“Se Deus não manda chuva, a gente faz chover”. A afirmação da agricultora familiar Neusa Borre, moradora de Linha Tangerinas, resume bem a agonia que os produtores rurais estão vivendo nos dois últimos meses em função da falta de chuva que já vem prejudicando sensivelmente as principais culturas de verão, principalmente o milho intermediário, a soja safra e o tabaco, que literalmente está ‘torrando’ com o sol forte e o calor em excesso. Além disso, não permite que os produtores possam plantar o milho na resteva do tabaco e nem a soja safrinha.
Para amenizar a ausência da umidade para o desenvolvimento do milho, muitos produtores estão se valendo do sistema de irrigação, como é o caso da família Borre. O cereal foi plantado em meados de outubro e ocupa em torno de 2,5 hectares. Segundo o marido de Neusa, Hélio, estaria no pendoamento e deposição de grãos se o clima fosse normal. “Se ocorrerem chuvas normais ainda hoje (ontem) ou, no máximo, nos próximos dias, há uma possibilidade do milho ainda produzir algo. Do contrário, não vai produzir nada e nem vai servir para cortar para silagem”, afirma.
Borre acrescenta que o equipamento de irrigação foi adquirido há alguns anos em parceria com o vizinho, Sérgio Eichelberger, sendo esta a segunda vez em que ele é utilizado. A primeira foi há alguns anos nas lavouras de tabaco. “Pode até ser considerado um investimento de alto custo, por ser pouco usado, mas ajuda a resolver o problema da falta de umidade para as principais culturas de verão, como está ocorrendo agora. É de muita utilidade, pois estou irrigando todos os dias”, esclarece.
ORIENTAÇÕES
“O produtor precisa seguir algumas recomendações para ter sucesso com o sistema”, recomenda o extensionista rural do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Alexandre Kreibich. Ele explica que irrigar é fornecer água em quantidade e no momento certo para atender as necessidades das plantas. “O solo é o melhor depósito de água para suprir as necessidades das plantas”, completa.
Para armazenar mais água é preciso, segundo Kreibich, manter o solo descompactado para melhorar a infiltração; fazer a rotação de culturas; utilizar a adubação verde para melhorar o teor de matéria orgânica e a sua estrutura; manter o solo coberto com palha para diminuir a evaporação e reter a umidade; e realizar curvas de nível e construir terraços para evitar a erosão e aumentar a infiltração de água.
APROVEITAMENTO
Kreibich reforça o motivo do uso da irrigação: para evitar o déficit hídrico (falta de água) em determinados períodos de desenvolvimento da planta; garantir e aumentar a produção, a produtividade e a renda da propriedade; e evitar o risco de perdas de produção por estiagem. “Para irrigar é necessário utilizar o sistema mais adequado às condições da propriedade e da lavoura, considerando o relevo, a disponibilidade de água, o tamanho da lavoura, o tipo de cultura, a mão de obra e o tipo de solo”, orienta.
“A irrigação garante produtividade e atende às necessidades das plantas”.
ALEXANDRE KREIBICH – Extensionista rural do escritório municipal da Emater/RS-Ascar
SAIBA MAIS
- Alexandre Kreibich explica que há diversos tipos de irrigação, mas os mais utilizados na região são a por aspersão convencional; por gotejamento; por microaspersão; e a de superfície por inundação.
- Quando bem planejada e executada, segundo Kreibich, a irrigação aumenta a produção agrícola, melhora a qualidade e padronização dos produtos, bem como diminui custos de produção e viabiliza maior rentabilidade.
- Para se fazer irrigação é necessário reservar água em açudes e ou cisternas. Os excedentes de água ocorrem normalmente nos meses de inverno e a escassez ocorre nos meses do verão. “Então, amigo produtor, é importante construir seu açude ou sua cisterna para garantir água para seus animais e para a irrigação”, reforça o extensionista rural da Emater/RS-Ascar.