A rápida expansão populacional, aliada ao aumento das condições de vida dos cidadãos, veio colocar desafios aos gestores. Ruas que hoje não existem, mais vias de mão única, novas rótulas em cruzamentos e novas ciclovias são questões passam a estar em pauta no trânsito de Venâncio Aires a partir deste semestre, quando será estudada a atualização do Plano Diretor de Transportes e Mobilidade Urbana. A primeira versão do projeto foi instituída em 2014.
O município de Venâncio Aires, considerado um dos polos econômicos do Vale do Rio Pardo, é um dos destaques na lista de cidades com mais carros por pessoa: temos um veículo para cada 1,5 habitante. Além disso, a Capital Nacional do Chimarrão, assim como outras cidades de grande e médio porte, não possui significativo espaço para a ampliação de suas principais vias de trânsito.
A população e a frota crescem, mas a estrutura física se torna cada vez mais precária, com ruas estreitas, vagas de estacionamento escassas e mobilidade urbana deficiente. Com mais motoristas nas ruas, as consequências vão do movimento intenso – que causa engarrafamentos nos horários de pico – à aceleração do desgaste das estruturas viárias do município.
Para sanar esses problemas, mais do que investir na elaboração de um novo plano de mobilidade urbana, a Prefeitura também prevê a implementação de algumas medidas pontuais no trânsito para facilitar o dia a dia. De acordo o servidor do Departamento Municipal de Trânsito, João Araujo, estão entre os desafios desafogar o trânsito em alguns pontos, que se tornaram gargalos nos horários de maior movimento.
MINI-ROTATÓRIA
Pensando nisso, o Departamento Municipal de Trânsito está em vias de finalizar várias intervenções, mais pontuais na região central da cidade. Estavam em estudo a instalação de duas mini-rotatórias, mas a partir de estudos in loco uma está praticamente descartada.
A mini-rotatória a ser instalada, possivelmente até agosto, ficará no entroncamento das ruas Júlio Castilhos e Armando Ruschel e Marechal Floriano. Pois a Armando Ruschel é importante via que o Centro a bairros como a Cidade Alta, Dona Leopoldina, Cidade Nova, Gressler, Bela Vista e Bem Feita, além do distrito de Vila Arlindo. Já outra que estava projetada para ficar em frente à Comunidade Católica Santa Rita de Cássia, do bairro Gressler, possivelmente terá que ser descartada pelo desnível do terreno, apontado pelo estudo.
Saiba mais
Binário: Avança o projeto de instalação de mini-binário na rua Júlio de Castilhos, na entrada do estacionamento do supermercado Imec. Com isso, as vagas de estacionamento da zona azul em ambos os sentidos da rua, desde a sinaleira da esquina da Júlio de Castilhos com a Voluntários da Pátria, até a entrada do estabelecimento, serão removidas. Com isso, naquele espaço serão criadas três vias. Quem transitar no sentido sul/norte com a intenção de ingressar no estacionamento do Imec precisará fazer ao acessar a pista central. O esboço do projeto e o material para a sinalização vertical estão aprovados. “Ao longo das próximas semanas será providenciado”, disse Araujo.
Marcação: Para tentar diminuir os congestionamentos que se formam no cruzamento das ruas 15 de Novembro e Tiradentes, em horários de pico, uma marcação de área de conflito será providenciada. Trata-se de uma sinalização em amarelo, pintada no asfalto para indicar aos condutores a área da pista em que os veículos não devem parar. Ela é empregada para reforçar a proibição de parada e estacionamento na área da interseção, o que prejudica a circulação. A pintura pode ser feita também ainda este mês e possivelmente em dia de semana.
O caminho da cidade passa pela mobilidade urbana
A mobilidade urbana visa permitir a locomoção das pessoas com facilidade, independentemente do tipo de veículo utilizado. É ter a garantia que ao tomar um ônibus chegará ao local e no horário desejado, salvo em caso de acidentes, por exemplo.
Alternativas suficientes para deixar o carro na garagem e ir ao trabalho a pé, de bicicleta ou com o transporte coletivo. “É dispor de ciclovias e também de calçadas que garantam acessibilidade aos deficientes físicos e visuais”, enfatiza o professor da Universidade do Vale do Taquari (Univates), mestre em planejamento urbano e regional, Marcelo Arioli Heck.
Entre as possíveis soluções para reverter tais problemas está a conscientização da população por meio do uso de transportes públicos, aponta a também professora da Univates, Carolina Becker Pôrto Fransozi, que é engenheira civil e mestre em Ambiente e Desenvolvimento. Contudo, o transporte coletivo possui um problema sério que a falta de planejamento na maioria das cidades.
Conforme os professores o serviço de transporte público deve conter rotas fáceis e eficientes, para que o ônibus não precisa passar em todas as ruas, mas nas principais, que devem contar com boa abrangência e com a infraestrutura necessária.
Segundo Heck, as pessoas não andam tanto de ônibus porque atualmente ele não é um sistema atrativo. “Se o ônibus for mais barato ou mais rápido as pessoas irão de ônibus. No caso das bicicletas acontece o mesmo. Você não tem que esperar as pessoas andarem de bicicleta para fazer a ciclovia, você tem que fazer a ciclovia para as pessoas andarem de bicicleta.
A ciclovia funciona como um incentivo, utilizando a demanda induzida para uma alteração positiva do cenário atual”, explica. “Mas mesmo assim campanhas e ações voltadas a reflexão do transporte sustentável são necessárias”, acrescenta Carolina.
Na atualização do Plano Diretor de Transportes e Mobilidade Urbana é intenção aumentar a projeção de ciclovias e ciclofaixas, que atualmente existem basicamente no Acesso Grão-Pará e em trechos como nas ruas Armando Ruschel (Gressler) e Salvador Stein Goulart (Macedo).
Tirando o pé do acelerador e colocando no pedal
O delegado de Polícia Vinícius Lourenço de Assunção, 46 anos, é um dos adeptos da bicicleta como meio de transporte. Ele mais ou menos precisa percorrer diariamente um quilômetro para chegar até a Delegacia de Polícia. Apesar dos motivos que o levaram à mudança serem evidentes, o espanta que a bicicleta enfrente residência na comunidade local.
Com a bicicleta, Assunção consegue fazer seus trajetos cotidianos mais rapidamente ou no mesmo tempo que levaria de carro.
Outro motivo é o ganho em qualidade de vida, uma vez que o uso da bicicleta combate o sedentarismo, não emite nenhum tipo de poluição, gera pequeno custo de manutenção, além de trazer inúmeros benefícios para a saúde. “A expectativa é de que como tempo a conscientização aumente para que a bicicleta deixe de ser vista apenas como um instrumento de lazer”, completa. Ele também possui um patinete elétrico, mas por conta dos benefícios à saúde usa mesmo.