Até a segunda-feira, um atendimento antirrábico por dia já havia sido registrado junto à Vigilância Epidemiológica de Venâncio Aires neste ano. Somente no ano passado, 249 pessoas foram atendidas pelas unidades de saúde do município e encaminhadas ao setor responsável para acompanhamento. A raiva é conhecida por ser uma doença viral oriunda de mamíferos e, geralmente, é disseminada através da mordida de um animal infectado.
A enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Carla Lili Müller, explica que a transmissão da doença aos humanos ocorre quando acontece mordedura, arranhadura ou lambedura de um animal contaminado com o vírus da raiva. A mordida é considerada a forma mais fácil para adquirir o vírus da raiva.
Na área urbana, a transmissão mais comum ocorre através de acidentes com cães e gatos. No meio rural, a contaminação pode ser por meio dos mamíferos silvestres (graxaim, bugio), mamíferos de produção (bois, vacas, cavalos e etc) e rato silvestre. Carla Lili explica que o risco de transmissão de raiva é baixa em camundongos e ratos de esgoto.
Os atendimentos antirrábicos costumam ser feitos no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou postos de saúde e, posteriormente, são encaminhados ao setor da Epidemiologia.
OBSERVAÇÃO
Sempre que um cão ou gato arranha, morde ou até lambe uma área com lesão aberta, é preciso buscar atendimento médico. Isso porque, se o animal estiver com o vírus da raiva, poderá ser transmitido nesse momento. A primeira conduta a ser tomada em situações como essa é manter o animal vivo para que ele possa ser observado por dez dias, pois caso esteja raivoso, acabará morrendo neste período. “Quando o cão ou gato morre (por qualquer motivo ou até ser morto) o cérebro é encaminhado para análise e, se positivo para vírus de raiva, a pessoa arranhada, mordida ou lambida, recebe soro e vacina antirrábica”, pontua Carla Lili.
A enfermeira também explica que para conseguir o soro e a vacina é preciso notificar a Secretaria de Saúde do Estado, explicando as circunstâncias do acidente antirrábico para haver liberação do medicamento. “O vírus da raiva fica na porta de entrada por 18 dias. Somente a partir disso começa a se deslocar em direção ao sistema nervoso central, iniciando o processo da doença propriamente dita. Portanto, temos tempo de tomar todas as providências cabíveis”, diz.
SINTOMAS
Os primeiros sintomas de raiva em humanos podem ser semelhantes à gripe, quando a pessoa sente mal-estar, febre ou dor de cabeça. Além disso, pode ocorrer um desconforto ou parestesia (sensações cutâneas subjetivas a frio, calor, formigamento, pressão) no local da mordida. Os sintomas podem progredir para disfunção cerebral, ansiedade, confusão e agitação, evoluindo até o delírio, comportamento anormal, alucinações, hidrofobia e insônia. Depois que esses sinais aparecem, a doença é quase sempre fatal. A prevenção da raiva se dá através da vacinação.
SORO X VACINA
- Soro é a defesa pronta, tem a função de inativar o vírus. Possui efeito imediato.
• A vacina induz no sistema imunológico a produção de anticorpos contra o vírus da raiva. O efeito começa a ser percebido entre 10 e 15 dias após a aplicação.
RAIVA BOVINA
Em março de 2019, três animais bovinos morreram em decorrência da raiva bovina. De acordo com o veterinário da Inspetoria Veterinária de Venâncio, Antônio Borges Werner, os animais bovinos costumam dar mais sinais em relação ao comportamento quando estão com o vírus da raiva. Diferente de cães e gatos que são observados dentro de um período. No caso dos bovinos, se o animal vem a falecer é coletado o cérebro e enviado para análise no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor. “Nessa situações, verificamos quem é a pessoa que tinha contato com tal animal e, então, encaminhamos para que essa pessoa receba todos os cuidados necessários”, ressalta. A orientação do veterinário é que sejam usadas luvas para proteger de qualquer contato com o animal quando houver suspeita.
Werner reforça que é de extrema importância a vacinação antirrábica nos animais bovinos. “Se o animal estiver com a imunidade boa e as vacinas em dia, pode acontecer de não ser contaminado pelo vírus”, pontua. No entanto, ele ressalta que sempre que acontecem alguns casos no interior, ocorre uma mobilização dos proprietários de bovinos para vacinar, mas é interessante que, independente de casos de raiva ou não, a vacinação ocorra anualmente.