
A adolescência, período que compreende as idades entre os 10 e 19 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estágio da vida em que o corpo passa por inúmeras transições, sejam elas hormonais, psicológicas e anatômicas. Por conta da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência foi promovida, no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro Battisti, uma roda de conversa que alertou sobre o impacto da gravidez precoce.
Participaram do bate-papo, jovens e mães. Durante o evento, conduzido pela psicóloga Camile da Rosa e pela assistente social Ana Cláudia do Amaral Teixeira, muitos foram os relatos apresentados. Inclusive participou uma adolescente que está no sexto mês de gestação. Ana Paula Rodrigues da Rocha, de 19 anos, aguarda ansiosa pelo nascimento da primeira filha, a Sofia Emanuelly.
Apesar dela ter planejado esse momento e contar com acompanhamento médico, a realidade de Ana Paula é completamente diferente da maioria das jovens que engravidam nessa faixa etária. “Estou feliz, mas o indesejado da gravidez são as mudanças repentinas no corpo”, revela Ana Paula.
Já a comadre e madrinha de Ana Paula, Maria Gasparina de Mello, de 40 anos, também falou durante a roda de conversa. “Engravidei pela primeira vez aos 14 anos e perdi toda a minha juventude por isso. Tive que abandonar o momento que seria de festa para ser mãe. Hoje eu vejo que errei ao engravidar nessa idade”, alertou.
CUIDADOS PSICOLÓGICOS E EMOCIONAIS Já as profissionais alertaram que engravidar durante a adolescência pode trazer consequências para o desenvolvimento psicológico e emocional da menina e da criança. “Engravidar nesse período é, na maioria dos casos, uma atitude não planejada, que pode gerar consequências emocionais, sociais e econômicas tanto para a mãe quanto para o filho”, enfatizou Ana Cláudia.
Contudo, as profissionais também destacaram que mesmo sendo, muitas vezes, um momento de crise e até de ruptura familiar, nem sempre as consequências são desastrosas.
Ana Cláudia ainda alertou que, com essa gravidez precoce, há também uma exclusão dessa jovem, que deixa os estudos e apresenta grande dificuldade de inserção social e no mercado de trabalho, resultando um desequilíbrio socioeconômico na vida dessas jovens. Para ambas as profissionais o principal meio de prevenção se dá pelo diálogo. “As famílias não podem encarar a sexualidade como tabu, e é necessário maior investimento em educação sexual e mais campanhas de prevenção”, afirma a Camile.
CUIDADOS MÉDICOS Pesquisas médicas indicam que a gravidez na adolescência pode favorecer o desenvolvimento de casos graves de anemia, diabetes gestacional e mesmo hipertensão. Entre outros problemas que podem ou não resultar em uma gestação, existe ainda a possibilidade de infecção por doenças sexualmente transmissíveis.
Entre os métodos contraceptivos mais aconselhados estão o uso de preservativo, que evita a gravidez precoce e a infecção por doenças e a pílula contraceptiva. Para esse uso, a adolescente deve conversar com seu pediatra e com médico ginecologista, que deve ser consultado a partir da primeira menstruação.

SEMANA MUNICIPAL
Autora do projeto que criou, em 2018, a Semana Municipal de Orientação e Prevenção da Gravidez na Adolescência em Venâncio Aires, a vereadora do PDT e assistente social, Ana Cláudia do Amaral Teixeira sugere alterar a data da Semana Municipal, que inicialmente propôs para setembro, por ser próximo ao Dia Mundial de Prevenção da Gravidez na Adolescência. O objetivo é trazer a programação para fevereiro para coincidir com a proposta nacional que institui a semana a partir de 1º de fevereiro.
REALIDADE LATINA E BRASILEIRA
Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a taxa de gravidez entre meninas de 15 e 19 da América Latina é a segunda mais alta do mundo. Pelos dados do estudo Critério Brasil, o planejamento familiar e o conhecimento sobre contracepção não atinge 68% dos brasileiros. Somado a isso, as mulheres nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, têm em média um número maior de gestações e, consequentemente, sofrem mais riscos de morte relacionada à gravidez. Conforme o levantamento, 60% das jovens de 15 a 19 anos já recorreram à pílula do dia seguinte.
De acordo com Organização Pan Americana de Saúde, a probabilidade de uma mulher com até 15 anos morrer em decorrência da gestação é de uma em 180 mulheres nos países em desenvolvimento, enquanto que naqueles que são considerados desenvolvidos a probabilidade é de 1 em 4,9 mil. Quando não morrem em decorrência de complicações da gestação, mulheres que não desejam prosseguir com a gravidez se arriscam em clínicas clandestinas para interrompê-la. Anualmente, o Ministério da Saúde regista 250 mil internações em decorrência de complicações no aborto.
