A cada nova estatística divulgada sobre a violência contra as mulheres, números escancaram uma triste realidade e também mostram que estes atos estão, de fato, enraizados na cultura das pequenas e grandes cidades.
Números que causam indignação, machucam, porém, ao mesmo tempo, demonstram que os casos estão chegando ao conhecimento das autoridades policiais para que haja ação, prevenção e suporte àquelas que sofrem os mais diversos tipos de violência, afinal, hoje estima-se que apenas 10% dos casos são denunciados.
A ‘diminuição’ da mulher, historicamente, é uma luta a ser vencida, em diferentes ambientes e espaços, públicos e privados. Mas é dentro das casas, onde o desrespeito, a desigualdade e a intolerância ganham mais espaço. Estatísticas indicam que 40% dos casos ocorrem nos lares onde as vítimas moram. A naturalização da violência, infelizmente, já é uma realidade. Se por um lado o silêncio de muitas mulheres ainda adia a punição de agressores ou até, o pedidos de socorro, muitas outras, inclusive incentivadas por outras histórias e vivências, estão encorajando-se e denunciando os casos de violência cometido, na esmagadora maioria dos casos, por maridos, namorados ou companheiros.
Matéria que a Folha publica na edição deste sábado ( 8 de junho de 2019) mostra que somente de janeiro a maio deste ano, 74 mulheres sofreram ameaças e 25 registraram lesão corporal. No observatório de violência, Venâncio já registra, desde o começo do ano, três estupros e dois feminicídios. Ao traçar o perfil das mulheres que são vítimas de violência, a Patrulha Maria da Penha indica que 55% das denúncias envolvem mulheres que têm entre 45 e 60 anos e não possuem renda. Aliás, este dado evidencia que aqueles que ‘gerenciam’ os lares, estão entre os principais agressores. Neste contexto está a violência financeira, pouco falada, mas uma realidade de tantas donas de casas, que muitas vezes, abandonam seus empregos para se responsabilizar pelos afazeres domésticos e na criação dos filhos. E, nesta lista pode-se citar os abusos emocionais e psicológicos, afinal, muitos casos começam com as cobranças, com a fiscalização e xingamentos.
Nesta semana, um caso suspeito de violência contra a mulher ganhou espaço na imprensa mundial, por envolver o jogador de futebol Neymar. O caso, ainda confuso e repleto de versões, entretanto, não retrata a realidade, muito menos, o perfil e a gravidade da maioria dos casos. A maioria ainda se cala, tem medo e vive no anonimato. A maioria não tem suporte e orientação.
A maioria são Marias e Joanas que conhecemos e talvez nem sabemos que precisam de ajuda. Ainda há muito a avançar, mas temos trabalhos exemplares para aplaudir e muitas iniciativas e propostas sendo discutidas buscando banir agressores e suas diversas formas de violência. Em Venâncio, quem diz ‘basta’, se encoraja e se permite virar a página, tem o suporte da Patrulha Maria da Penha, que visita, ouve, aconselha e garante segurança.
Também tem o apoio do Posto de Atendimento à Mulher que funciona junto à Delegacia de Polícia e, desde março, Venâncio conta com um Conselho Municipal criado para incentivar, apoiar e defender as mulheres. Essa rede é fundamental, mas o passo número 1 deve ser dado pela própria vítima. O papel dos gestores, das escolas, das instituições e entidades é apoiar, incentivar e educar nossas novas gerações. Juntos podemos dar um basta à violência.