Golpes que ensinam

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Descarregar a energia, derrubar o adversário, queimar calorias e…exercitar a disciplina. Inicialmente, pode parecer estranho, mas é exatamente isso. Entre as principais habilidades desenvolvidas pelas lutas marciais estão a disciplina. Inclusive, ela é um item primordial para a evolução e a troca de faixas dos esportes.

Esse é um dos aspectos destacados nesta edição especial sobre lutas marciais. Para conhecer mais sobre o assunto, conversamos com praticantes e professores e fomos até o tatame para conferir, de perto, um treino de judô. Quem sabe mais gente se inspira e aposta nesses esportes que, mais do que fomentar a disputa, buscam contribuir para a formação de bons cidadãos? Boa leitura!

Luta com disciplina, paciência e coragem

Vitórya Gesing, 14 anos, teve o primeiro contato com o judô, há cerca de 2 anos e, logo se identificou com a modalidade. Já que a prática envolve luta corporal, no primeiro momento, a família teve receio. “Quando eu disse para minha mãe que queria praticar judô, ela gostou, mas teve medo que eu me machucasse. Já meu pai, logo apoiou a minha decisão e meu padrasto também me incentivou bastante”, relembra.

A judoca conta que, depois que começou a praticar o esporte, muita coisa mudou. “Quando estou treinando, me sinto mais calma. Aprendi a ter mais disciplina e mudei o meu comportamento em casa. Além disso, tive uma melhora no rendimento escolar, pois aqui há muita cobrança quanto a isso”, salienta.

Vitórya pratica judô quatro vezes por semana, na Associação Venâncio-airense de Judô (AVA). Algumas vezes, ela treina com meninos, mas já participou de oito campeonatos regionais e estaduais femininos. “Praticar com meninos exige mais esforço físico, já com meninas, tenho mais facilidade”, comenta.

Hoje, Vitórya é faixa azul no judô e já levou duas medalhas para casa. No ano passado, ela conquistou o 1º e 2º lugar, no campeonato regional, na modalidade Sub-15, menos 57 quilos, nas competições que ocorreram em Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires.

Autoestima

A convite do tio, que já praticava judô, Vinícius Malfati, 14 anos, também apostou no esporte. Com o objetivo de perder peso e praticar uma atividade extra, além dos jogos de futebol, Vinícius iniciou o esporte há cerca de duas semanas. “Eu estava um pouco desmotivado e o judô me proporcionou uma melhora na autoestima.”

Embora tenha enfrentado dificuldades para realizar alguns movimentos nos primeiros treinos, principalmente durante a corrida e os exercícios de preparação, o jovem tem superado os desafios e, no decorrer da prática, tem ganhado mais autoconfiança e determinação.

Vinícius é faixa branca no judô, pratica a modalidade quatro vezes por semana, e pertence à categoria sub-18. Ele pretende conquistar outras faixas e, quem sabe, participar de campeonatos no futuro.

Vitórya e Vinícius trocam experiências no tatame, durante os treinos de judô. ( Foto: Taiane Kusller/ Folha do Mate)

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Além do treino físico

Esporte de origem japonesa difundido no mundo todo, o judô agrada e ensina crianças, jovens e adultos. Segundo o sensei (professor em japonês) Marco Antonio Pretto, 55 anos, no judô, é fundamental ter paciência para ensinar e paciência para aprender.

As aulas podem ser feitas por meninas e meninos a partir dos 6 anos. Pretto conta que já ministrou aulas kids para alunos de 4 e 5 anos, mas, o ideal para aprender o esporte é 6 anos. “Hoje, não tem mais essa de atividade para homem e mulher. O esporte é para todos. Inclusive, a Seleção Brasileira Feminina de Judô ganha destaques, prêmios e pódios mais vezes que o masculino”, comenta.

O judô é um dos esportes que exercita a disciplina. De acordo com o sensei, que também é integrante da Federação Gaúcha de Judô, além de árbitro das competições da federação, outras habilidades também são exercitadas no esporte, como coordenação motora, coragem, solidariedade, convívio e integração.

Os treinos variam conforme a idade e a vontade do aluno. Mas, conforme Pretto, que pratica judô há 43 anos, uma hora de treino por aula é o adequado, no mínimo dois dias da semana. O professor afirma que o aluno precisa estar atento a diversos itens para conquistar as faixas. “O primeiro item é disciplina, além do conhecimento das técnicas, comportamento dentro e fora da academia e participação em competições. Cada professor faz a sua exigência para trocar de faixa, mas o bom comportamento é imprescindível”, garante.

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Cores no judô

A trajetória no judô é marcada pela troca de faixas, que podem acontecer de ano a ano. O iniciante recebe a faixa branca e conforme a evolução técnica e comportamental conquista as demais cores.

1 Branca

2 Cinza

3 Azul

4 Amarela

5 Laranja

6 Verde

7 Roxa

8 Marrom

9 Preta dividida em 10 dans (graus)

Conhecendo algumas lutas

O Na Pilha! foi buscar entender um pouco mais sobre as lutas, o que as diferenciam e algumas das suas peculiaridades. Por isso, nada melhor do que conversar com alguém que é expert no assunto. Educador físico e secretário municipal de Cultura e Esportes, Henrique Maciel da Silva começou a praticar judô aos 4 anos.

A procura pelo esporte também foi um incentivo da família, já que era uma criança muito hiperativa. Ele conta que o judô contribuiu muito para a sua formação de caráter. “A doutrina do judô de respeitar o adversário, o convívio em harmonia, controle emocional, saber lidar com a ansiedade nas competições, agregaram muito na minha vida, até para lidar com o próximo e com determinadas situações”, destaca. Henrique salienta que estes ensinamentos são para a vida e que, por meio destes esportes, ajudam na formação de pessoas melhores, além de auxiliar na socialização.

Em seguida, Henrique explica as principais características do judô, karatê e muay thay. Ele observa que todos estilos de artes marciais ganharam bastante visibilidade com o crescimento na audiência do MMA, e lembra que também se destacam as práticas de jiu-jitsu e wrestling.

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Entenda as diferenças:

JUDÔ – Oriundo do jiu-jitsu, arte marcial utilizada para o treinamento dos samurais, foi criado pelo mestre Jigoro Kano, o qual subtraiu as técnicas mais violentas e as adaptou, formando a arte marcial do judô como uma forma de defesa pessoal. O judô se resume a técnicas e quedas, imobilizações, estrangulamentos, chaves e torções, por meio dos quais se busca imobilizar ou submeter o oponente sem lesioná-lo.

KARATÊ – É uma arte marcial que aplica golpes como socos, pontapés, golpes de joelho, cotoveladas e técnicas de mão aberta. Ambas as modalidades desenvolvem além do sistema de lutas e de ‘Katas’, que podem ser entendidas como formas de apresentação, sistematizadas e repassadas de geração para geração. Essas duas artes têm origem japonesa, e a proximidade de seus mestres transcrevem suas ideologias.

MUAY THAI – Conhecido também como Box Tailandês, tem origem na Tailândia e é conhecida como “a arte das oito armas”, pois caracteriza-se pelo uso combinado de punhos, cotovelos, joelhos, canelas e pés, estando associada a uma boa preparação física que a torna uma luta de contato total bastante eficiente.

ONDE LUTAR EM VENÂNCIO

Judô: Sova, Associação Venâncio Airense de Judô (Armando Ruschel, 48) e em oficinas escolares como na Copeva (Colégio Oliveira)

– Muay thay: Konzen’s Team Centro de Treinamento (Félix da Cunha, 1224)

– Karatê-do: Jinqaqu dojo (Félix da Cunha, 1216)

– Jiu-jitsu: Garra Team (Osvaldo Aranha, 805, sala 203)

    

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