A professora Isabel Cristina Wilsmann, 52 anos, exala amor pela profissão. Natural de Venâncio Aires, a diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Pedro Beno Bohn conta que com muito esforço conseguiu se formar em Magistério, Biologia e depois a pós-graduação em Supervisão Escolar. Hoje é aposentada pelo Município e aguarda se aposentar pelo Estado.
Ela lembra que passou grande parte de sua infância em Lajeado. “Meu pai trabalhava fazendo asfalto, então eu nasci aqui e depois fomos para Lajeado até minha adolescência.”
Mas, durante esse período vinha, às vezes, para Venâncio. “Eu e minha amiga vínhamos passear aqui, principalmente no Carnaval, porque era muito bonito. Nesse tempo conheci a Noemi Costa Machado, já falecida, que depois se tornou minha segunda mãe.”
Posteriormente, quando Isabel tinha cerca de 19 anos, e fazia um curso técnico de escritório em Lajeado, teve a oportunidade de voltar à cidade natal e passou a trabalhar com Noemi. “Ela sabia que eu queria ser professora e disse que iria me ajudar. Então larguei tudo e vim para cá realizar esse sonho”, ressalta. Logo ela começou a cursar Magistério no antigo Colégio Aparecida. Quando chegou a época de fazer estágio, ela ganhou uma bicicleta e ia todas as tardes até a antiga escola 15 de Novembro, que ficava no Acesso Dona Leopoldina. “Quando terminei meu estágio comecei a trabalhar na biblioteca do Aparecida”, relembra.
Emocionada, a educadora conta que um dia dona Noemi colocou ela no carro e levou até a Universidade de Santa Cruz do Sul para escolher um curso. “Lembro de falar que eu não tinha como pagar uma faculdade. Mas ela disse que iria me auxiliar até eu conseguir caminhar com as próprias pernas.” Foi quando decidiu cursar Biologia, pois sempre amou os animais e plantas. “Fiz vestibular e passei. Ali fiz muitas amizades que estão comigo até hoje”, conta.
A professora fez concurso para o Município e começou a atuar na antiga escola Abrahão Kniphoff, na região serrana de Venâncio Aires, com a turma do pré. Para chegar na escola era preciso fazer um trajeto de quase duas horas de ônibus. Depois atuou por um tempo com turmas do Ensino Médio na escola cenecista, que tinha em Mariante. Também ficou por alguns anos na rede municipal de Santa Cruz, época que trabalhou com o Ensino Fundamental. “Eu pegava dois ônibus para chegar na escola, mas eu gostava, porque em toda minha caminhada encontrei pessoas maravilhosas que me ajudaram muito.”
Depois de percorrer algumas escolas, Isabel começou a atuar na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Duarte de Macedo, onde atuou por 24 anos. “Fiquei um tempo trabalhando de dia em Santa Cruz e à noite na Duarte”, explica. A profissional comenta que na época muitas pessoas falavam que esta era uma escola difícil, mas que ela adorou atuar lá. “Eu sempre dei aula com muito amor, tive alguns desafios, porém a equipe de professoras era maravilhosa, sempre nos apoiamos muito”, destaca. Pelo concurso do Estado ela começou a atuar Professor Pedro Beno Bohn, depois passou por outras escolas, até voltar para fazer parte da equipe diretiva da atual escola.
Isabel analisa que nesses anos que atua na educação percebeu que o comportamento dos alunos mudou bastante. “Antes os alunos eram mais desafiadores, eu preparava a aula sempre com mais conteúdos, tinha que ter várias fórmulas, porque eles questionavam. Hoje eles não dão bola, o que tiver tá bom, se exigir demais o professor é ruim. Sinto falta de ser desafiada no conhecimento”, lamenta.
A docente também comenta que fica realizada ao ver os antigos alunos bem. “Tenho ex-alunos que estão formados, trabalham em banco, e até colegas de profissão que foram minhas alunas. Isso mostra que eu ajudei a formar boas pessoas e é o maior orgulho que carrego dentro de mim”, salienta. Ela ainda destaca que atualmente, os professores não são reconhecidos pelos alunos. “Até os familiares deixaram de ver a importância do professor. E meus antigos alunos me agradecem até hoje, eles valorizavam mais.”
Sobre o comportamento nas escolas, ela ainda diz que sempre é um desafio, porém é preciso entender que todos são diferentes e precisam ser tratados com amor. “Nem sempre o aluno que incomoda não vai ter a oportunidade dele, ele cresce e muitas vezes aproveita a oportunidade. Por isso, vejo que, às vezes, precisamos ser psicólogos também.”
Comparando o interior com a cidade, Isabel conta que anos atrás, os alunos de bairros eram mais agitados, atualmente, são iguais. “Antes tinha que ter uma postura diferente para cada escola, agora é igual. O interior não tem mais a calmaria do aluno. Digo isso porque sou diretora em uma escola do interior, mas sempre que posso estou na sala de aula para conversar e ensinar.”
“Na minha trajetória eu trabalhei com educação infantil, anos inicias, ensino fundamental, médio e supletivo. Por isso me realizei, por ter trabalhado com todas as idades.”
MÃE
Isabel tem um filho de 21 anos, que criou sozinha. Ela conta que durante a gravidez era casada, mas quando o menino tinha um mês de vida acabou se separando. “Logo no início uma tia veio me ajudar, tive muitas pessoas queridas ao meu lado, auxiliando eu e o Augusto”, lembra. Mas ela não deixou isso ser um problema, sempre trabalhou para dar o melhor ao filho. “Ele estudou sempre em escolas boas. Fiz minha trajetória com ele, sempre juntos.”