Em nota encaminhada aos funcionários e corpo clínico – à qual a reportagem da Folha do Mate teve acesso -, a direção do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) diz que “é entendimento pacificado” não ser este o melhor momento para o início das obras da UTI Neonatal. No documento, a direção deixa claro que a intenção é concentrar todos esforços possíveis na recuperação financeira da casa de saúde e ainda defende que a implementação da unidade para recém-nascidos é importante “para um futuro breve”.
O comunicado, no qual consta o nome do presidente Luciano Spies, informa que o posicionamento já foi levado à Administração de Venâncio Aires, em reunião ocorrida no dia 2 de janeiro. Salienta ainda que o Poder Executivo teria compreendido a postura da direção da instituição e manifestado que manteria o comprometimento com o hospital, inclusive analisando a possibilidade de adiantar, pelo menos, parte dos recursos de emendas parlamentares previstas para 2020 em benefício da UTI Neonatal do HSSM.
O presidente afirma que o entendimento é semelhante ao expressado pelos médicos Paulo Abrahão e Guilherme Fürst Neto, diretores clínico e técnico da casa de saúde, respectivamente, e ainda pela médica Jacqueline Abel Balestrin Froemming, presidente da Associação Médica de Venâncio Aires (AMVA). Em nota de esclarecimento publicada na edição de terça-feira, 7, da Folha do Mate, eles alertam para a “preocupação diante da notícia vinculada pela imprensa local do início das obras da UTI Neonatal nas dependências do HSSM”. Os profissionais destacam a necessidade de recuperar o equilíbrio financeiro da instituição e manter as áreas físicas já existentes, para afastar o “risco de o HSSM fechar as portas”.
ARRUMAR A CASA
De acordo com Spies, “precisamos arrumar a casa, para depois começarmos um serviço novo”. Ele antecipa que, nos próximos dias, direção e Comissão de Apoio à Gestão Administrativa, Financeira e Operacional do Hospital São Sebastião Mártir devem apresentar uma prestação de contas dos 90 dias de atividades. “Conseguimos cumprir boa parte das metas de economia. Agora vamos atrás das metas estipuladas para a complementação de receitas”, comenta. A data da apresentação ainda não foi definida, pois há integrantes da equipe de trabalho que estão em férias. “Queremos a presença de todos”, argumenta Spies.
“A situação é de conhecimento da Administração, que entendeu nosso posicionamento e prometeu analisar uma forma de colaborar no sentido de antecipação de recursos. Também temos emendas a receber em 2020 e há condições de fazer a compensação.”
LUCIANO SPIES – Presidente do Hospital São Sebastião Mártir
“Não podemos dar calote na comunidade”
Na manha dessa quinta-feira, 9, em entrevista à Rádio Terra FM 105.1, o prefeito Giovane Wickert afirmou que as manifestações da direção do hospital e dos médicos são “legítimas” e assegurou que o Município não medirá esforços para colaborar com a instituição, mas expressou preocupação com o adiamento do início das obras da UTI Neonatal, previstas para os primeiros meses de 2020. De acordo com ele, é preciso levar em consideração que “uma ação não impede a outra”, sinalizando que a recuperação financeira poderia ser encaminhada paralelamente à implementação da UTI Neonatal no hospital de Venâncio Aires.
Wickert disse ainda que teme pela utilização de recursos para outra finalidade – ainda que haja uma compensação posterior. “Não podemos dar calote na comunidade. Há campanha em andamento para o projeto da UTI Neonatal e as pessoas, empresas e deputados estão contribuindo para isso. A gente não pode queimar o filme”, disse. Ainda segundo o prefeito, quando foi deflagrada a campanha para a UTI Adulto do HSSM, também houve muitos questionamentos, mais ou menos como agora, que a situação financeira não é boa. “E, nem por isso, desistimos da unidade. Poderíamos não ter esta UTI hoje”, mencionou.
GESTÃO
O chefe do Executivo comentou que o hospital está conseguindo fazer a gestão necessária e já teria reduzido a despesa mensal em aproximadamente R$ 300 mil. Também declarou que a renovação de contratos com os municípios atendidos pode melhorar a entrada de recursos e ajudar no processo de busca pelo equilíbrio. “Não é da noite para o dia que vamos resolver, mas estamos no caminho. Não lembro de ouvir questionamentos em 2014, quando o hospital, já endividado, fez um empréstimo de cerca de R$ 1 milhão para comprar um imóvel que, hoje, tenta vender”, disse, se referindo a imóvel na rua Visconde do Rio Branco.
“Concordo que, antes de botar água no balde, precisamos conferir e consertar os pontos de vazamento. Mas também me preocupo com a desmobilização da comunidade, que abraçou esta campanha para a concretização da UTI Neonatal.”
GIOVANE WICKERT – Prefeito de Venâncio Aires
Para o prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert, é possível dar início ao projeto da UTI Neonatal ainda em 2020. Ele defende que a estrutura física seja o primeiro passo, para que em seguida venham os equipamentos e outros investimentos. “Vamos consolidando até que o Governo do Estado passe a fazer a regulação”, argumentou.
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