É comum encontrar pessoas no banco da praça trocando ideias ou relembrando histórias. Na Capital Nacional do Chimarrão, no entanto, o ponto de referência é outro: o banco da rodoviária velha’ localizado na Jacob Becker, entre a Osvaldo Aranha e Júlio de Castilhos.
Já faz 35 anos que a rodoviária mudou de endereço, mas a tradição de sentar no banco de madeira ainda permanece.
Entre as pessoas que circulam no local é comum encontrar alguém falando em alemão ou, que, pelo menos, carregue um sotaque marcado, como o aposentado Erli Köhnlein, 61 anos. O morador de Linha Isabel vem à cidade duas a três vezes ao mês e é comum descansar na rodoviária velha. “Muitas pessoas se reúnem para conversar neste lugar enquanto esperam o ônibus.”
Para a agricultora aposentada, Ilani Felten, 64 anos, o banco da antiga rodoviária é um ponto de referência. “Antes, tinha vários horários de ônibus que iam para o interior, agora isso não existe mais. Sempre venho de táxi quando preciso e aproveito para descansar aqui”, diz a moradora de Centro Linha Brasil.
A rodoviária velha também segue viva na memória de motoristas como Paulo Arlindo Rosa de Lima, o ‘Vinte e um’. O local fazia parte do seu roteiro diário, quando trabalhava como motorista.
“Na época, os ônibus estacionavam paralelo à calçada e, depois, o estacionamento mudou para o oblíquo. A Jacob Becker era de chão batido e depois recebeu paralelepípedo”, relembra ‘Vinte e um’, que já é aposentado, mas ainda trabalha na Viasul.
Segundo ele, várias empresas de transporte intermunicipal circulavam no local, como a Pick, Martins, Albatroz, Expresso Gaúcho e Viasul. Hoje, com 82 anos, alguns detalhes não vêm mais à memória, mas ele observa que os degraus e o piso da Agropecuária Wickert permanecem os mesmos da antiga rodoviária e lembra que, na esquina da Júlio de Castilhos com a Jacob Becker, funcionava o Supermercado Artus – onde hoje está o restaurante Favorito.
LEMBRANÇAS DO CANHOTO
Para o aposentado Plínio Heinen, 80 anos, o ‘Canhoto’, a antiga rodoviária traz recordações da juventude. “Eu e meu irmão íamos comprar carne para o churrasco com uma cesta na mão, no Açougue do Nica. Quando tínhamos tempo, chegávamos na rodoviária para encontrar os amigos.”
Ele lembra que o local era um ponto de chegada e partida de muitos visitantes, tanto do interior quanto de outras cidades, e também era um espaço para “jogar conversa fora”. “Tinha jogos de mini-esnuque, cafezinho e outras bebidas. Eu não utilizava o transporte, mas sempre nos reuníamos lá. Pela manhã eu ia tomar chimarrão das 6h às 8h, e na parte da tarde, uma caipirinha”, conta, sorrindo.
Canhoto foi um dos primeiros comerciantes a instalar uma lotérica próximo à rodoviária. “O local sempre foi bastante movimentado. Hoje, os únicos comércios que ainda se mantêm são a lotérica e a barbearia.”

(Foto: Taiane Kussler)
