A banda Dozeduro realiza apresentação em formato acústico na próxima sexta-feira, 9 de agosto. O show, em formato excepcional para os padrões do grupo, ocorre no Bar do Gordo (15 de Novembro com a Tiradentes), a partir das 20h. Além da já decana banda local, a festa vai dispor da célebre discotecagem de Cadu Villanova, o popular DJ Gordinho. Até aí, tudo dentro do script. A grande sacada está ao final do convite do evento publicado no Facebook: a cobrança de ingresso é de valor livre. Ou seja, quem for assistir é que define quanto – e se – pagará para estar presente, sem valor mínimo (ou máximo) estipulado. “Você decide quanto vale nossa festa”, diz o anúncio.
Quer pagar quanto?
Sem dúvidas, uma tática corajosa e que não se vê todo dia, sobretudo nas esquinas tantas vezes anacrônicas de Sebastianfield. Impossível não se lembrar do Radiohead, quando lançou o disco In Rainbows, em 2007, disponibilizado para download sob as mesmas condições no site da banda, após rompimento desta com sua gravadora da época. São iguais e opostos: enquanto grupos como o de Thom Yorke já ganharam fortunas na carreira, bandas de garagem costumam ser somente hobbys para sujeitos que, de segunda a sexta, batem o cartão em empregos mais convencionais do que tocar rock’n’roll. Por um viés ou outro, desafiar a lógica financeira do negócio e invocar a fidelidade do público é digno de nota.
Que tal?
Em dias em que atos singelos e cotidianos, como acessar um site ou folhear o jornal, tornam-se tão perturbadores, é impossível não refletir: e se tal filosofia fosse aplicada à coisa pública brasileira? Imagine definir o valor de taxas e alvarás conforme as condições da rua ou praça em frente a sua casa. Lembrar a tranqueira para chegar em qualquer lugar, visto as obras de construtora terceirizada, na hora de pagar a conta para a Corsan. Ou chegar à praça de pedágio e, na hora de decidir o valor da tarifa, perceber quantos buracos tentaram arrebentar a suspensão do seu carro no caminho. Seria o colapso do sistema: a grande maioria dos cidadãos acabaria por pedir indenizações pelos serviços que, hoje, são compulsoriamente pagos e (não) prestados por quem recebe.
Mas…
Tudo muito bem até aqui, mas (e há sempre um mas em tudo, diria Erasmo de Rotterdam citado por Hiltor Mombach)… na mesma próxima sexta-feira, haverá outra atração a ser conferida e que não pode deixar de ser aqui registrada: a banda lajeadense Just Blues, na choperia Max Haus, na rua Henrique Vila Nova. O quinteto da cidade vizinha tem quase vinte anos de carreira e uma execução excelente e bem escolhida de números obrigatórios do gênero nascido no sul dos EUA. A página da casa informa que já há possibilidade de reservas, através do fone 9 9741-2165.
Três acordes
# OK, é fato que os públicos das duas festas e seus locais de realização não são exatamente os mesmos. E agendas, por vezes, são difíceis de serem conciliadas.
# Mas, na penúria (também) no quesito noturno-musical da cidade, este escriba lamenta o supracitado conflito de datas.
# Cabe salientar: a declaração acima é em tom propositivo. E vem de alguém temeroso de que, mais e mais, o contato das pessoas com a música se restrinja a YouTube e NetFlix. Vide o programa outrora apresentado por Tony Ramos, caberá a nós decidir.