Passar horas em um transporte coletivo não é uma realidade restrita, apenas, a quem mora em grandes centros. No interior de Venâncio Aires essa situação também se repete. Todos os dias, Cristina Isabel Lourenço, 16 anos, de Linha Marmeleiro, precisa passar mais de duas horas por dia em trânsito. São 54 quilômetros percorridos todos os dias dentro de um ônibus até a Escola Estadual Sebastião Jubal Junqueira, e vice-versa.
A realidade dela não é muito diferente dos estudantes de outras regiões do interior do município. A Capital do Chimarrão possui grande malha viária e a extensão territorial no perímetro rural exige significativo investimento para manter 20 roteiros escolares ao longo do ano. Para garantir todos esses trechos, anualmente, o investimento chega a R$ 7 milhões.
Além disso, hoje, todo o transporte de alunos é feito por empresas terceirizadas. A Prefeitura atualmente transporta, por meio dessas empresas, tanto estudantes da rede municipal, quanto da rede estadual. São cerca de três mil estudantes que, todos os dias, utilizam o transporte coletivo fretado ou por meio do subsídio da compra de passagens.
“Apesar do Estado complementar financeiramente, a maior parte do investimento sai dos cofres públicos municipais”, destaca a secretária de Educação de Venâncio Aires, Joice Battisti Gassen. Para tentar baixar os custos, o Município quer implementar sua própria frota de veículos escolares.
CAMINHOS DA ESCOLA
O primeiro veículo para ser incorporado à frota municipal foi confirmado pelo Governo Federal. Trata-se de um ônibus que pode passar a rodar já no próximo ano em Venâncio Aires, a depender do andamento do processo licitatório. O coletivo foi conquistado por meio do programa Caminhos da Escola, mantido pelo Ministério da Educação.
O primeiro passo, no entanto, é a análise do projeto de lei, por parte dos vereadores. Embora não exista contrapartida diretamente vinculada, o Município precisará complementar valores caso a tabela do ano passado, criada pela União, fique muito aquém dos preços atuais.
Mesmo que Venâncio Aires tenha sido contemplado, o Município é o único do Vale do Rio Pardo que, ainda não dispõe de veículo subsidiado pelo Caminhos da Escola. No ano passado foi protocolado pedido de seis ônibus, mas só o primeiro foi confirmado.
MOTORISTAS
Apesar do Município ter interesse em investir na frota própria de coletivos escolares, ainda permanece indefinido se motoristas para a função serão remanejados ou se profissionais novos serão contratados a partir da realização de concurso público que está previsto para ocorrer em dezembro. “Isso será definido em conjunto com o Gabinete do Prefeito e da Secretaria de Administração”, informa Joice.
TRANSPORTE GRATUITO
Quem também estuda na Escola Estadual Sebastião Jubal Junqueira é Eduardo Gabriel Specht, de 16 anos, que reside em Linha Cachoeira. Ele passa pelo menos uma hora por dia em trânsito. E detalhe: quase sempre perde um pouco da aula.
Como o coletivo não é exclusivo para o transporte escolar, o ônibus normalmente passa em frente ao educandário de cinco a dez minutos depois do início da tarde letiva.
“Se tivéssemos um ônibus escolar específico a realidade poderia ser outra. Mesmo assim não posso me queixar porque nunca faltou passagem para nós”, informa o estudante do primeiro ano do ensino médio.