Pela sobrevivência

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A própria sobrevivência de uma cultura de shows, gravações, bandas de garagem e tudo mais que cerca tal cenário é a missão-mor deste inesperado Vênus Rock, que rola hoje com shows a partir das 20h, na Sociedade de Leituras. Não há mais o fator novidade presente nas primeiras edições do evento, ainda na década passada. O espaço do estilo na preferência das pessoas, de modo geral, vem em curva descendente desde então – ou até de muito antes. E há uma porção de adventos como redes sociais, NetFlix e afins para levar o tempo, dinheiro e interesse das pessoas a outros lugares. E se ainda assim, com tudo isso, haverá um festival com gente interessada em se divertir ao tocar ou apreciar a música, é um sinal positivo para a música em âmbito local.

Fator surpresa

Na escalação de nove bandas para este sábado, Dozeduro e Mastodonte serão as mais fortes caras da cena local, muito em função de suas trajetórias duradouras e consistentes, calcadas na música autoral. A coluna recomenda atenção redobrada ao show de Rafa Sehn e Banda, o penúltimo da noite. O amigo e entendedor do riscado Sandoval Wildner bem flagrou: Sehn pode tocar muito bem qualquer coisa que lhe der na telha, seja Eric Clapton, Prince, Raça Negra ou Behemoth. É sabido, porém, que executará aquilo que lhe vier à mente quando acordar com inegável maestria e pegada bluesy. No campo musical, o festival precisa surpreender tal qual fez ao anunciar que estava vivo e voltaria à tona neste sábado.

Grande noite

O próprio Bruce Dickinson falou, no show do Iron Maiden em Porto Alegre na quarta-feira, sobre a perna brasileira da turnê da banda: aquela seria a grande noite do giro pelo país. A apresentação anterior, em São Paulo, havia sido muito boa, enquanto a do Rock In Rio foi classificada pelo próprio apenas como “OK”. Bingo: o sexteto inglês tocou demais na capital da província. Dickinson, em especial, foi espetacular. Sua interpretação para os clássicos Where Eagles Dare e Flight of Icarus, há muito escanteados do setlist justamente pela elevada exigência vocal, foi arrebatadora.

Mais e menos

O Festival Estudantil de Música é um projeto legal já de alguns anos. Shows de talentos nas escolas que levam os vencedores a um grande evento no fim de ano, em que os jovens artistas são divididos e premiados conforme a escolaridade. A edição deste ano foi na noite da última quinta-feira em frente ao Museu – o que também é válido, de modo a evidenciar a casa cultural e o belo Edifício Storck. Mas terá sido uma boa, para tanto, trancar o trânsito da rua principal da cidade em horário de pico? Já não é o bastante o transtorno gerado pelas obras da Corsan, a falta de um plano de tráfego e o exílio dos fiscais no Parque do Chimarrão? O incentivo à arte é nobre e as crianças, as justíssimas homenageadas do dia, sempre merecem o melhor. Das mentes adultas ao redor, porém, é preciso mais pensamento – e menos financiamento.

Três acordes

# Sobre a rua principal: ouvi de um fiscal de trânsito certa vez a ideia de que o sentido da mesma fosse invertido com o da Júlio de Castilhos e se tornasse via de mão dupla.

# Afinal, a Osvaldo Aranha é uma rua de eventos – musicais, inclusive, como o supracitado. Seria preciso pensar, mas isso é muito custoso para o padrão médio local.

# Mais Iron Maiden na capital: atrevi-me a rabiscar algumas linhas mais do que o exposto aqui. Por questões de espaço e edição, disponibilizo o texto em minha página no Facebook, no endereço facebook.com/gefersonkern.

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