos, destaca que a produção de histórias de venâncio-airenses trará reconhecimento para as indicadas. “Não será fácil a produção das quatro histórias escolhidas, pois é necessário muito tempo e paciência. Mas, estamos fazendo o que a gente ama e tenho certeza de que vai valer muito a pena”, ressalta. No início do projeto, as alunas estudavam da Escola Alfredo Scherer, onde a ideia começou a ser desenvolvida. Hoje, Kellen é estudante da Escola Monte das Tabocas e Kelli do Instituto Federal Sul-Rio-grandense (IFSul).
COLETANa segunda-feira, 10, o grupo conversou com a primeira família para coletar todas as entrevistas e documentos para contar a história de Locrécia Francisca da Cruz, que foi escrava e comprou sua carta de alforria. Fernanda afirma que eles vão trabalhar uma de cada vez, finalizando a publicação para passar a seguinte. “Esse trabalho será mais extenso que o outro porque vamos contar as histórias por meio das narrativas orais da família e anotações antigas”, diz.
De acordo com Fernanda, a intenção da primeira edição era ter como referência mulheres fortes, determinadas e que venceram obstáculos na vida. Nesta segunda edição, a proposta é valorizar a história de Venâncio Aires por meio de mulheres escolhidas por suas trajetórias de garra e coragem.
O prazo máximo para conclusão do trabalho é novembro de 2019. O grupo deve apresentar o projeto na mostra científica Cientec, em Lima, no Peru.
“Este trabalho é uma oportunidade de manter viva a história de mulheres importantes da comunidade venâncio-airense.”FERNANDA SALDANHAProfessora orientadora
AS INDICADAS– Maria Philomena Miranda (professora, in memorian), indicada por Solange Petter Kauffmann.- Rosa Riedel da Silva (agricultora, in memorian), indicada por Cássia Roberta da Silva.- Locrécia Francisca da Cruz (doceira, in memorian), indicada por Silvania Inês de Carvalho.- Sara da Rosa (professora, co-fundadora da Paresp), indicada por Juliane Weiss Niedermayer.
Trabalho voluntário em evidênciaDas quatro indicadas para o audiolivro, três já são falecidas. A co-fundadora da Paresp, Sara da Rosa, aceitou a oportunidade de ter sua história contada. Para ela, é uma forma de valorizar o trabalho voluntário que muitas vezes não é reconhecido pela comunidade. “O meu trabalho é uma missão, não faço com intenção que seja divulgado, mas fiquei feliz principalmente pela entidade que represento”, comenta.