Aos 38 anos, Jorge Eduardo Bernardi vem se destacando como árbitro auxiliar na arbitragem gaúcha e brasileira. Na última semana, o quarteto gaúcho formado por Leandro Vuaden, Rafael da Silva Alves, Jorge Bernardi e Daniel Bins comandou o clássico de maior torcida do país. Flamengo x Corinthians jogaram a partida de volta pelas oitavas de finais da Copa do Brasil. No jogo de maior responsabilidade da carreira de Bernardi, o Fla bateu o Timão por 1 a 0 diante de 55.586 pagantes, e avançou às quartas do torneio nacional.
Nesta partida, foi quebrado o recorde de público e de renda na competição com mais de R$ 3,5 milhões. Quis o destino que o gol marcado pelo zagueiro Rodrigo Caio tivesse a presença do VAR, e num lance primeiramente anulado por Jorge Bernardi, aos 86 minutos do segundo tempo.

Folha do Mate – Jorge, como tu avalias o crescimento na carreira de árbitro e até onde pretendes chegar como auxiliar?
Jorge Bernardi – Meu crescimento é desde o amador de Venâncio e região. Depois disso foram jogos nas categorias de base, jogos nos profissionais e depois a indicação para a CBF. Isso é um amadurecimento como assistente. Todos foram importantes pois aprendemos a cada jogo algo novo para ir galgando degrau a degrau, jogo a jogo nas escalas. Estou muito mais maduro e vou continuar me aprimorando. A família está sendo muito importante também como a presença de minha esposa e de meus filhos.
Como está a adaptação com o sistema de VAR. Vocês assistem a muitas palestras e treinamentos para se atualizar?
É uma ferramenta nova que veio para nos auxiliar nas tomadas de decisões. Somos seres humanos e podemos errar. O VAR está ali para corrigir as injustiças no campo de jogo, mas procuramos trabalhar como se não estivesse o sistema. Participei de um curso em São Paulo de dez dias somente sobre o protocolo de VAR e volto no fim do mês para me aprimorar ainda mais.
Especificamente naquele lance aos 40 minutos do segundo tempo, você ergueu a bandeira marcando impedimento no gol de Rodrigo Caio. Estava convicto de que ele estaria impedido. Caso houvesse dúvida deixaria o lance seguir, já que há o VAR para conferir o lance após o desfecho?
Tive convicção no momento da jogada, segui o protocolo do VAR de deixar o jogo seguir numa situação de gol. Aí que entra a questão da justiça; graças a Deus foi corrigida e alterada a decisão. Foi um erro pois um jogador que está a dois metros na minha frente atrapalha a visão e naquela hora vi impedimento. Lance difícil mas que precisa ser analisado por mim, até porque em jogos que não tem VAR depende apenas da arbitragem de campo.
Por fim, como foi essa experiência em trabalhar num jogo onde estiveram reunidos os dois clubes de maior torcida e num palco consagrado como é o Maracanã?
Flamengo x Corinthians, Maracanã, oitavas de finais da Copa do Brasil, jogo da volta: foi muito gratificante, é claro que trabalho para isso, para estar em grandes jogos. Mas esse foi uma experiência única e fantástica. Fiquei extremamente feliz e realizado dentro dessa trajetória na arbitragem. Agradeço a todos que torceram, que me enviaram mensagens e me incentivaram para que desse tudo certo. Era uma decisão num Maracanã lotado e num jogo eliminatório. Espero que seja apenas o primeiro de outros jogos com esse nível.