Selinho nos filhos: hábito saudável ou não aconselhado?

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O beijo tem significados diferentes na família. O selinho entre pais e filhos é uma questão delicada, uma demonstração de carinho, porém, ao mesmo tempo pode expor as crianças a riscos de viver em sociedade, influenciando o comportamento e também causar reflexos fora de casa.A psicóloga, especialista na Abordagem da Violência contra Crianças e Adolescentes e mestre em Promoção da Saúde, Joana Puglia, destaca que a função da família é iniciar a criança na ética social, ensinando aos pequenos a noção de certo e errado, de acordo com a cultura na qual vivem. “Precisamos ensinar nossos filhos em casa para depois não cometerem erros na rua. E não é na adolescência que se começa a ensinar um filho, mas, sim, na infância. O selinho é algo inocente, mas que pode acabar gerando problemas no futuro, pois temos que ter em vista também os casos de abuso infantil e pedofilia. Estamos negligenciando um perigo.”

Foto: Pexels / DivulgaçãoOrientação é que os pais busquem outras alternativas na hora de demonstrar o carinho aos filhos
Orientação é que os pais busquem outras alternativas na hora de demonstrar o carinho aos filhos

A profissional explica que o selinho não é um crime nem um abuso. “Cada caso é um caso”, pondera. Entretanto, Joana comenta que a melhor maneira de proceder com os filhos é pôr limites, ensinar a diferença do beijo entre um casal e entre pais e filhos. “Sempre falo que os pais tem dois deveres com os filhos. O primeiro é dar carinho, amor e afeto. O segundo é proteger, preparar a criança para a vida em sociedade.”Para a profissional, o correto é ensinar que o corpo é algo privado, que precisa ser respeitado. “Consentimento é fundamental, não somos obrigados a nada. Precisamos mostrar para a criança a não usurpação do corpo dela”, enfatiza Joana.Ela explica que a falta de afeto prejudica a criança, mas é preciso refletir sobre o local adequado de dar o ‘beijinho’. Ela frisa que o pequeno sem afeto será um adolescente carente, mas o beijo precisa ser algo restrito, e o ensinamento deve ser onde dar o beijo, na bochecha ou na testa, mas não na boca. A psicóloga explica que isso pode causar uma confusão na cabeça da criança, e que as diferenças de amor devem ser ensinadas.

“As crianças estão expostas a uma cultura de exibição. As novelas não ensinam o que criança pode e o que não pode. Então ela cresce vendo aqueles exemplos. É preciso mostrar que adulto tem hábito diferente que criança, tem coisa que só adulto pode fazer com adulto. É difícil, mas dá certo, estamos perdendo uma chance de ensinar a diferença de afeto. E em tempos de tanta violência, é bom ter consciência.” JOANA PUGLIAPsicóloga

Meta é ensinar a diferença de atitudes de criança e adulto

Para Joana, não existe maldade no selinho, ela considera o ato uma demonstração de afeto. “Mas o não dar o selinho não significa que não é amor. A criança precisa entender a diferença de público e privado. Mostrar o que pode e o que não pode. Os pais têm medo de ensinar o não, pois acham que a criança perde o amor, isso não é verdade.”Ela destaca que não é possível ensinar os medos do mundo, mas essencial prevenir as situações de abuso. “Assim vamos ensinar que tem coisa que criança pode e tem coisa que não pode. Hoje, a infância corre sérios riscos, e ensinar desde cedo o domínio do corpo é fundamental.”

Foto: Rosana Wessling / Folha do MatePsicóloga Joana ressalta a importância de deixar claro o limite e a diferença entre um carinho entre namorados e pais e filhos
Psicóloga Joana ressalta a importância de deixar claro o limite e a diferença entre um carinho entre namorados e pais e filhos

A psicóloga aponta outras formas de carinho como abraços e beijos. Joana evidencia a importância de deixar claro o limite e a diferença entre um carinho de namorados e o carinho de pais e filhos. “Os pais podem encher o filho de beijinhos, mas sempre respeitando os locais, ensinando e respeitando o domínio do corpo.”

 

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