De acordo com a Constituição Federal (artigo 14, parágrafo 1º), a partir dos 16 anos o voto passa a ser facultativo. Esta questão deixa os adolescentes em dúvida ao optar ou não pela prática da democracia, que passa a ser obrigatória somente aos 18 anos.
Apesar de estarem cada vez mais inseridos na situação política do país, ao ser bombardeados por informações contínuas divulgadas pela mídia convencional e pelas redes sociais, muitos dos jovens ainda estão despreparados, sem uma opinião formada para participar do pleito ao se inserir nesta decisão democrática.
O futuro do país está nas mãos da nova geração, mas para isso é preciso ter bom senso dos seus atos e certeza ao escolher os representantes que irão governar o Brasil, nos próximos quatro anos. Para auxiliá-los nesta decisão, o cientista político Fredi Camargo, conversou com o Na Pilha! ao sugerir o método que dará mais segurança aos jovens no momento do voto. O Na Pilha! também ouviu dois jovens que estão passando por esta experiência, ao decidir se irão participar ou não do pleito, neste dia 7 de outubro.
Votar pela primeira vez
Bruna Eduarda Hochscheidt, 16 anos, faz parte dos jovens que devem votar pela primeira vez no domingo, 7. Depois de encaminhar o título de eleitor, a estudante do 2º ano do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) campus Venâncio Aires, Bruna tinha certeza que queria votar. “Penso que a partir dessa eleição sentiremos as consequências de nossas escolhas, então acho muito importante escolher um candidato que tenha o mesmo pensamento”, afirma.
Acredito que seja de extrema importância participar da vida política do país
Para ela, é de extrema importância participar e falar sobre a vida política do país. Mesmo que essa seja a primeira eleição que irá votar, Bruna pesquisou o nome de todos os candidatos no Google, olhou vídeos sobre política no YouTube e acompanha os debates. “Minha dica é pesquisar sobre o assunto, o que o candidato tem como propostas, como foi sua vida política até o momento, e acompanhar os que se identifica”. Além disso, sempre que pode conversa com a mãe sobre o assunto e tenta deixar claro sobre o que pensa dos candidatos.
Pesquisar o máximo
A jovem, Kênia Lemos Alves, 17 anos, estudante da Emef Cidade Nova, está na idade em que o voto nas eleições ainda é facultativo. No domingo quando ocorrerem as eleições para presidente e governador, a jovem não irá às urnas. Segundo ela, preferiu se manter afastada dessa decisão para exercer essa função apenas quando for obrigatório. “Na minha escola há muita discussão sobre política, não apenas lá, mas como estamos ouvindo muitas coisas a respeito disso, preferi não votar e me preparar para as próximas eleições”, diz. Sempre que conversa com amigos ou conhecidos sobre essa decisão, Kênia conta que sempre busca mais informações a respeito do candidato. “Quando eu fizer meu título, vou pesquisar o máximo possível e analisar as propostas”, afirma.
16 a 24 anos: jovens nas urnas
A cada eleição, seja municipal ou presidencial, jovens começam a exercer um papel importante diante da sociedade: o de voto. Mesmo que até os 18 anos, ainda seja facultativo, muitos adolescentes encaminham o título de eleitor para exercer essa função e dar uma contribuição diante da escolha daquele que será responsável por presidiar a cidade, estado ou país. Conforme levantamento feito pela Folha do Mate em agosto deste ano, são 7.220 jovens aptos a votar dos 16 a 24 anos em Venâncio Aires. No entanto, somente 7% dos eleitores dessa faixa etária não estão na obrigatoriedade de participar do pleito que irá eleger o governador do Rio Grande do Sul e presidente da República.
Participação jovem no pleito
A constituição brasileira permite o voto facultativo dos jovens a partir dos 16 anos, mas muitos não possuem uma opinião formada e preferem não fazer parte dessa decisão democrática. De acordo com o cientista político, Fredi Camargo, no inconsciente coletivo, muitos acham que a idade é imatura para exercer o ato de cidadania mas, o contrário do que a grande maioria pensa, ele acredita que, apesar da pouca vivência, muitos jovens têm capacidade de conhecimento e habilidades para captar informações e formar uma opinião sólida ao decidir o futuro político das comunidades. “Passamos por uma transição rápida de gerações, o advento da tecnologia facilitou o maior acesso à informação para a tomada de decisões dos jovens”. Segundo o cientista político, é preciso fazer uma análise aprofundada dos dados ao observar a vida dos candidatos, porque o número de informações disponível na plataforma tecnológica não diz respeito ao conhecimento, uma vez que, algumas informações são fake já outras, verdadeira
s. Camargo afirma que é preciso pesquisar sobre os candidatos não somente na internet mas também, em outros meios, assim como, arquivos, jornais e mídias tradicionais. “O mais importante é pesquisar o passado do que as propostas dos candidatos ao conhecer a vida, o comportamento e a linha de pensamento, porque no período eleitoral, eles algumas vezes, assumem uma conduta maquiada e ensaiada a partir dos discursos elaborados por marqueteiros focados na campanha eleitoral.”
De acordo com dados da matéria da Folha do Mate, dos 7.220 jovens aptos a votar dos 16 a 24 anos em Venâncio Aires, mas na faixa dos 16 anos, apenas 114 possuem título de eleitor. De acordo com Camargo, a política ainda está desacreditada. “Através da imprensa livre, recebemos notícias atuais que assumem o papel na construção de informações. que infelizmente trazem como consequência, o descrédito na política.” Já que aos 16 anos o voto é facultativo, a tendência é que se tenha uma diminuição de eleitores. Devido ao descrédito na conduta política, muitos adiam este compromisso e a participação no pleito.