Mais do que um companheiro no dia a dia familiar, o convívio com um animal de estimação auxilia no processo de desenvolvimento social das crianças. A neuropsicopedagoga Ana Silvia Hickmann da Rosa explica que o contato com os animais libera o neurotransmissor dopamina, que estimula o prazer e a alegria. “O contato com animais também fortalece os laços necessários para um desenvolvimento afetivo e amadurecimento das relações”, afirma.
Ela destaca que quando a criança tem animais em seu entorno e tem a responsabilidade de cuidar, sua relação amadurece. “A criança absorve que tem junto a si um ser com necessidades e personalidade própria”, diz.
Entre os aprendizados que um animal de estimação pode desenvolver é o entendimento e consciência da responsabilidade perante o mundo, no qual a transformação de um mundo melhor também é responsabilidade daquela criança.
Ana Silvia ressalta que os pais também devem demonstrar interesse em criar vínculos com o animal, já que as crianças vivem e imitam o comportamento dos adultos. “Dar um animal para a criança somente para entretê-la ou até para que esta tenha um convívio, sem que os pais também construam relações com o animal, não deve ser feito”, alerta.
“Quando a criança tem animais no seu convívio e responsabilidade de cuidar, sua relação amadurece.”
ANA SILVIA HICKMANN DA ROSA – Neuropsicopedagoga
Um amigo de quatro patas
A pequena Helena Quintana Ebert, que está prestes a completar 5 anos, convive com animais desde que nasceu. Os pais Maiquel Ebert e Jocinara Quintana contam que desde as primeiras semanas de vida ela já teve contato com os cachorros que viviam na casa da família. “Deixamos os cachorros se aproximarem dela para que eles também entendessem que a família tinha mais um membro, depois foi só alegria, temos vários registros de fotos e vídeos dela interagindo”, relata a mãe.
Quando Helena nasceu, a família tinha dois cachorros: Duque e Max. “Desde o início ela quis tocar, fazer carinho, nunca teve medo”. Agora, os cuidados são exclusivos para Mingau, um gato de 1 ano e 4 meses. “A presença do gatinho foi importante, pois em maio deste ano perdemos o Max. Ele foi atropelado e devido à idade avançada, foi medicado e observado por 20 dias, mas não resistiu”, relata.
Jocinara diz que foi a primeira vez que precisou conversar com a filha sobre morte. Ela lembra que Helena passou um tempo ainda sem entender, perguntando quando ia ver ele e quando ia voltar do veterinário. “Foi triste, então a presença do gato, que era filhote e brincalhão, ajudou a superar”.
“É uma oportunidade de ensinar valores e responsabilidade de conviver com o animal, entender que ele tem necessidades e sentimentos como nós.”
JOCINARA QUINTANA – Mãe da Helena e tutora do Mingau
A mãe acredita que a convivência com os animais é uma oportunidade de ensinar valores como o amor e respeito pelos seres vivos e a natureza. “É interessante ver como ela trata ele como membro da família. Sempre que conta para alguém sobre a família, nunca esquece dele. Inclusive nos seus desenhos, ele sempre está presente”, afirma.
O vínculo com os animais de estimação durante toda a trajetória da filha foi extremamente importante na avaliação dos pais, que adotaram todos os animais de estimação que tiveram e aprovam e incentivam a adoção.
Além de casa, Helena também tem contato com os animais de estimação dos familiares. As avós Teresa e Leci, as quais visita com mais frequência, são tutoras da Laika e Sofia, e Lucke e Bilu, respectivamente.