João Afonso da Silva Beltrame, promotor de Justiça encarregado das investigações de irregularidades nos condomínios Altos da Aviação, Pôr do Sol e Bela Vista, está encaminhando à Caixa Econômica Federal (CEF), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), 132 casos de inadequações em moradias populares em Venâncio Aires. Algumas podem ser revertidas – especialmente as que tratam de casos de mortes de beneficiados e cujas famílias não regularizaram a sucessão dos imóveis -, mas a maioria dos casos é de fraudes mesmo. Tem de tudo: venda, aluguel, abandono, gente que não tinha direito e ganhou e por aí vai. Provavelmente, a maior parte destes apartamentos será colocada à disposição do cadastrado habitacional do município, que tem 850 cadastrados hoje.
MAIS UM FILTRO
Ao mesmo tempo que elogiou o trabalho feito pela atual Administração em relação à abordagem nos condomínios, João Beltrame disse que o processo de seleção para os apartamentos populares teve uma sucessão de erros, anos atrás. Por isso, a partir de agora, o Ministério Público deverá receber cópias dos cadastros de quem está à espera de uma unidade popular, consolidando assim mais um filtro das informações prestadas. O promotor destacou que tanto Caixa quanto Prefeitura deixaram de confirmar as informações prestadas, e que isso facilitou a ocorrência de fraudes. “O cadastro e autodeclaratório, por isso deveria ter havido mais cuidado. Lógico que muito se deu em razão da índole de determinadas pessoas, que agora vão pagar pelos seus atos, mas é preciso ser mais minucioso em relação a estes processos”, sustentou.
VONTADE DE CHORAR
Secretário municipal de Habitação e Desenvolvimento Social, Arnildo Camara declarou, ontem, em entrevista à Folha do Mate, que seria muito oportuna a liberação de apartamentos populares para pessoas que realmente necessitam e que estão no cadastro da pasta. Comentou que ele mesmo, quando assumiu a secretaria, notou que na lista de sete mil nomes à espera de uma unidade habitacional, “muitos eu sabia que não precisavam estar ali para ganhar um apartamento”. Camara disse ainda que “tem dias na secretaria que dá vontade de chorar”, em referência ao elevado número de pessoas que vão até o local buscando informações sobre habitação popular. “São mães com dois, três ou mais filhos e até idosos que não têm condições de pagar aluguel ou já foram despejados”, afirmou.