Ser mãe, muitas vezes, não é só uma opção para a mulher. É um objetivo, um dom, um desejo, uma vocação. No caso de Lisete Fátima Bertolini Oestreich, que completa 53 anos na próxima segunda, 7, ser ‘mãe’ é praticamente um verbo – de ação, mas também emoção – nos últimos 31 anos, quando teve o primeiro filho.
Mas sua história com a maternidade a remete ao momento que virou filha do Antenor (já falecido) e da Aldina, hoje com 72 anos. “Nasci já passando do tempo. Naquela época, cesária era coisa rara e eu e a mãe quase falecemos. Ela ficou oito dias internada. Depois, o doutor Plínio [Luiz da Silva] disse que a mãe não poderia mais engravidar, por isso sou única”, conta Lisete.
Até os 7 anos, ela e os pais moraram no bairro Santa Tecla, que ainda era uma ‘colônia’ quando o casal se mudou de Lajeado para Venâncio, há mais de 50 anos. Antenor trabalhava com o compadre Pedro Marquetto (o do supermercado). Já Aldina alternava entre faxinas e a safra de tabaco.
A família, então, comprou um terreno no bairro Gressler, na ‘antiga faixa para Santa Cruz’, hoje rua Armando Ruschel. É neste endereço que Lisete mora até hoje. Com a mudança, ela foi matriculada na escola Zilda de Brito Pereira. Também estudou no Gaspar e terminou o ensino fundamental no Cônego Albino Juchem. “Parei porque já precisava ajudar em casa e comecei a trabalhar, aos 16 anos, no Marquetto, no mercado dos meus padrinhos.”
Lisete trabalhou ainda no supermercado Ebert, mas parou com apenas 20 anos por problemas no estômago. Logo em seguida, descobriu que estava grávida. Com a chegada do primogênito, Ítalo, ela e o marido Claiton, que é chapeador, decidiram: Lisete não trabalharia mais fora.
Quando tinha 30 anos, nasceu Átila, hoje com 22 anos e que foi tentar a sorte em Florianópolis, Santa Catarina. Mas, Lisete revela, seus maiores ‘testes’ na vida vieram em 2007, quando ela tinha 40 anos. Uma gravidez de risco seguida de um problema de saúde. A terceira filha nasceu prematura, com 1,365 kg, e ficou internada na UTI pediátrica do hospital de Estrela. Foram 38 dias chuvosos, indo e vindo. Por causa dessa ‘luta’, a menina recebeu o nome de Vitória.
COMPARAÇÃO
“Quando a Vitória nasceu, me lembrei da mãe, numa situação parecida”, conta Lisete. A comparação foi pelo parto complicado, as dúvidas, os medos, a força e a fé para que sua filha vivesse. Isso foi superado. Mas, logo em seguida, outro susto: um tumor no colo do útero. A descoberta inicial e a rápida cirurgia impediram que o câncer evoluísse. “Graças a Deus, tudo eliminado.”
A relação, também maternal, com a escola Zilda
Lisete estudou no Zilda, assim como os filhos mais velhos e a caçula, Vitória, que está no 6º ano. Essa relação fez com que ela levasse seus cuidados de mãe de dentro de casa também para a escola, participando do Conselho Escolar, da Merenda Comunitária e da Feira de Ciências. “Tenho um carinho muito grande pelo Zilda e sempre gosto de ajudar.” Também na escola, ela atuou como mesária nas eleições durante 21 anos.
No último sábado, 28, Lisete diz que foi supreendida com a premiação do Mãe do Ano, durante o Folha Cidadania, no bairro Gressler. “Não esperava, realmente. Porque tem outras mães que também fazem muito pelo bairro, a escola e as crianças.”
Perguntada se tem orgulho dos anos os quais dedicou e ainda dedica aos filhos, Lisete sorri e nem pensa muito. “Cuidar do lar e dos filhos também é uma profissão, que a gente faz com amor durante toda a vida e o pagamento é só de coração. Isso vale por tudo.”