Milho está em alta, mas perda de espaço para soja preocupa

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“No momento, o mercado do milho está mais para alto do que para baixo e tem venda garantida. Porém, a cada safra, ele está perdendo espaço para a soja e isto nos preocupa”. A afirmação é do engenheiro agrícola da Cooperativa Languiru, João Dresch, feita durante o bate-papo promovido pela cooperativa na manhã de terça-feira, 3, para marcar um ano de funcionamento do Agrocenter em Venâncio Aires, localizado na Linha Barbosa, às margens da RSC-287.

Dresch disse que a cooperativa tem esta preocupação pois consome, em média, 12 mil sacos do cereal por dia na fábrica de rações em Estrela e que o milho novo da safra 2019/20 vai começar a entrar no mercado somente a partir da segunda quinzena de janeiro de 2020. Com a adversidade do clima – são necessárias pelo menos mais três boas chuvas, para completar o desenvolvimento do cereal -, no momento fica difícil fazer um diagnóstico sobre o que vai ocorrer com o milho. “O mercado deste cereal é muito dinâmico e, ao mesmo tempo, especulativo, pois nos três últimos meses, houve um aumento no preço”, comentou.


“O produtor deve atentar para a rotação de culturas, consorciando a soja com outros grãos, como o sorgo e o milho, por exemplo.”

JOÃO DRESCH – Engenheiro agrícola da Cooperativa Languiru


PRODUTOR

Com uma área de 33 hectares – o que corresponde a 43 sacas de sementes de 20 quilos cada -, o produtor André Becker, morador de Linha Olavo Bilac, há sete anos investe forte na produção de milho. Nesta safra, aumentou em dez hectares a área plantada e afirma que quando começou a apostar na produção, a soja ainda não estava muito presente no município e não era muito conhecida.

“Além disso, o milho é de fácil produção e lida e conheço bem esta cultura”, diz, acrescentando que o cereal é uma das culturas de diversificação da propriedade, pois também planta 14 mil pés de tabaco. Becker adianta que desde que começou a investir no milho, vem reduzindo a quantidade de tabaco e que pretende encerrar o plantio. Um dos fatores que também influencia para esta decisão é a falta de mão de obra, que hoje é totalmente familiar. Becker frisa que nesta safra não plantou mais milho por falta de área, pois uma parte arrenda de terceiros. Toda a produção, desde o plantio até a colheita, é mecanizada.

Unidade recebedora

• Na safra 2018/19, a unidade recebedora de grãos da Cooperativa Languiru, instalada em Linha Barbosa, recebeu 2.185.278 de quilos de grãos, sendo 90% de milho. Segundo o coordenador administrativo do Agrocenter e da unidade recebedora, Gilson Hollmann, o volume somente não foi maior porque o complexo entrou em funcionamento apenas no dia 1º de maio. Na safra 2019/20, a cooperativa pretende comprar entre 8 a 10 milhões de quilos de milho de produtores de diversos municípios dos vales do Rio Pardo, Jacuí e Caí, além da região Carbonífera.

INCENTIVOS

  • Segundo o secretário de Desenvolvimento Rural, André Kaufmann, depois do aumento da área nos últimos anos, na safra passada a soja perdeu um pouco de espaço e os produtores voltaram a plantar o milho na resteva do tabaco.
  • O titular da pasta ressalta que uma das políticas públicas trabalhadas pela Administração foi trazer uma empresa para a compra do cereal, no caso a Cooperativa Languiru. O milho estava perdendo espaço para a soja porque havia empresas na região que compravam a oleaginosa. “Queremos reverter isto com a vinda da Cooperativa Languiru, além de proporcionar uma maior rentabilidade aos produtores”, esclarece.
  • O próximo projeto que será trabalhado pela secretaria será a melhoria dos solos, visando aumentar a produtividade das lavouras em qualquer cultura. Por isso, serão contratados os técnicos agrícolas, adquirido um caminhão para o transporte de dejetos e haverá a instalação da fábrica de calcário Fida.
  • “Esta é a competência do poder público e é isto que estamos fazendo”, salienta Kaufmann. Ele acrescenta que os produtores serão incentivados a plantar o milho cedo, pois muitas vezes seguram o cereal na lavoura. Agora, contando com o complexo de recebimento da cooperativa, é possível deixarem estocado o produto para barganhar um preço melhor na venda.

Área mantida nas últimas duas safras

Segundo o chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, há cinco anos a área com o cereal no município somava em torno de 15,5 mil hectares entre safra – em torno de 7,3 mil hectares – e safrinha, plantada sobre a resteva do tabaco e que somava cerca de 7,2 mil hectares. Mas, há três anos, reduziu para 13,5 mil hectares e, depois, para 12 mil hectares, que se mantiveram nas duas últimas safras. A área será mantida na safra 2019/20. Entre os fatores para a diminuição, Fin salienta que parte desta área foi sendo transferida para a soja, que começou a ocupar cerca de 350 a 400 hectares na área do tarde e mais de 1,5 mil hectares no milho do cedo.

Há uma incógnita no ar, pois o tabaco sendo retirado cedo da lavoura, poderia entrar a soja como safra normal. Com isso, há ainda um risco de se perder um pequeno percentual desta área do milho para a oleaginosa, o que não deve passar de 5% a 8%. “Isto ocorre porque o milho está valorizado no mercado. Se o produtor fosse pedir uma dica do que deve fazer, fica difícil definir, porque também estão sendo feitos os contratos para a soja, com venda futura a um preço de até R$ 85 a saca. Significa que ela também vai continuar em alta. Porém, o milho a R$ 42, R$ 42,50 a saca, é uma boa lucratividade”, destaca Fin.

Ele afirma que a tendência para o mês de dezembro é de chuvas praticamente normais, um pouco abaixo da média nos meses de janeiro e fevereiro. “E isto, às vezes, influencia na decisão do produtor”, conclui.

  • A comercialização do milho da última safra ficou em torno de 45 mil toneladas. O restante é utilizado pelos produtores para alimentação dos animais das propriedades.

• A produtividade esperada para a atual safra é de 7,1 toneladas por hectare, porém isso vai depender muito do clima. Até o momento, está favorável: o milho do cedo já está 85% plantado, no emborrachamento e estágio final de deposição de grãos e 15% estão no estágio inicial de plantio.

• Venâncio Aires é o terceiro maior produtor de milho do estado e quarto em área.

 

    

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