Quem tiver sugestões sobre o que deve ser levado em consideração no projeto de revitalização do Calçadão, pode protocolar propostas, na Prefeitura, até o dia 14 de novembro. A decisão saiu após encontro de mais de duas horas, realizado nessa quinta-feira, 31, no Ministério Público. Conduzida pelo promotor Pedro Rui da Fontoura Porto, a reunião contou com as presenças de empresários e proprietários de imóveis do Largo do Chimarrão, representantes da Administração, engenheiros e arquitetos. Depois das explanações e apresentações de argumentos, o prefeito Giovane Wickert assegurou que, caso alguém tenha interesse de apresentar esboços ou um projeto alternativo, o Município também fará a análise das sugestões.
A Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo disponibilizará o projeto original, para que os interessados em apresentar sugestões sejam objetivos, inclusive apontando orçamentos referentes ao que estão propondo. Quando o prazo for encerrado, a titular da pasta, Jalila Sthal Böhm Heinemann, junto com técnicos da Prefeitura, encaminhará a avaliação de viabilidade para a adoção das medidas sugeridas. A secretaria terá até o dia 29 de novembro para se manifestar em relação às sugestões. Na sequência, a intenção é deflagrar a revitalização do Calçadão, o que deve ocorrer depois da Festa do Bastião, que em 2020 ocorre entre os dias 17 a 20 de janeiro. Mexer no local antes do Natal e Ano Novo está descartado.
AS DIVERGÊNCIAS
A agenda na Promotoria terminou com um encaminhamento que agradou os participantes, contudo em alguns momentos houve fortes divergências. De um lado estavam a Administração, empresários e proprietários de imóveis do Largo do Chimarrão; de outro, o grupo de arquitetos e urbanistas que, desde o início, contestou vários pontos da proposta de revitalização. Os empresários defendendo as obras para já, uma vez que eles serão responsáveis pelo custeio de dois terços do projeto; os demais profissionais autônomos sustentando que, por se tratar do ‘coração’ de Venâncio, o Calçadão merece ser pensado em um contexto mais amplo, para que a revitalização possa ser feita em etapas, sem a descaracterização do espaço.
VAGAS E CALÇADAS
Embora qualquer cidadão possa protocolar suas sugestões em relação ao assunto, a expectativa é de que o ‘grosso’ das propostas fique por conta de engenheiros e arquitetos que manifestaram interesse de colaborar com o projeto de revitalização. Como as tipuanas do lado esquerdo de quem desce a rua Osvaldo Aranha já foram cortadas e não há mais como voltar atrás, os principais debates devem se formar acerca do número de vagas para estacionamento e estreitamento das calçadas para que a pista de rolamento seja ampliada, para suportar dois veículos lado a lado. O que o prefeito Giovane Wickert deixou claro foi que as alterações propostas precisam considerar um investimento máximo de até R$ 300 mil.
A Associação de Engenheiros e Arquitetos de Venâncio Aires (Asseava) conta, desde ontem, com o material referente ao projeto original de revitalização do Calçadão. Mais informações podem ser obtidas na Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo, que fica na rua General Osório, no Centro, ao lado da Prefeitura. O telefone para contato é o 3983-1000.
O QUE DISSERAM
• “Precisamos encaminhar a revitalização do Calçadão. Temos registros de vitrines quebradas e de rachaduras em prédios. Além disso, queremos manter os passeios públicos em dia, pois também já chegaram ao nosso conhecimento episódios de quedas de pessoas no Largo do Chimarrão. Temos o entendimento de que o lado esquerdo de quem desce a Osvaldo Aranha precisa de mudança urgente, e o lado direito pode ser feito depois. Inclusive há sinalização do deputado federal Marcelo Moraes de uma demanda de R$ 500 mil para a revitalização. O mais importante é que o planejamento saia do papel.”
Giovane Wickert, prefeito de Venâncio Aires
• “Depois de tanta discussão, entramos agora no momento de sugestão de ideias. Quem tem alguma colaboração, agora é a hora de apresentar. A gente sabe que há muitas boas ideias e queremos ouvir as manifestações, mas sempre deixando claro que é preciso ir adiante. Temos que achar o consenso, inclusive acho interessante que a população possa escolher entre dois os três projetos, desde que as ações se concretizem. O problema das tipuanas, árvores que deram muito prejuízo a empresários e donos de imóveis, está resolvido. Agora, seguimos dispostos a colaborar com a revitalização, mas é preciso agilidade.”
Airton Bade, dono de comércio no Calçadão
• “Este projeto é importante demais para ser discutido em tão pouco tempo. É preciso criar, manter e fortalecer uma identidade visual do Calçadão e da cidade. A proposta tem de ser uma só, mesmo que seja executada em etapas, para evitar a descaracterização. Defendemos audiências públicas, fora do horário de expediente, para que a comunidade pode participar do processo. No projeto da Prefeitura, há espaço para dez vagas de estacionamento, sendo que a tendência mundial é de tirar os carros aos poucos. Precisamos considerar a vocação do Calçadão, que é atrair não apenas turistas, mas também os moradores de Venâncio Aires. Quem vai comprar no comércio é o cidadão, não é o carro dele.”
Fernanda Soares, arquiteta
“Minha tarefa, como gestor público, é fazer com que todos acabem no mesmo lado do balcão. Quero ver as coisas acontecerem e, para isso, conto com a colaboração de cada um de vocês.”
GIOVANE WICKERT – Prefeito de Venâncio Aires
TIPUANAS
- Sobre o corte das tipuanas, o secretário de Meio Ambiente, Clóvis Schwertner, afirmou que há mais de dois anos a Administração vem verificando a saúde das árvores. “Não foi uma decisão tomada da noite para o dia”, declarou.
- De acordo com ele, algumas árvores já tinham cerca de 12 metros de altura e raízes muito agressivas. “O corte foi autorizado com base em critérios técnicos, não políticos. É uma árvore imprópria para aquele local”, comentou.
- O secretário disse ainda que, em casos como este, “é importante agirmos com a razão, e não com a emoção, já que o Largo do Chimarrão é o coração de Venâncio Aires”. Ele lembrou que a Prefeitura e os empresários e proprietários de estabelecimentos do Calçadão firmaram um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público para a compensação das tipuanas cortadas.